Intoxicação em merenda escolar na Indonésia afeta 1.074

Intoxicação em merenda escolar voltou a preocupar a Indonésia: entre segunda e quarta-feira, 1.074 alunos de Cipongkor, na província de Java Ocidental, adoeceram após consumir o almoço gratuito oferecido pelo governo.

Os estudantes relataram dores abdominais, tontura, náusea e, em alguns casos, falta de ar. A chefe do Centro de Saúde Comunitária local, Yuyun Sarihotima, confirmou os números e informou que as refeições incluíam frango ao molho de soja, tofu frito, verduras e frutas.

Intoxicação em merenda escolar na Indonésia afeta 1.074

O episódio se soma a outro surto registrado na semana passada, quando 800 crianças de Java Ocidental e de Sulawesi Central também apresentaram sintomas de intoxicação. Desde janeiro, a Agência Nacional de Narcóticos contabiliza 4.711 casos ligados ao programa de refeições gratuitas, enquanto a ONG Rede de Monitoramento da Educação aponta 6.452 vítimas.

Lançado em janeiro, o programa “refeições nutritivas” é a principal promessa do presidente Prabowo Subianto: servir almoço a 80 milhões de alunos e combater o déficit nutricional infantil. O orçamento deste ano supera US$ 10 bilhões, valor que especialistas comparam, por exemplo, aos US$ 1,5 bilhão anuais que a Índia gasta para atender 120 milhões de estudantes.

Dadan Hindayana, chefe da Agência Nacional de Nutrição, atribuiu o surto anterior a “falha técnica” da unidade de distribuição SPPG, agora suspensa em Cipongkor. Mesmo assim, o ministro-coordenador Muhaimin Iskandar afirmou que “não há planos de paralisação” do programa.

Entidades civis defendem a suspensão temporária e a revisão do projeto. Ubaid Matraji, coordenador nacional da JPPI, solicita que o governo declare surto oficial para acelerar investigações e proteção às crianças. Há ainda proposta de repassar os recursos diretamente às famílias, medida rejeitada pelo governo.

Programas de alimentação escolar costumam melhorar frequência e desempenho, mas precisam cumprir padrões rígidos de segurança alimentar. Segundo a Organização Mundial da Saúde, práticas inadequadas de preparo são a principal causa de surtos em larga escala.

Enquanto investigações prosseguem, autoridades locais classificaram o caso como “evento extraordinário” para mobilizar atendimento rápido. A expectativa é que laudos laboratoriais indiquem se houve contaminação por ingredientes vencidos, como já ocorreu em incidentes anteriores.

O avanço das apurações e eventuais mudanças no programa serão decisivos para garantir refeições seguras e preservar o capital político de Prabowo, cujo índice de aprovação chegou a 80% nos primeiros 100 dias de mandato.

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Crédito da imagem: Getty Images