Ranking completo das 8 séries de Taylor Sheridan: da lei na fronteira à corrupção urbana

O roteirista, produtor e diretor Taylor Sheridan ampliou, em poucos anos, um portfólio televisivo que vai do faroeste clássico ao suspense de espionagem. Oito projetos roteirizados levam sua assinatura direta como criador, showrunner ou produtor executivo e, juntos, formam um mosaico de estilos que compartilham temas de moralidade cinzenta, violência como ferramenta de poder e cenários arrebatadores. A seguir, estão esses títulos organizados do oitavo ao primeiro lugar segundo critérios de impacto narrativo, coesão temática e recepção evidenciada na própria obra.
8. Lawmen: Bass Reeves
Na oitava posição surge “Lawmen: Bass Reeves”, minissérie que coloca em foco um personagem histórico pouco explorado: o ex-escravizado que se tornou delegado federal Bass Reeves. Sheridan atua como produtor executivo ao lado de Chad Feehan, responsável pela condução criativa. David Oyelowo interpreta o protagonista com uma mistura de dignidade, sofrimento contido e determinação implacável. O enredo acompanha Reeves em território indígena, capturando foras-da-lei perigosos enquanto enfrenta a tensão racial do período pós-Guerra Civil.
Visualmente, a produção investe em planícies abertas e cidades fronteiriças cobertas por poeira e sombras, compondo um retrato áspero do Velho Oeste. O elenco de apoio amplia o conflito moral: Sherrill Lynn, vivido por Dennis Quaid, e Esau Pierce, de Barry Pepper, adicionam camadas de choque ético às caçadas do protagonista. Contudo, o formato limitado de série fechada comprime a narrativa, omitindo passagens da trajetória real de Reeves e abordando de modo tangencial dilemas raciais que marcaram sua vida. Apesar das lacunas, o projeto oferece um raro holofote a um agente da lei muitas vezes esquecido.
7. Lioness
“Lioness”, anteriormente conhecida como “Special Ops: Lioness”, ocupa a sétima colocação. Nesta incursão pelo universo da espionagem, Sheridan preserva sua predileção por personagens em zonas de sacrifício, mas troca chapéus de cowboy por dispositivos de vigilância. Zoe Saldaña assume o papel da agente da CIA Joe McNamara, responsável por conduzir a operação Lioness — programa que insere militares femininas em organizações terroristas. A novata Cruz Manuelos, interpretada por Laysla De Oliveira, precisa conquistar a confiança da filha de um financista extremista para desmontar o império do pai.
Produção arrojada, cenas de ação intensas e um tom sombrio aproximam a série de thrillers como “Sicario”, em contraste com aventuras globais mais fantasiosas. O roteiro questiona o custo psicológico da guerra clandestina e destaca a moralidade ambígua que circunda o patriotismo. Pacing irregular e recursos narrativos típicos de histórias de espiões, porém, por vezes enfraquecem o realismo pretendido. O elenco de primeira linha, que inclui Nicole Kidman, reforça a credibilidade de missões retratadas como exaustivas e nada glamorosas.
6. Landman
Lançada em novembro de 2024, “Landman” ainda está em fase inicial de exibição, mas já garante a sexta posição mediante o potencial demonstrado. A trama ambienta-se no oeste do Texas, onde o petróleo vale poder político e vidas humanas. Billy Bob Thornton veste a pele de Tommy Norris, executivo do setor energético pressionado por órgãos reguladores e pela presença de um cartel. Logo no começo, o choque entre crime organizado e interesses corporativos ganha corpo quando traficantes sequestram um jato executivo e o arremessam contra um petroleiro, instaurando caos jurídico e financeiro.
Enquanto enfrenta disputas de conselho e ameaças de pistoleiros, Norris lida com conflitos pessoais, entre eles a relação conturbada com a ex-esposa Angela, papel de Ali Larter. Sheridan cocriou a série com Christian Wallace e alterna drama intenso e humor abrupto, abrindo múltiplas linhas narrativas que podem soar vertiginosas. Ainda assim, diálogos afiados e o carisma de Thornton mantêm o fio condutor, oferecendo vislumbres de reuniões corporativas e bastidores de acordos ilícitos onde fortunas e reputações se erguem ou desabam.
5. 1923
No quinto lugar, “1923” expande o universo de “Yellowstone” ao avançar cerca de quatro décadas em relação a “1883”. Jacob Dutton, interpretado por Harrison Ford, e Cara Dutton, vivida por Helen Mirren, administram um rancho em Montana nos anos que sucedem a Primeira Guerra Mundial. Os filhos Spencer e John mergulham em disputas com barões do gado, criadores de ovelhas e empecilhos econômicos que acompanham a transição para a modernidade.
