Sol registra nova erupção de classe X em menos de 72 horas e reforça pico do Ciclo Solar 25

Uma segunda explosão solar extremamente energética atingiu o patamar da classe X na madrugada desta sexta-feira, 14, apenas 72 horas depois de a maior erupção de 2025 ter sido observada. O clarão mais recente recebeu a classificação X4 e partiu do mesmo conjunto de manchas solares que já havia protagonizado outros episódios extremos nesta semana, sinalizando que o astro encontra-se em pleno ápice de atividade dentro do Ciclo Solar 25.
- Detalhes da erupção X4 de 14 de março
- Sequência de explosões extremas em menos de uma semana
- Por dentro do Ciclo Solar 25
- Como funciona a escala de classificação das erupções
- Ejeção de massa coronal e possível impacto na Terra
- Regiões solares sob observação contínua
- Consequências para comunicações e sistemas tecnológicos
- Por que a mesma região produz várias erupções
- Fenômenos similares fora do Sistema Solar
- Próximos passos da vigilância solar
Detalhes da erupção X4 de 14 de março
O episódio foi detectado às 4h30, no horário de Brasília, pelo Centro de Previsão do Clima Espacial da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos. O foco da ocorrência foi o conglomerado de manchas identificado como AR4274. O evento liberou intenso fluxo de raios X, alcançando a categoria X4, grau que indica radiação quatro vezes mais potente do que o limiar mínimo da escala X.
O impacto inicial foi sentido aproximadamente oito minutos depois, lapso que corresponde ao tempo de propagação da luz até a Terra. Nessa janela, foram relatados apagões de rádio do nível R3, classificado como forte. As interrupções afetaram todo o hemisfério terrestre voltado para o Sol naquele momento, com maior concentração sobre regiões centrais e orientais do continente africano.
Sequência de explosões extremas em menos de uma semana
A nova erupção soma-se a outros dois fenômenos de magnitude similar que já haviam ocorrido desde domingo, 9. O primeiro registro da sequência foi um clarão classe X ainda sem valor numérico divulgado. O segundo, observado na terça-feira, 11, atingiu X5.2 e tornou-se, até agora, o mais intenso de todo o ano de 2025. O intervalo reduzido entre as ocorrências reforça a natureza altamente ativa da região AR4274 e sugere a persistência de condições favoráveis a novos eventos de grande porte.
Por dentro do Ciclo Solar 25
O Sol segue um padrão de variação de atividade que dura aproximadamente 11 anos. Esse intervalo, conhecido como ciclo solar, alterna fases de mínima e máxima emissão energética. A comunidade científica numera esses períodos desde as primeiras medições sistemáticas, e o atual recebeu a designação de Ciclo Solar 25. Nos picos do ciclo, multiplicam-se manchas escuras na fotosfera, áreas onde campos magnéticos se embricam e concentram energia. É justamente nesses pontos que as linhas de força podem se reorganizar abruptamente, liberando clarões, partículas carregadas e ejeções de massa coronal.
Como funciona a escala de classificação das erupções
Para mensurar a intensidade dos pulsos de raios X, utiliza-se um sistema graduado em cinco letras: A, B, C, M e X. Cada nível representa potência dez vezes superior ao anterior. Assim, uma explosão da classe X apresenta energia centenas de vezes maior que uma da classe C. Dentro do mesmo patamar, o número agregado à letra fornece refinamento adicional: um X2 equivale ao dobro da radiação de um X1, enquanto um X4, como o verificado nesta sexta-feira, emite quatro vezes mais radiação que um X1.
Ejeção de massa coronal e possível impacto na Terra
Além da emissão de raios X, o clarão X4 também lançou uma ejeção de massa coronal — porção de plasma solar carregada de campos magnéticos — em direção ao espaço interplanetário. Simulações desenvolvidas pela agência espacial norte-americana indicam que a nuvem de partículas deve tangenciar o campo magnético terrestre no fim do domingo, 16. Caso a projeção se confirme, poderão ocorrer tempestades geomagnéticas classificadas entre G1 (leves) e G2 (moderadas) numa escala que vai até G5.
