ICE amplia arsenal de inteligência artificial para vigiar imigrantes e opositores políticos nos Estados Unidos

ICE amplia arsenal de inteligência artificial para vigiar imigrantes e opositores políticos nos Estados Unidos

O Serviço de Imigração e Controle de Alfândega dos Estados Unidos (ICE) reforçou, nas últimas semanas, a utilização de plataformas de inteligência artificial, rastreamento biométrico e ferramentas de análise de dados para localizar imigrantes sem documentação e acompanhar grupos classificados pelo governo federal como extremistas. A expansão tecnológica ficou evidente após a agência assinar contratos que, apenas em setembro, somaram 1,4 bilhão de dólares, o maior desembolso mensal em quase duas décadas.

Índice

Quem conduz a operação e qual a motivação oficial

O ICE, responsável pela detenção e deportação de estrangeiros em situação irregular, lidera a iniciativa. O diretor interino Todd M. Lyons afirma que a prioridade recai sobre identificar líderes e “agitadores profissionais”, seguindo determinação do então presidente Donald Trump, que, no fim de setembro, classificou o movimento Antifa como organização terrorista doméstica. A decisão presidencial foi acompanhada da orientação para que órgãos federais investigassem o financiamento e a liderança do grupo.

Quando, onde e com que abrangência a vigilância foi ampliada

Os novos contratos foram firmados ao longo de setembro, período em que a agência consolidou acordos com vários fornecedores de tecnologia. As soluções adquiridas serão implantadas em território norte-americano para apoiar operações de campo, centros de comando e iniciativas de coleta de dados online. Segundo o Washington Post, esse volume de contratações não era registrado havia pelo menos 18 anos, indicando um estágio inédito de automação e de amplitude nas atividades de fiscalização migratória e de monitoramento interno.

Como a agência estruturou o arsenal tecnológico

Sete núcleos de tecnologia compõem o novo repertório do ICE:

1. Reconhecimento facial Clearview AI – O software cruza fotos e vídeos com banco de imagens públicos para identificar indivíduos.

2. Escaneamento de íris BI2 Technologies – Dispositivo móvel que confirma identidades em campo, capturando padrões únicos da íris.

3. Plataforma Graphite da Paragon Solutions – Ferramenta capaz de acessar smartphones sem a anuência do usuário, permitindo leitura de mensagens, fotografias e dados de localização, mesmo em aplicativos criptografados.

4. ImmigrationOS da Palantir – Sistema de rastreamento que combina informações sobre status migratório, histórico de entradas e saídas do país e possíveis indícios de autodeportação.

5. Drones Skydio X10D – Aeronaves não tripuladas aptas a filmar manifestações ou ações de campo, fornecendo vídeo em tempo real para as equipes de aplicação da lei.

6. Pacote Tangles e Weblocs da Penlink – Soluções de análise de dados que reúnem informações de redes sociais, dark web e geolocalização de telefones celulares, sem necessidade de mandado judicial, de acordo com o jornal.

7. Centro de monitoramento de redes sociais – Estrutura voltada a identificar postagens de ativistas, mapear agendamentos de protestos e localizar participantes potencialmente visados pelas forças federais.

Por que a inteligência artificial se tornou pilar da estratégia

A aplicação de algoritmos avançados responde ao objetivo de acelerar a identificação de alvos e reduzir o tempo de investigação. Ferramentas de reconhecimento facial e de análise de grandes volumes de dados permitem ao ICE rastrear, em minutos, movimentações antes verificadas manualmente. A agência sustenta que a adoção desses recursos eleva a segurança pública, pois amplia a capacidade de interromper supostas atividades criminosas ligadas à imigração irregular ou a protestos considerados violentos.

Repercussão política e preocupações de direitos civis

Parlamentares e organizações de defesa das liberdades civis expressam receio de que a nova infraestrutura sirva para vigiar cidadãos que exercem o direito constitucional de protestar. O senador Ron Wyden, do estado do Oregon, alerta que o uso de spyware e drones pode ultrapassar limites legais, alcançando opositores políticos sem indícios concretos de crime. Grupos de defesa dos imigrantes também temem que a classificação de “extremista” funcione como justificativa para ampliar o cerco a pessoas em situação migratória vulnerável.

Interseção entre imigração e combate a extremismo

A orientação presidencial que vinculou o Antifa ao terrorismo doméstico criou, na prática, uma ponte entre políticas migratórias e estratégias de contraterrorismo. Ao prometer “rastreamento de dinheiro” e investigação de lideranças, Lyons indica que ferramentas inicialmente destinadas ao controle de fronteiras podem ser estendidas a monitorar manifestações políticas. Críticos consideram esse entrelaçamento de finalidades um risco adicional de abuso de poder estatal.

Ferramentas que extrapolam a fronteira física

Embora parte dos equipamentos, como leitores de íris, seja empregada em operações de campo, uma fração relevante dos contratos envolve coleta remota de informações. A Penlink, por exemplo, integra dados de redes sociais e localizadores de celular, dispensando a presença de agentes no local. Da mesma forma, a Clearview AI pode mapear perfis apenas a partir de imagens disponíveis na internet, ampliando o alcance da vigilância para além dos pontos de entrada no país.

Evolução recente do aparato de monitoramento

Nos últimos anos, o ICE vem incorporando tecnologias de rastreamento biométrico e análise automatizada. Casos noticiados incluem o uso de torres de celular falsas para identificar aparelhos de imigrantes e a adoção de aplicativos que exibiam localização de agentes, posteriormente removidos de lojas virtuais. A tendência atual consolida esse histórico e adiciona novas camadas de automação, potencializadas por recursos de aprendizado de máquina.

Argumentos apresentados pela agência

Um porta-voz do ICE sustenta que a pluralidade de tecnologias é indispensável para apurações criminais e para proteger a população. Segundo a agência, os sistemas contratados cumprem legislação vigente e passam por auditorias internas. O ICE afirma ainda que suas equipes reúnem “alguns dos melhores agentes especiais” e que o foco permanece nos casos que representem ameaça à ordem pública.

Temores de ampliação ilimitada da vigilância

Organizações de defesa de direitos civis receiam que a ausência de mandados judiciais em parte das operações estabeleça precedente para coleta indiscriminada de dados. O monitoramento de redes sociais, aliado ao cruzamento de informações biométricas, poderia resultar em perfis detalhados de indivíduos que não são alvo de investigações formais. Há também apreensão quanto ao acesso a smartphones sem autorização dos usuários, considerado invasão de privacidade por juristas críticos.

Dimensão financeira e projeção futura

Os 1,4 bilhão de dólares contratados em setembro representam o maior investimento mensal em vigilância digital pelo ICE desde 2005, marco inicial da série histórica consultada pelo Washington Post. O valor sugere continuidade na expansão de tecnologias de inteligência artificial, consolidando um mercado que envolve fornecedores de softwares, hardware biométrico e serviços de análise de dados. À medida que os contratos avancem, o monitoramento de imigrantes e de manifestantes tende a se tornar mais integrado e automatizado.

Com o novo arsenal, a agência dispõe de ferramentas que associam coleta biométrica, rastreamento eletrônico e sobrevoo autônomo de áreas de interesse, configurando uma rede de observação que se estende das fronteiras físicas às plataformas virtuais. Enquanto o ICE defende o pacote como resposta necessária à segurança nacional, parlamentares e entidades civis persistem em questionar a compatibilidade dessas práticas com direitos individuais previstos na Constituição dos Estados Unidos.

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