Asteroide 433 Eros retorna para sobrevoo seguro e visível da Terra após 125 anos de descobertas

Asteroide 433 Eros retorna para sobrevoo seguro e visível da Terra após 125 anos de descobertas

Palavra-chave principal: asteroide 433 Eros

Índice

Retorno de um marco da astronomia

O fim de semana reserva um reencontro histórico entre a comunidade astronômica e o asteroide 433 Eros. Descoberto em 1898 e classificado como o primeiro objeto próximo da Terra já catalogado, o corpo celeste realiza nova aproximação no domingo, dia 30, atingindo cerca de 60 milhões de quilômetros do planeta. A distância, totalmente segura, é curta o suficiente para permitir observações nítidas com telescópios de abertura modesta durante várias semanas.

Quem, o que, quando, onde, como e porquê

Quem: o protagonista é o asteroide 433 Eros, rocha espacial medindo aproximadamente 34 quilômetros de comprimento, 11 quilômetros de altura e 11 quilômetros de largura.

O que: trata-se de uma passagem relativamente próxima da Terra, oportunidade rara para observação prolongada de um objeto que já desempenhou papel decisivo na pesquisa de asteroides.

Quando: o instante de maior aproximação ocorre no domingo, 30, mas a visibilidade se estende por algumas semanas, favorecida pela iluminação solar incidente no objeto.

Onde: no céu noturno, Eros ficará perceptível nas imediações do núcleo luminoso da galáxia de Andrômeda, ponto de referência para astrônomos amadores.

Como: telescópios de apenas 60 milímetros de abertura conseguirão captar o brilho do asteroide; quem preferir poderá acompanhar por transmissão on-line a partir das 17 h (horário de Brasília), oferecida pelo Virtual Telescope Project, em parceria com o Observatório Astronômico Bellatrix e a Fundação Asteroide.

Porquê: a órbita de Eros intersecta periodicamente a região próxima ao nosso planeta. Esta configuração orbital foi a mesma que, há mais de um século, permitiu sua descoberta e, décadas depois, possibilitou exploração detalhada por uma missão da NASA.

Contexto histórico da descoberta

Eros foi registrado independentemente por dois grupos de astrônomos em 1898. Na Alemanha, Gustav Witt e o assistente Felix Linke identificaram a rocha a partir do Observatório de Urânia, em Berlim. No mesmo período, Auguste Charlois, no Observatório de Nice, França, chegou à mesma conclusão. O número 433, que antecede o nome, indica a ordem de catalogação no cinturão principal, embora as subsequentes medições tenham comprovado que o objeto se desloca mais próximo da Terra do que da maioria dos asteroides clássicos.

Eros e a expansão do catálogo de objetos próximos

No momento em que a presença de Eros volta aos noticiários, o conjunto de asteroides que se aproximam da Terra ultrapassa a marca de 40 mil registros. Esse número evidencia a intensificação da busca e do monitoramento de corpos potencialmente perigosos ou cientificamente relevantes. Embora Eros nunca tenha representado ameaça de choque com o planeta, sua identificação pioneira abriu caminho para protocolos sistemáticos de observação que hoje sustentam essa contagem expressiva.

Detalhes físicos do asteroide

Com formato alongado, Eros apresenta dimensões que lembram um objeto elipsoide esticado: 34 quilômetros no maior eixo e cerca de 11 quilômetros nos demais. A refletividade moderada, aliada ao ângulo de iluminação solar durante a passagem atual, torna o corpo suficientemente brilhante para telescópios amadores. A rotação e a topografia foram mapeadas no final do século XX, fornecendo parâmetros de massa, densidade e distribuição de crateras que sustentam pesquisas comparativas com outros objetos rochosos.

Missão NEAR Shoemaker: proximidade sem precedentes

Em 1998, a agência espacial norte-americana lançou a sonda NEAR Shoemaker com o objetivo de examinar Eros de perto. Dois anos depois, em 14 de fevereiro de 2000, a espaçonave entrou na órbita do asteroide, coincidindo com a data conhecida em vários países como Dia dos Namorados — um simbolismo adicional para um corpo batizado segundo o deus grego do Amor. A altitude inicial de apenas 3 800 quilômetros permitiu medições de alta resolução sobre rotação, morfologia e composição química.

No ano seguinte, a sonda executou o primeiro pouso controlado já realizado em um asteroide. O contato com a superfície encerrou oficialmente a missão planejada, mas os instrumentos permaneceram operacionais. Esse período extra possibilitou o primeiro experimento de raios gama em um corpo celeste que não a Terra, demonstrando a viabilidade técnica de estudos in situ em ambientes com gravidade ínfima.

Visibilidade e orientação no céu

Durante as semanas seguintes à máxima aproximação, Eros será observado na direção da constelação de Andrômeda, proximamente ao centro brilhante da galáxia homônima. A referência facilita a localização, já que a galáxia M31 é um dos alvos mais fáceis de encontrar com binóculos ou pequenos telescópios no hemisfério sul. Uma abertura de 60 milímetros, comum em equipamentos de entrada, é suficiente para registrar o ponto luminoso do asteroide movendo-se lentamente noite após noite.

A velocidade angular relativamente baixa ocorre porque, apesar de a distância ser curta em termos astronômicos, 60 milhões de quilômetros ainda equivalem a mais de 150 vezes a separação média entre Terra e Lua. Essa escala garante segurança para o planeta e, ao mesmo tempo, cria condições ideais de rastreio, pois o deslocamento aparente não é rápido demais para amadores acompanharem.

Transmissão ao vivo como recurso educacional

A exibição promovida pelo Virtual Telescope Project às 17 h (Brasília) democratiza o acesso à observação, integrando imagens captadas na Itália a comentários técnicos em tempo real. Iniciativas do tipo ampliam a divulgação científica, permitindo que estudantes e entusiastas acompanhem eventos astronômicos sem depender de equipamentos próprios ou condições meteorológicas locais. A colaboração com a Fundação Asteroide reforça o caráter pedagógico, destacando a importância do monitoramento contínuo desses corpos celestes.

Impacto científico do retorno de Eros

Cada passagem de Eros oferece oportunidade adicional de comparar dados atuais com registros centenários. Variações no brilho, no período de rotação ou na trajetória podem indicar processos de desgaste, colisões menores ou efeitos gravitacionais cumulativos. Mesmo que nenhum desses fenômenos seja esperado em grande escala, medições periódicas sustentam modelos de dinâmica orbital utilizados para prever deslocamentos de milhares de outros objetos próximos à Terra.

Legado para missões futuras

Os êxitos obtidos pela NEAR Shoemaker sobre Eros estabeleceram parâmetros de engenharia e ciência que influenciaram todas as missões subsequentes voltadas a pequenos corpos, do pouso de sondas em cometas a projetos de coleta de amostras em asteroides. A comprovação de que instrumentos delicados podem operar após uma aterrissagem em gravidade quase zero embasou conceitos de exploração que hoje se repetem em diversos programas espaciais internacionais.

O valor de observar um “velho conhecido”

A aproximação atual permite que observadores contemplem não apenas um objeto rochoso, mas um capítulo vivo da história da astronomia. Identificado há quase 125 anos, Eros permanece relevante como referência para calibração de equipamentos, teste de modelos orbitais e inspiração para missões que visam compreender a origem e a evolução do Sistema Solar. Quem apontar o telescópio para ele nas próximas noites estará, portanto, revivendo a trajetória que conectou o primeiro asteroide próximo da Terra a um catálogo que já ultrapassa 40 mil registros e que continua crescendo.

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