Visto H-1B passa a custar US$ 100 mil por ano para cada trabalhador estrangeiro qualificado após ordem executiva assinada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A cobrança, válida a partir de 21 de setembro, incide sobre todas as novas solicitações do programa, usado por empresas de tecnologia e outros setores para recrutar profissionais especializados.
De acordo com o secretário de Comércio, Howard Lutnick, a taxa deverá ser paga por seis anos, período máximo de permanência permitido pelo H-1B. “A companhia terá de decidir se o profissional vale um pagamento de US$ 100 mil anuais ao governo ou se é melhor contratar um americano”, afirmou.
Visto H-1B: Trump impõe taxa anual de US$ 100 mil
Atualmente, o programa concede até 85 mil autorizações por ciclo fiscal e cobrava cerca de US$ 1,5 mil em tarifas administrativas. Dados do Serviço de Cidadania e Imigração dos EUA (USCIS) apontam que os pedidos para o próximo ano caíram para 359 mil, menor nível em quatro anos. Amazon, Tata, Microsoft, Meta, Apple e Google lideraram as solicitações no ciclo anterior.
Para Tahmina Watson, advogada fundadora da Watson Immigration Law, o novo preço pode ser “o golpe final” para pequenas empresas e startups. “Quase todos serão excluídos. Muitos negócios médios relatam não encontrar mão de obra doméstica para preencher as vagas”, disse.
O advogado Jorge Lopez, do escritório Littler Mendelson PC, avalia que a medida “freará a competitividade americana no setor de tecnologia e em todas as indústrias”. Segundo ele, algumas companhias podem estudar realocar operações fora do país, ainda que implementar essa mudança seja complexo.
A decisão reacende um debate que divide até aliados de Trump. Em campanhas anteriores, o republicano chegou a defender facilidades para graduados estrangeiros, mas já em 2017 endureceu a análise dos pedidos, elevando a taxa de rejeição a 24% no ano fiscal seguinte — contra níveis de 2% a 8% em administrações anteriores.
Países como a Índia, maior originador de candidatos ao visto H-1B, acompanham com preocupação. Empresários argumentam que a barreira financeira pode deslocar talentos para outras nações e reduzir a inovação nos EUA, enquanto críticos veem na mudança uma forma de proteger trabalhadores locais.
Com a nova cobrança, empresas precisarão reavaliar estratégias de contratação internacional, ponderando custos e prazos num cenário de disputa global por profissionais qualificados. Para saber como políticas públicas influenciam o mercado de trabalho e a tecnologia, acompanhe nossa editoria em Notícias e Tendências e fique por dentro das atualizações.
Crédito da imagem: Bernd Debusmann Jr/BBC