Trump ameaça enviar Guarda Nacional a Chicago numa nova ofensiva contra o que ele chama de “crime fora de controle”, apesar de dados oficiais apontarem queda nos homicídios na cidade nos últimos dois anos.
A declaração do ex-presidente veio após o feriado do Dia do Trabalho, quando 58 pessoas foram baleadas — oito delas fatalmente — em diferentes bairros. Trump citou esses números ao dizer que tropas “entrariam” em Chicago, repetindo ações já adotadas em Los Angeles e Washington.
Trump ameaça enviar Guarda Nacional a Chicago, cidade resiste
Autoridades estaduais e municipais, ambas democratas, reagiram. O governador de Illinois, JB Pritzker, classificou a ideia como abuso de poder, enquanto o superintendente da Polícia de Chicago, Larry Snelling, lembrou que a Guarda Nacional “não tem poder de prisão” e que seria necessária coordenação complexa para qualquer atuação conjunta.
Segundo o Council on Criminal Justice, os homicídios na cidade caíram um terço entre janeiro e junho, em comparação com o mesmo período de 2023. Snelling acrescenta que, no ano passado, houve 125 assassinatos a menos e 700 vítimas de tiro a menos do que em 2022.
Apesar do recuo nas estatísticas, a violência ainda supera a média de outras metrópoles americanas. Em Bronzeville, onde sete pessoas foram feridas em um ataque a poucos metros da sede da Polícia, o técnico comunitário Rob White afirmou que a comunidade “não vê solução em militarização”. Ele, que orienta jovens pelo programa sem fins lucrativos Chicago CRED, defende mais investimento em prevenção.
Do outro lado da cidade, em Canaryville, a recepção é oposta. O morador Tom Stack, 68 anos, declarou “não ver a hora” da chegada das tropas para “acabar com os criminosos”. A divisão de opiniões reflete também cortes federais em programas de combate ao tráfico de armas, apontados por democratas como agravantes da crise.
A apreensão se estende às comunidades latinas. Em Little Village, onde vive a segunda maior população hispânica de Chicago, trabalhadores em greve pedem garantia contra eventuais batidas do ICE. O temor já levou organizadores a adiar o El Grito Chicago, tradicional festa da Independência do México.
Analistas lembram que quaisquer tropas precisam ser autorizadas pelo governo estadual. “Se tivéssemos mais policiais, ajudaríamos 100 %”, disse Snelling, reforçando que prefere reforço local a soldados federais.
Em meio à troca de acusações, a cidade aguarda o próximo passo de Trump, enquanto líderes comunitários insistem que “as verdadeiras tropas” são os moradores engajados em salvar suas próprias ruas.
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Crédito da imagem: Getty Images