Zelensky discute garantias de segurança com Starmer antes da cimeira Trump-Putin

O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, reuniu-se esta quarta-feira em Downing Street com o primeiro-ministro britânico, Sir Keir Starmer, numa altura em que Washington prepara um encontro decisivo entre Donald Trump e Vladimir Putin no Alasca. Segundo Zelensky, o diálogo em Londres centrou-se em garantias de segurança que possam sustentar um eventual cessar-fogo e salvaguardar a integridade territorial ucraniana.

Encontro em Downing Street

À chegada ao n.º 10, o chefe de Estado ucraniano foi recebido com guarda de honra e desfilou pela roseira de Downing Street ao lado de Starmer, num gesto de apoio político do Reino Unido. Apesar de não terem prestado declarações aos repórteres, Zelensky descreveu o encontro como «bom e produtivo» nas redes sociais.

Entre os temas abordados estiveram um futuro Acordo de Parceria de Cem Anos entre Kiev e Londres, cuja ratificação é esperada ainda este mês, bem como novos projectos de cooperação em drones e outras plataformas de defesa. A Ucrânia procura reforçar a sua capacidade militar enquanto decorrem esforços diplomáticos para travar ofensivas russas.

Pressão diplomática antes do Alasca

A reunião antecede a cimeira de sexta-feira entre o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o homólogo russo, Vladimir Putin, na base militar de Elmendorf, Alasca. Londres e Kiev vêem o encontro como uma oportunidade para impulsionar negociações de paz, mas mantém-se incerteza sobre o resultado. Na semana passada, Trump sugeriu «trocas territoriais» que poderiam «beneficiar ambos os lados», referência que despertou receios de concessões ucranianas.

Moscovo insiste em conservar as zonas que controla, incluindo a Crimeia, e exige que a Ucrânia abandone a ambição de aderir à NATO, além de limitar o tamanho das suas forças armadas. Kiev rejeita qualquer cedência territorial e sublinha que as fronteiras internacionais «não podem ser alteradas pela força».

Coalition of the Willing

Starmer recordou, numa teleconferência com líderes europeus, que um cessar-fogo só será sustentável se estiver ancorado em garantias robustas. Para tal, conta com a Coalition of the Willing, bloco de países maioritariamente europeus que promete assistência militar — incluindo tropas, se necessário — para dissuadir futuras violações russas.

Segundo o primeiro-ministro, o grupo dispõe de planos militares «credíveis» e admite reforçar sanções económicas contra Moscovo caso Putin recuse compromissos duradouros. Essa posição foi reiterada na chamada colectiva de quarta-feira com Trump, onde Zelensky, Starmer e vários chefes de governo europeus pressionaram a Casa Branca a condicionar o diálogo com o Kremlin à manutenção da soberania ucraniana.

Reacções e expectativas

O antigo director do MI6, Sir Alex Younger, considerou que Trump «é o único capaz de resolver» o conflito, mas advertiu que «Putin está a tentar manipulá-lo». Já o vice-presidente norte-americano, JD Vance, em visita oficial, afirmou que a missão da administração Trump passa por «restabelecer a paz na Europa».

De Berlim, onde se encontrou com o chanceler alemão, Friedrich Merz, Zelensky acusou o Kremlin de «não querer a paz» e elogiou o compromisso continuado dos Estados Unidos com a defesa da Ucrânia. A Rússia confirmou que Trump e Putin farão uma conferência de imprensa conjunta após a reunião de sexta-feira.

Próximos passos

Se o encontro no Alasca produzir avanços, as garantias de segurança discutidas em Londres poderão servir de base para um acordo mais amplo, envolvendo vigilância internacional, fornecimento de armamento e mecanismos de resposta rápida em caso de violação. Para já, Kiev mantém a estratégia de combinar diplomacia intensiva com o fortalecimento das forças armadas, enquanto Londres procura unir aliados europeus em torno de uma posição comum antes de qualquer eventual cessar-fogo.

Com a guerra a entrar no quarto ano, o desfecho das conversações entre Trump e Putin poderá definir a próxima fase do conflito. O governo ucraniano insiste que qualquer entendimento terá de respeitar a soberania plena do país, mantendo o apoio militar e económico do Ocidente até que a Rússia aceite condições compatíveis com o direito internacional.

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Imagem: bbc.com

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