Trabalho por apps está ligado a queda de 10,4% na criminalidade em São Paulo, revela estudo

Trabalho por apps está ligado a queda de 10,4% na criminalidade em São Paulo, revela estudo

Trabalho por apps como fonte de renda em plataformas de entrega foi associado a uma redução média de 10,4% nos registros de crimes em 118 municípios paulistas no período entre 2010 e 2019, segundo levantamento conduzido pela economista Isadora Frankenthal, vinculada ao Massachusetts Institute of Technology (MIT).

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Trabalho por apps: o que o estudo mediu e por quê

A pesquisa partiu do questionamento sobre o impacto socioeconômico da expansão de serviços de entrega realizados via aplicativo, em especial o iFood, nas cidades com mais de 50 mil habitantes no estado de São Paulo. Ao cruzar datas de início da operação da plataforma com estatísticas da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP), a investigadora analisou a variação dos índices criminais antes e depois da chegada do serviço em cada localidade.

Os resultados sugerem relação direta entre a oferta de novas oportunidades de trabalho informal e a queda de delitos classificados como patrimoniais — furtos e roubos praticados sem planejamento extenso — cometidos principalmente por jovens com baixa qualificação.

Recorte temporal e geográfico da queda na criminalidade

O intervalo analisado, compreendido entre 2010 e 2019, coincidiu com a expansão acelerada dos aplicativos de entrega no Brasil. Dentro desse recorte, a pesquisadora identificou que os efeitos de redução criminal persistem por até cinco anos depois da estreia do iFood em cada município, indicando impacto mais duradouro do que um simples ajuste conjuntural.

No total, 118 cidades participaram da amostra, todas com população superior a 50 mil habitantes. Esse critério numérico fornece base estatística robusta, já que são localidades onde existem dados criminais suficientemente detalhados e demanda relevante por serviços de entrega.

Trabalho por apps e o recuo de crimes em bairros de baixa renda

Ao segmentar o território urbano, o estudo descobriu que bairros com menor renda per capita registraram retração de 26,7% nas ocorrências violentas após a entrada do aplicativo, contrastando com redução geral de 4,5% no conjunto das áreas pesquisadas. O diagnóstico reforça a hipótese de que o trabalho por apps favorece, sobretudo, moradores de regiões com oferta limitada de empregos formais.

Antes da operação do iFood, esses bairros concentravam 50% mais crimes por habitante do que os setores de maior renda. Portanto, a dinâmica de geração de renda via entrega pode ter contribuído para diminuir o desequilíbrio geográfico na segurança pública.

Perfil dos trabalhadores e relação com crimes de oportunidade

Dados levantados pela pesquisa apontam que homens jovens, com baixa escolaridade formal, formam a maior parte dos entregadores cadastrados. Esse mesmo estrato demográfico aparece com maior probabilidade estatística de envolvimento em delitos de oportunidade, classificados como furtos e roubos executados de forma impulsiva.

Ao disponibilizar um canal rápido de geração de renda, os aplicativos parecem oferecer alternativa imediata à prática criminosa para esse público. Além disso, os horários de pico de entrega — almoço e jantar — coincidem com momentos em que a redução de crimes se tornou mais intensa, reforçando a relação causal proposta.

Quantificando o efeito: 529 crimes a menos por município, por ano

Com base nos registros da SSP-SP, o levantamento calculou um impacto médio de 529 crimes a menos por ano em cada cidade analisada. Esse número abrange furtos, roubos e outras ocorrências patrimoniais. Em termos proporcionais, representa uma queda de 10,4% nos índices criminais dos locais onde o aplicativo passou a operar.

O resultado, segundo a autora, não se limita a um ciclo curto após a introdução do serviço. As estatísticas indicam manutenção do efeito ao longo de cinco anos, sugerindo que a consolidação de rotinas de trabalho está por trás da persistência do fenômeno.

Trabalho por apps e inclusão econômica: possíveis mecanismos

Embora o estudo não avance em causalidade fora dos dados observados, ele apresenta hipóteses sobre os mecanismos envolvidos. O principal fator seria a inclusão econômica promovida pelo trabalho por apps, que absorve mão de obra com baixa barreira de entrada. A remuneração, ainda que variável, oferece meios imediatos de subsistência para indivíduos antes marginalizados do mercado formal.

Outro mecanismo apontado é a exigência de registro e geolocalização em tempo real, característica que cria vínculo oficial e visibilidade do entregador nos sistemas da plataforma. Essa exposição constante pode inibir envolvimento em atividades ilícitas pelo aumento do risco de identificação.

Próximos passos da pesquisa

A investigação integra a tese de doutorado de Isadora Frankenthal no MIT e tem previsão de ser submetida para publicação em periódicos acadêmicos especializados nos próximos meses. A autora concentra seus estudos em temas de segurança pública no Brasil, com ênfase na intersecção entre economia do trabalho e violência.

Com base no cronograma acadêmico divulgado, a publicação deverá ocorrer ainda no ciclo editorial vigente, consolidando os achados sobre o impacto do trabalho por apps na criminalidade paulista.

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