O arco paralelo de Teonna Rainwater, personagem de Aminah Nieves, centra-se na fuga de um internato católico cuja missão é assimilar à força jovens indígenas. A fotografia converte as planícies de Montana em coadjuvante, valorizando relevos e luz natural. Temas como Lei Seca, direitos das mulheres, opressão contra nativos e industrialização reforçam o pano de fundo histórico. Em contrapartida, a série incorpora subtramas que se multiplicam ao ponto de dispersar a atenção, e diálogos por vezes soam como lições morais explícitas. Mesmo com esses desvios, a produção mantém vigor dramático, impulsionada por interpretações carismáticas.
4. Mayor of Kingstown
“Mayor of Kingstown” desponta em quarto. O drama urbano acompanha Mike McLusky, interpretado por Jeremy Renner, que herda o papel extraoficial de mediador — o “prefeito” — em uma cidade cuja economia gira em torno do complexo prisional local. Corrupção policial, gangs rivais e tensão carcerária formam uma cadeia de dependências que McLusky tenta equilibrar para evitar colapsos violentos.
Dianne Wiest, Hugh Dillon, Tobi Bamtefa e Kyle Chandler integram o elenco e reforçam a atmosfera opressiva. A narrativa descreve um ecossistema onde cada solução gera um problema ainda maior, e onde conceitos claros de herói ou vilão se dissolvem em zonas morais nebulosas. A tonalidade sombria se mantém sem quase nenhum alívio, e monólogos diretos explicitam o tema de cada episódio. Ainda assim, a performance contida de Renner e a dissecação do pacto tácito entre sistema prisional e sociedade tornam a série impactante.
3. Tulsa King
O pódio inicia com “Tulsa King”, terceira colocada e ponto fora da curva na filmografia de Sheridan pela leveza relativa. Aqui, a violência característica aparece temperada com humor de choque cultural. Sylvester Stallone encarna Dwight “The General” Manfredi, caporegime da máfia de Nova York que, após 25 anos encarcerado, é exilado pela própria família para Tulsa, Oklahoma. A missão: erguer um novo esquema dentro de um cenário criminal que ele mal reconhece, agora dominado por celulares, aplicativos e mudanças de código de honra.
Jay Will assume o papel do jovem motorista que se torna protegido de Dwight, enquanto Martin Starr interpreta um traficante de cannabis sarcástico e adepto de tecnologia. Participações como a do cantor Jelly Roll agregam cores adicionais. O ritmo é acelerado e intercala momentos de ternura, humor e violência em doses equivalentes, gerando uma experiência distinta dentro do catálogo de Sheridan.
2. 1883
Na vice-liderança encontra-se “1883”, western que serve como gênese da saga Dutton. A família parte do Texas rumo ao Oregon em busca de terras promissoras, enfrentando inclemências da natureza, assaltantes, conflitos com indígenas, doenças e mortalidade à flor da pele. Tim McGraw e Faith Hill interpretam James e Margaret Dutton, ancestrais de John Dutton, personagem central de “Yellowstone”.
A série, composta por dez episódios enxutos, recusa romantizar a colonização. Cada jornada expõe a brutalidade do caminho e a vulnerabilidade humana diante de um território inóspito. Elsa Dutton, vivida por Isabel May, protagoniza arco de amadurecimento que confere alma à narrativa, passando de sonhadora a sobrevivente calejada. A direção de arte realça lama, poeira e sangue para enfatizar o custo da expansão rumo ao oeste.
1. Yellowstone
O primeiro lugar permanece com “Yellowstone”, título que inaugurou o “Sheridan-verso” televisivo e se consolidou como vitrine dos temas prediletos do autor: propriedade, violência como ferramenta de sobrevivência e política nos bastidores. Kevin Costner dá vida a John Dutton, patriarca que protege o maior rancho contíguo dos Estados Unidos. Ao redor dele orbitam Beth Dutton (Kelly Reilly), Kayce Dutton (Luke Grimes), Jamie Dutton (Wes Bentley) e o fiel capataz Rip Wheeler (Cole Hauser).
Marcada por embates legais, acordos com governantes e choques com corporações que cobiçam as terras da família, a série alterna entre drama familiar, thriller político e ações de justiceiro, incluindo confrontos armados, ataques de animais selvagens e alianças improváveis. Observadores apontam que a força da narrativa atingiu o ápice por volta da terceira e quarta temporadas, mas mesmo com desvios para disputas internas e sequências de violência grandiosa, o programa nunca deixou de cativar o público.
A influência de “Yellowstone” extrapola sua história, pois viabilizou prequelas, sequências e séries derivadas, além de abrir caminho para as demais produções deste ranking. O resultado é um ecossistema ficcional que une espectadores interessados tanto em dramas rurais quanto em reflexões sobre poder, tradição e legado.

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