Eleição no Malawi entra na reta final, com os 9,5 milhões de eleitores do país prestes a decidir entre manter o presidente Lazarus Chakwera ou devolver o comando ao ex-chefe de Estado Peter Mutharika, que busca retomar o poder perdido em 2020.
Em meio a longas filas nos postos, apagões frequentes e um custo de vida que não para de subir, a campanha ficou menos exuberante do que em pleitos anteriores: há menos camisetas, outdoors e comícios, reflexo da escassez de recursos e da frustração popular.
Eleição no Malawi: Chakwera e Mutharika voltam a se enfrentar
O atual presidente pediu desculpas publicamente pelo desabastecimento de combustível e culpou supostos funcionários corruptos por “sabotar” o mercado de petróleo. A falta de gasolina impulsionou a venda clandestina do produto em garrafas plásticas, cobrando até cinco vezes o preço oficial.
A economia também pressiona: a inflação anual de alimentos excede 30%, enquanto a falta de divisas obriga importadores a recorrerem ao caro câmbio paralelo. O desemprego juvenil é agudo, cenário relevante porque cerca de metade dos eleitores tem menos de 35 anos.
Apesar desse peso demográfico, os dois principais aspirantes somam 155 anos. Chakwera, 70, aposta em políticas sociais, prometendo depositar 500 000 kwachas (US$ 290) em contas para cada criança nascida após a eleição, verba acessível aos 18 anos. Mutharika, 85, percorre vilarejos defendendo a memória de “tempos melhores” sob sua gestão.
Em comício na região de Machinga, agricultores clamaram por fertilizante, cuja alta de preço—seis vezes superior a 2019—reduz a produção de subsistência. Chakwera afirma que rivais manipulam o mercado do insumo e garante um programa de subsídio a partir do próximo mês.
Para muitos jovens, a escolha permanece difícil. “Votamos várias vezes e nada mudou”, diz Ashley Phiri, 35. Já a trabalhadora Monica Chinoko, 33, ressalta que o próximo presidente “precisa atacar o desemprego juvenil e a pobreza”.
Observadores internacionais alertam que a insatisfação com serviços básicos pode afetar a participação. Detalhes sobre o processo eleitoral e números atualizados estão disponíveis na cobertura da BBC África.
Às vésperas da votação, 17 candidatos disputam a presidência, além dos assentos parlamentares e dos conselhos locais. Caso nenhum postulante conquiste mais de 50% dos votos, está prevista uma segunda rodada.
Resultado das urnas à parte, a expectativa popular é simples: mais comida à mesa e combustível no tanque. Continue acompanhando análises sobre política internacional em nosso portal e mantenha-se informado.
Crédito: BBC / AFP via Getty Images
