Radiação de estrelas Adhara e Mirzam deixou rastro duradouro perto do Sol

Radiação de estrelas Adhara e Mirzam deixou rastro duradouro perto do Sol

Radiação de estrelas muito quentes que passaram nas redondezas do Sistema Solar há aproximadamente 4,4 – 4,5 milhões de anos continua visível nos registros astronômicos atuais, segundo reconstrução histórica conduzida por pesquisadores da Universidade do Colorado.

Índice

Radiação de estrelas e o encontro próximo ao Sistema Solar

O estudo apresenta como Adhara (Epsilon Canis Majoris) e Mirzam (Beta Canis Majoris), duas estrelas do tipo B situadas hoje a mais de 400 anos-luz na constelação do Cão Maior, atravessaram uma trajetória que as levou a poucas dezenas de anos-luz do Sol no passado geológico recente. Nesse deslocamento, a luminosidade ultravioleta das duas gigantes excedia em quatro a seis vezes o brilho atual de Sírius, tornando-as fontes energéticas dominantes na vizinhança celeste por um intervalo significativo de tempo.

A curta distância atingida por ambas — considerada perigosa em termos astronômicos — provocou um bombardeio de radiação ultravioleta sobre as nuvens difusas de gás e poeira que circundam o Sistema Solar. Essa exposição direta desencadeou processos de ionização que permanecem registrados no estado físico do meio interestelar local.

Como Adhara e Mirzam chegaram tão perto do Sol

Para compreender a trajetória dessas estrelas, a equipe coordenada pelo astrofísico Michael Shull empregou simulações retrospectivas. Esses cálculos combinaram as velocidades próprias do Sol, das estrelas vizinhas e das próprias nuvens interestelares. A metodologia partiu de posições e movimentos observados hoje e retrocedeu milhões de anos, ajustando o deslocamento de cada componente do cenário galáctico.

Os resultados mostraram um alinhamento temporal em que Adhara e Mirzam cruzaram a órbita do Sistema Solar em intervalos quase coincidentes, atingindo a proximidade crítica entre 4,4 e 4,5 milhões de anos atrás. Como estrelas do tipo B — categoria reconhecida por alta temperatura superficial e tempo de vida relativamente curto — ambas ofereceram, naquele momento, fluxos ultravioletas substancialmente mais intensos que os emitidos pelo Sol.

Radiação de estrelas e a ionização das nuvens interestelares

Nas imediações solares existe um aglomerado de nuvens de hidrogênio e hélio tenuemente distribuído, descrito pelos astrônomos desde a década de 1990. Observações feitas com o Telescópio Espacial Hubble demonstraram que parte expressiva desses átomos encontra-se ionizada, em especial o hélio. O novo trabalho atribui essa condição ao impacto direto da radiação de estrelas Adhara e Mirzam, que arrancou elétrons dos átomos presentes nessa névoa interestelar.

A assinatura química resultante continua mensurável: medições modernas ainda identificam níveis de ionização superiores aos previstos por modelos simples de equilíbrio. O hélio surge mais carregado do que se esperaria caso apenas a radiação solar estivesse atuando. As simulações do grupo norte-americano mostram que o fluxo ultravioleta histórico das duas estrelas explicou de modo convincente esse excesso, resolvendo um enigma de décadas.

O papel da Bolha Quente Local e de outras fontes energéticas

Embora o aporte de Adhara e Mirzam seja determinante, o estudo enfatiza que ele não atua sozinho. O Sistema Solar situa-se dentro da chamada Bolha Quente Local, uma cavidade rarefeita provavelmente esculpida por sucessivas supernovas. O gás aquecido no interior dessa bolha emite radiação ultravioleta e raios X adicionais que também interagem com as nuvens periféricas.

Anãs brancas próximas, remanescentes de estrelas semelhantes ao Sol, integram ainda o conjunto de fontes que contribuem para manter parte do hidrogênio e, sobretudo, do hélio em estado ionizado. A combinação desses fatores regionais reforça a conclusão de que o ambiente galáctico exerce influência direta sobre a composição química e sobre a transparência radiativa que envolve o nosso sistema planetário.

Radiação de estrelas e implicações para a habitabilidade do Sistema Solar

A forma como o Sol atravessa diferentes ambientes interestelares afeta a quantidade de radiação que chega aos planetas. Segundo a análise apresentada, a permanência atual do Sistema Solar em um conjunto de nuvens relativamente densas funciona como um escudo parcial contra raios cósmicos de altas energias. Esse efeito, associado à ionização persistente identificada, sugere que condições externas moldam elementos fundamentais da habitabilidade terrestre.

Ainda que Adhara e Mirzam já se encontrem longe, seu legado permanece enquanto os átomos nas nuvens locais não recuperarem totalmente os elétrons perdidos. Esse processo de recombinação é gradual e, portanto, a assinatura da passagem estelar pode subsistir por intervalos astronômicos consideráveis.

Futuro de Adhara e Mirzam e a continuidade do fenômeno

Projeções indicam que ambas as estrelas, pela própria natureza de objetos do tipo B, esgotarão seu combustível em escala de poucos milhões de anos adicionais e terminarão em supernovas. A distância de centenas de anos-luz existente hoje garante que tais explosões não representarão ameaça direta ao Sistema Solar, embora provavelmente tornem-se eventos visíveis no céu terrestre pela intensidade luminosa prevista.

Quando isso ocorrer, novos fluxos energéticos percorrerão a galáxia e poderão, novamente, alterar a ionização de regiões vizinhas. Entretanto, até que essas etapas se concretizem, o entorno solar continuará exibindo o rastro químico criado pelo encontro relativamente próximo ocorrido há 4,5 milhões de anos.

As simulações consolidadas pela equipe norte-americana integram dados de radiação estelar, dinâmica orbital do Sol e características físicas das nuvens envolventes, oferecendo um panorama detalhado de como o ambiente galáctico modula o estado do gás, o fluxo de raios cósmicos e a segurança de missões espaciais futuras.

zairasilva

Olá! Eu sou a Zaira Silva — apaixonada por marketing digital, criação de conteúdo e tudo que envolve compartilhar conhecimento de forma simples e acessível. Gosto de transformar temas complexos em conteúdos claros, úteis e bem organizados. Se você também acredita no poder da informação bem feita, estamos no mesmo caminho. ✨📚No tempo livre, Zaira gosta de viajar e fotografar paisagens urbanas e naturais, combinando sua curiosidade tecnológica com um olhar artístico. Acompanhe suas publicações para se manter atualizado com insights práticos e interessantes sobre o mundo da tecnologia.

Conteúdo Relacionado

Deixe uma resposta

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.

Go up

Usamos cookies para garantir que oferecemos a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você está satisfeito com ele. OK