Escritório da Embraer em Nova Delhi amplia cooperação aeroespacial entre Brasil e Índia

A Embraer inaugurou em 17 de novembro um novo escritório em Nova Delhi, capital da Índia, consolidando dois objetivos complementares: reforçar o intercâmbio tecnológico com o mercado indiano e ampliar a presença da fabricante brasileira em todas as suas frentes de negócio. A instalação, localizada no complexo Aerocity, foi concebida para atender Aviação Comercial, Aviação Executiva, Defesa & Segurança, Serviços & Suporte e Mobilidade Aérea Urbana, áreas nas quais a empresa já atua globalmente.

Localização estratégica e data da abertura

O escritório ocupa espaço no Aerocity, zona empresarial próxima ao Aeroporto Internacional Indira Gandhi. A escolha desse ponto permite acesso rápido a autoridades governamentais e clientes corporativos. A inauguração ocorreu em 17 de novembro, reforçando um calendário de iniciativas que a companhia vem desenvolvendo na Ásia desde o início dos anos 2000.

Objetivos centrais da expansão

Quem: A iniciativa é liderada pela Embraer e sua subsidiária indiana.
O quê: Instalação de um centro operacional multifuncional.
Quando: Inaugurado em 17 de novembro.
Onde: Aerocity, Nova Delhi.
Como: Formação de equipes locais em compras, cadeia de suprimentos e engenharia.
Por quê: Ampliar a autossuficiência do setor aeroespacial indiano e intensificar parcerias de longo prazo.

Segundo a companhia, o espaço funcionará como eixo de operações no país, permitindo contratações em áreas corporativas e especializadas. Ao mesmo tempo, a proximidade física com parceiros indianos facilita interações com clientes, fornecedores e órgãos governamentais, essenciais para projetos de defesa e transporte comercial.

Sintonia com programas nacionais indianos

A Embraer menciona a convergência da nova base com as políticas Atmanirbhar Bharat e Make in India, voltadas à autossuficiência industrial. Ao expandir sua estrutura local, a companhia reforça o elo com a cadeia de suprimentos aeroespacial do país, contribuindo para a meta indiana de se tornar um polo global de aviação.

Duas décadas de atuação no mercado indiano

O relacionamento entre Embraer e Índia começou em 2005, com a entrega dos primeiros E-Jets. Atualmente, cerca de 50 aeronaves da fabricante, distribuídas em 11 modelos, operam no país. A frota atende à Força Aérea Indiana, operadores governamentais, companhias de jatos executivos e a empresa aérea regional Star Air. Esse histórico pavimentou o caminho para a instalação em Nova Delhi.

Oferta do cargueiro C-390 Millennium

No segmento militar, a Embraer apresenta o C-390 Millennium como candidata ao programa de Aeronaves de Transporte Médio da Força Aérea Indiana. Caso selecionado, o contrato poderá tornar-se o maior acordo de exportação da empresa, ampliando ainda mais a cooperação entre os dois países no campo de defesa.

Presença de autoridades brasileiras

O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, participou da inauguração. A delegação brasileira reuniu representantes de 20 setores econômicos, sinalizando a dimensão governamental atribuída ao projeto. No mesmo evento, Brasil e Índia acordaram elaborar um cronograma para ampliar o atual Acordo de Comércio Preferencial Mercosul–Índia, considerado limitado pela cobertura de apenas 450 categorias de produtos.

Alvos para o comércio bilateral

A meta proposta pelo governo brasileiro é elevar o intercâmbio comercial para US$ 15 bilhões em 2025 e US$ 20 bilhões em 2026. Para atingir esses números, os dois lados pretendem ampliar a lista de produtos contemplados e aprofundar as preferências tarifárias, que hoje variam entre 10% e 20%. Outra medida anunciada foi a implantação, na semana seguinte ao encontro, de visto eletrônico para negócios e consultorias, simplificando deslocamentos corporativos.

Acordos em energia e recursos naturais

No setor de petróleo, a Petrobras assinou contrato para exportar mais de 6 milhões de barris à Índia. A estatal brasileira também convidou empresas indianas a disputar blocos de exploração nas bacias de Campos e Santos, leilão previsto para o próximo ano pela Agência Nacional do Petróleo. Essas iniciativas reforçam a cooperação energética, paralela ao avanço aeroespacial.

Parceria em saúde e biotecnologia

Durante a mesma missão, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, formalizou acordo com a empresa indiana Biological E Limited. O documento estabelece colaboração em pesquisa e inovação voltada a vacinas virais e bacterianas da Fundação Oswaldo Cruz. Entre os projetos prioritários estão a vacina pneumocócica 24 valente, em fase de avaliação de eficácia e segurança, e a transferência de tecnologia para a vacina pneumocócica 14 valente. A produção nacional desses imunizantes deverá abastecer o Sistema Único de Saúde e ampliar a autonomia brasileira em biotecnologia.

Impacto na cadeia de suprimentos aeroespacial

A instalação do escritório em Nova Delhi cria um ponto de contato direto entre a Embraer e fornecedores locais, permitindo alinhamento de requisitos técnicos e logísticos. A empresa planeja incorporar talentos indianos nas áreas de engenharia e aquisição de componentes, estratégia que reduz prazos de entrega e custos operacionais. Além disso, a maior interação com clientes facilita o suporte pós-venda e a adaptação de produtos às necessidades regionais.

Integração com serviços e suporte

Ao incluir Serviços & Suporte na estrutura, a Embraer reforça atividades de manutenção, reparo e revisão de aeronaves já operacionais no país. Essa abordagem agrega valor à frota instalada, contribuindo para níveis mais altos de disponibilidade e redução de tempo de inatividade, metas alinhadas às exigências de companhias aéreas e operadores governamentais.

Sinergia entre defesa e indústria civil

Os acordos assinados durante a missão brasileira indicam que a cooperação não se restringe ao segmento militar. A interligação entre defesa, comércio e saúde demonstra um modelo que combina transferência de tecnologia com ampliação de mercado. Esse contexto favorece a Embraer, que atua em múltiplas frentes e pode oferecer soluções integradas de transporte, vigilância e logística, além de sistemas para aviação executiva e regional.

Perspectivas de longo prazo

Com o novo escritório, a Embraer fortalece sua presença na Ásia meridional, região de crescente demanda por aeronaves de médio porte, jatos executivos e plataformas de defesa multifuncionais. Para a Índia, a parceria fornece acesso a tecnologias já testadas em missões civis e militares, ao mesmo tempo em que contribui para a política nacional de autossuficiência industrial. A combinação de investimentos privados, acordos governamentais e metas comerciais ambiciosas sustenta um ambiente propício à expansão conjunta do setor aeroespacial.