WhatsApp inicia integração com apps rivais na Europa para cumprir lei antimonopólio

WhatsApp começará, nos próximos meses, a permitir conversas diretas com usuários de aplicativos de mensagens concorrentes na Europa. A iniciativa, confirmada pela controladora Meta, atende a exigências do Digital Markets Act (DMA), legislação europeia que obriga plataformas consideradas dominantes a abrir suas redes a terceiros. Nessa fase inicial, os serviços BirdyChat e Haiket serão os primeiros a interoperar com o mensageiro mais popular do continente, marcando um movimento inédito de interoperabilidade entre plataformas antes isoladas.
- Quem será contemplado no lançamento
- O que muda na experiência do usuário
- Como ocorrerá a ativação
- Limitações da primeira fase
- Padrão obrigatório de segurança
- Por que a mudança ocorre agora
- Histórico de desenvolvimento da solução
- Impacto potencial para o mercado de mensagens
- Próximos passos e expansão
Quem será contemplado no lançamento
Somente titulares de números telefônicos registrados em países abrangidos pelo DMA receberão a novidade em um primeiro momento. Isso significa que linhas fora do Espaço Econômico Europeu continuarão a usar o WhatsApp tradicional, sem ponto de contato com outras redes. De acordo com a Meta, o recurso chegará de forma escalonada para os sistemas iOS e Android, exigindo que o próprio usuário libere a função manualmente no menu de configurações.
O que muda na experiência do usuário
Com a integração ativa, será possível trocar mensagens de texto, fotos, vídeos, áudios e arquivos entre o WhatsApp e as duas plataformas parceiras. O mensageiro acrescentará um mecanismo de escolha: as conversas interplataforma poderão ficar misturadas às conversas regulares ou agrupadas em uma pasta dedicada, dependente da preferência de organização de cada pessoa. O recurso é opcional e pode ser desativado a qualquer momento, garantindo liberdade total ao usuário.
Como ocorrerá a ativação
Quando o recurso for disponibilizado, uma notificação aparecerá na área de configurações do aplicativo, destacando as etapas necessárias. O procedimento incluirá:
1. Aceite dos termos específicos para interoperabilidade;
2. Escolha sobre onde agrupar as novas conversas;
3. Confirmação de que a troca de dados poderá seguir políticas diferentes nos aplicativos externos.
Somente após esses passos a comunicação entre plataformas será liberada, garantindo que o usuário esteja ciente das implicações de privacidade e do funcionamento do novo canal.
Limitações da primeira fase
A interoperabilidade ficará restrita aos aplicativos móveis. Usuários que acessam o WhatsApp em desktops, tablets ou pela versão Web não terão, de início, a possibilidade de interagir com BirdyChat ou Haiket. Além disso, a criação de grupos mistos — que reúnam participantes distribuídos nos três serviços — ainda não estará habilitada. A Meta planeja liberar essa função posteriormente, assim que as empresas parceiras implantarem suporte completo ao recurso.
Padrão obrigatório de segurança
Um dos pilares do mensageiro da Meta sempre foi a criptografia de ponta a ponta (E2EE). A companhia afirma que toda conversa com aplicativos de terceiros deverá adotar exatamente o mesmo nível de proteção: apenas remetente e destinatário podem ler o conteúdo trocado. Para participar da integração, BirdyChat, Haiket e futuros interessados terão de comprovar adesão a esse padrão técnico. A Meta informa que qualquer falha de conformidade implicará a exclusão, temporária ou definitiva, do aplicativo infrator da lista de compatibilidade.
Por que a mudança ocorre agora
O Digital Markets Act, em vigor na União Europeia, impõe uma série de obrigações a plataformas consideradas gatekeepers, ou seja, empresas capacitadas a controlar o acesso de usuários a ecossistemas digitais inteiros. Entre as normas está a abertura de interfaces técnicas para que serviços concorrentes possam operar sobre uma infraestrutura dominante. No segmento de mensagens instantâneas, o WhatsApp foi classificado como um desses agentes centrais, o que o obriga a permitir que terceiros interajam com a sua base.
Antes da lei, cada mensageiro mantinha um ambiente fechado, compatível apenas com clientes oficiais. O DMA muda essa lógica na tentativa de fomentar concorrência, reduzir barreiras de entrada para novas empresas e ampliar as opções disponíveis aos consumidores europeus. Ao liberar sua API para rivais, a Meta busca atender ao regulamento e, ao mesmo tempo, preservar a experiência do usuário dentro do seu aplicativo principal.
Histórico de desenvolvimento da solução
Segundo a Meta, a construção do modelo de interoperabilidade demandou mais de três anos de diálogo com reguladores e com os próprios concorrentes. O objetivo declarado foi chegar a um formato que equilibrasse conformidade jurídica, segurança técnica e simplicidade de uso. Durante esse processo, a companhia afirma ter revisado protocolos de criptografia, redefinido fluxos de autenticação e implantado sistemas de alerta para informar claramente sobre eventuais diferenças de tratamento de dados por aplicativos externos.
Impacto potencial para o mercado de mensagens
A abertura do WhatsApp pode redefinir a dinâmica competitiva do setor. Ao viabilizar que pequenos ou novos aplicativos se conectem à sua rede, a Meta cumpre a exigência legal e, ao mesmo tempo, neutraliza parte do argumento de que sua plataforma funciona como um monopólio fechado. Para BirdyChat e Haiket, a integração representa acesso imediato a centenas de milhões de usuários europeus que já utilizam o WhatsApp como canal primário de comunicação.
Próximos passos e expansão
A Meta informou que notificará os usuários sempre que um novo aplicativo tornar-se compatível. O cronograma de adesão de futuros parceiros dependerá tanto de interesse comercial quanto da capacidade técnica dessas empresas de implementar a criptografia exigida. A expectativa é de que, após o lançamento controlado com BirdyChat e Haiket, o número de participantes aumente gradualmente, ampliando a interoperabilidade obrigatória prevista na legislação.
Enquanto isso, funcionalidades ausentes — como grupos interplataforma ou suporte pleno a chamadas de voz e vídeo entre serviços diferentes — permanecem no roteiro de desenvolvimento. A liberação dessas etapas adicionais ocorrerá somente após testes de estabilidade, validação regulatória e aprovação dos órgãos responsáveis por zelar pela conformidade com o Digital Markets Act.
Ao cumprir a lei europeia e, simultaneamente, tentar preservar padrões de segurança reconhecidos, o WhatsApp inaugura uma nova fase na história dos mensageiros instantâneos. A adoção, a receptividade dos usuários e a adesão de mais empresas definirão, nos próximos meses, a profundidade dessa transformação no cenário de comunicação digital do continente.

Conteúdo Relacionado