Regras de verificação de idade cortam quase metade do tráfego pornográfico no Reino Unido

O acesso a sites de conteúdo adulto no Reino Unido caiu de forma expressiva nas duas primeiras semanas de vigência das novas exigências de verificação etária. Desde 25 de julho, portais pornográficos só podem ser consultados mediante apresentação de documento de identificação, cartão de crédito ou reconhecimento facial, conforme estabelece o Online Safety Act.

Tráfego despenca nos três maiores portais

Dados da consultora Similarweb indicam que o Pornhub, líder de audiência no segmento, viu as visitas diárias passarem de 3,2 milhões em julho para cerca de dois milhões nos primeiros nove dias de agosto — uma redução de 47 %. Tendência idêntica foi verificada no XVideos, que também registou queda de 47 , enquanto o xHamster perdeu 39 dos acessos, passando de 1,7 milhão para 1,2 milhão de visitas diárias, segundo o Financial Times.

O levantamento mostra ainda que, no conjunto dos 90 maiores sites pornográficos, a frequência mensal baixou 23 % entre julho e agosto. A descida foi mais acentuada nos endereços mais populares, enquanto plataformas menos conhecidas registaram, por vezes, ligeiros aumentos.

Medidas visam proteger menores e responsabilizar plataformas

O governo britânico defende que o pacote legislativo procura tornar as empresas de média mais responsáveis pela segurança dos utilizadores, limitando a exposição de crianças e adolescentes a conteúdos inadequados. Um inquérito da Ofcom, entidade reguladora independente que acompanha a implementação das regras, revela que 8 % das crianças entre oito e 14 anos e 19 % dos rapazes dos 13 aos 14 anos acederam a sites pornográficos num único mês.

As novas normas obrigam os serviços a adotar medidas que reduzam o risco de uso para fins ilegais e a remover rapidamente conteúdos ilícitos. No Pornhub, por exemplo, buscas por material proibido deixam de apresentar resultados graças a um bloqueio baseado em 45 000 termos e milhões de combinações de palavras-chave.

Uso de VPN complica contagem de acessos

A exigência de identificação levou muitos utilizadores britânicos a recorrer a redes privadas virtuais (VPN) para mascarar a sua localização. Aplicações como Proton e Nord Security figuram entre as mais descarregadas na App Store do país. A utilização destes serviços permite contornar as restrições como se o utilizador estivesse no estrangeiro, o que dificulta a medição real do tráfego interno. Não existe, contudo, confirmação estatística de que o aumento das VPN seja o principal responsável pelas quebras ​observadas.

Redes sociais registam impacto limitado

Plataformas sociais que também integram mecanismos de controlo de idade, entre as quais X, Reddit, Bluesky, Discord e Grindr, não apresentaram alterações significativas de audiência nas primeiras semanas da nova legislação. Para a Similarweb, a variação foi marginal quando comparada com a forte descida nos sites de pornografia.

Contexto e próximos passos

Ao abrigo do Online Safety Act, as empresas devem impedir a divulgação de material misógino, violento ou abusivo, para além de conteúdos relacionados com automutilação, distúrbios alimentares ou suicídio. Os reguladores prometem fiscalizar o cumprimento das exigências e aplicar sanções em caso de infração.

Analistas do sector sinalizam que o efeito inicial observado no Reino Unido reproduz padrões verificados em outras jurisdições com regras semelhantes: queda súbita no tráfego para sites em conformidade e desvio parcial para domínios que ainda não implementaram sistemas de verificação. A evolução nos próximos meses dependerá da adesão das restantes plataformas, da eficácia das medidas técnicas e da continuidade do recurso a VPN pelos utilizadores.

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Imagem: BrianAJackson via olhardigital.com.br

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