Tempestades desse porte costumam produzir variações sutis nas redes elétricas em altas latitudes e ampliar a extensão das auroras, sem grandes riscos a satélites ou sistemas de navegação. A trajetória tangencial diminui ainda mais a probabilidade de efeitos severos, mas o monitoramento prossegue até a passagem do distúrbio.
Regiões solares sob observação contínua
Apesar de ter perdido pequenas porções periféricas, o núcleo de AR4274 manteve seu tamanho e complexidade. A plataforma de monitoramento EarthSky.org aponta que a área retém potencial para novas erupções moderadas ou fortes enquanto permanecer voltada para a Terra. Entretanto, o movimento de rotação solar, completado em cerca de 27 dias, já leva essa mancha para a borda do disco visível. Dentro de poucos dias, o grupo deve migrar para o lado afastado do astro, reduzindo temporariamente a exposição direta.
Outros dois conjuntos de manchas também estão no radar. AR4276 perdeu parte de sua estrutura magnética, mas foi responsável por sete pequenas erupções das classes inferiores nas últimas 24 horas. Já AR4280 apresenta crescimento gradual e, embora ainda não tenha originado clarões expressivos, passa a integrar a lista de regiões com potencial de evolução.
Consequências para comunicações e sistemas tecnológicos
Os apagões de rádio registrados na classe R3 geralmente afetam frequências de alta frequência (HF) utilizadas por aeronaves, embarcações e radioamadores. A perda de sinal pode durar de poucos minutos a mais de uma hora, dependendo da latitude e do horário local. Empresas de aviação civil monitoram em tempo real as atualizações do Centro de Previsão do Clima Espacial para ajustar rotas e altitudes caso a ionosfera fique instável.
Satélites em órbita baixa podem enfrentar aumento de arrasto atmosférico quando o Sol injeta energia na alta atmosfera terrestre, expandindo-a. Contudo, episódios G1 e G2 raramente provocam correções de emergência em altitude. Já infraestruturas elétricas em superfície tendem a registrar correntes induzidas de baixa intensidade, facilmente gerenciadas por sistemas de proteção convencionais.
Por que a mesma região produz várias erupções
A repetição de clarões na AR4274 decorre do padrão magnético chamado beta-gamma-delta, um dos mais complexos na classificação solar. Essa configuração abriga polaridades opostas muito próximas, o que favorece alterações repentinas nas linhas de campo. Cada reconexão libera quantidades significativas de energia acumulada na forma de radiação eletromagnética e partículas. Enquanto o reservatório de energia subsistir e a estrutura se manter coesa, novas erupções permanecem possíveis.
Fenômenos similares fora do Sistema Solar
A mesma dinâmica observada no Sol começa a ser confirmada em outras estrelas. Pesquisa divulgada na revista Nature relatou a primeira detecção direta de uma ejeção de massa coronal oriunda de um astro relativamente próximo, registrada de forma combinada por um observatório espacial de raios X e uma rede europeia de radiotelescópios. O resultado abre caminho para comparação de processos magnéticos em diferentes tipos de estrelas e reforça a relevância de monitorar o comportamento solar como laboratório natural.
Próximos passos da vigilância solar
Até que a região AR4274 gire por completo para o lado não visível da estrela, instrumentos em terra e em órbita continuam acompanhando a evolução dos campos magnéticos. Caso novas ejeções direcionadas ocorram durante esse intervalo, previsões de tempestade geomagnética podem ser atualizadas. Paralelamente, a atenção volta-se aos demais grupos ativos para avaliar se algum deles adquire complexidade similar. O acompanhamento constante garante alertas precisos a operadores de satélites, companhias de energia e serviços de comunicação, mitigando impactos de futuros episódios solares.

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