Tanques israelenses avançam em Sheikh Radwan, Cidade de Gaza

Tanques israelenses penetraram nesta quarta-feira (12) no bairro Sheikh Radwan, um dos mais populosos da Cidade de Gaza, intensificando a ofensiva terrestre que pretende libertar reféns e combater cerca de 3 000 combatentes do Hamas.

Moradores relataram à imprensa que dezenas de blindados, escavadeiras e veículos de transporte de tropas ocuparam vias principais enquanto artilharia pesada e bombas de fumaça cobriam o avanço. A operação ocorre após sucessivos bombardeios que já haviam devastado residências, escolas e mercados da região.

Tanques israelenses avançam em Sheikh Radwan, Cidade de Gaza

Localizado no norte de Gaza, Sheikh Radwan abrange áreas como Abu Iskandar, al-Tawam e al-Saftawi, cortadas pela estratégica rua al-Jalaa, que liga o centro aos bairros setentrionais. Segundo testemunhas, o controle israelense do distrito pode abrir caminho para incursões até o coração da cidade.

O êxodo ganhou novo fôlego: longas filas de carros e carroças seguem pela estrada Salahedin rumo ao sul. Moradores afirmam que o trajeto, encarecido pela falta de transporte, pode levar horas. A ONU calcula que ao menos 190 000 pessoas já deixaram Gaza City desde agosto; o Exército israelense fala em 350 000.

Entidades humanitárias condenaram o avanço. Em carta conjunta, mais de 20 organizações — entre elas Save the Children e Oxfam — qualificaram a situação como “inconcebível”. Reportagem da BBC News lembra que a área designada por Israel como “segura” está superlotada e incapaz de receber cerca de dois milhões de deslocados.

O Ministério da Saúde administrado pelo Hamas informou que 98 pessoas morreram e 385 ficaram feridas nas últimas 24 horas, elevando para 65 062 o número de mortos desde o início da guerra, em 7 de outubro de 2023. A mesma pasta registra 154 óbitos por desnutrição desde que um órgão da ONU declarou fome na cidade, em agosto.

Israel afirma ter atingido mais de 150 alvos em dois dias para apoiar as tropas em solo e, segundo a imprensa local, usa veículos antigos carregados de explosivos e controlados remotamente contra posições do Hamas. O Ministério das Relações Exteriores israelense rejeitou, como “distorcido e falso”, relatório da comissão de inquérito da ONU que apontou genocídio em Gaza.

Com a presença de tanques nas ruas e bloqueios constantes, moradores como Saad Hamada descrevem a vida no bairro como “impossível”. Ataques a painéis solares, geradores e caixas d’água deixaram a população sem serviços básicos, impulsionando a fuga apesar dos riscos.

O avanço em Sheikh Radwan marca uma nova fase da ofensiva terrestre de Israel e aprofunda a crise humanitária na Faixa de Gaza.

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Crédito da imagem: Amir Levy/Getty Images

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