Protestos no Nepal contra o bloqueio de redes sociais terminaram em tragédia nesta segunda-feira (data local), quando a polícia abriu fogo perto do Parlamento, em Katmandu, matando 11 pessoas e ferindo ao menos 58, segundo autoridades hospitalares.
A multidão, estimada em dezenas de milhares, avançou sobre barreiras de arame farpado e forçou a retirada de tropas de choque, que responderam inicialmente com gás lacrimogêneo e canhões de água. Superados em número, os agentes refugiaram-se no complexo legislativo antes de disparar munição real contra os manifestantes, que gritavam “parem o banimento das redes sociais, combatam a corrupção”.
Nepal: polícia mata 11 em protesto contra bloqueio de redes
O Centro Nacional de Traumas confirmou sete mortes e 58 feridos, muitos baleados na cabeça e no tórax. Outros dois óbitos ocorreram no Civil Hospital e mais dois no KMC Hospital. Famílias lotaram portas de hospitais em busca de informações, enquanto voluntários formavam filas para doar sangue.
Diante da escalada de violência, o governo impôs toque de recolher nos arredores do Parlamento, da secretaria de governo, da residência presidencial e em áreas estratégicas da capital. A medida, segundo o Ministério do Interior, visa “restabelecer a ordem pública”.
A onda de indignação começou após o Executivo bloquear cerca de 20 plataformas — entre elas Facebook, X (antigo Twitter) e YouTube — por alegado descumprimento de registro oficial no país. Segundo as autoridades, apenas TikTok, Viber e outras três redes concluíram o processo dentro do prazo. O bloqueio entrou em vigor na semana passada, gerando críticas de organizações de direitos humanos que veem tentativa de censura. A BBC lembra que o Nepal baniu o TikTok em 2023, revertendo a decisão meses depois mediante compromissos de conformidade com leis locais.
O governo encaminhou ao Parlamento um projeto de lei que obriga as plataformas a manter escritório de representação em território nepalês. Para opositores e grupos de defesa da liberdade de expressão, o texto daria margem a punições contra críticos do regime. “É uma violação clara dos direitos fundamentais”, afirmou em nota a ONG Civil Rights Forum.
Os protestos foram apelidados de “manifestação da Geração Z”, pois mobilizaram principalmente pessoas nascidas entre 1995 e 2010, faixa etária mais dependente de redes sociais. Jovens erguiam bandeiras vermelhas e azuis do Nepal enquanto entoavam slogans contra o bloqueio.
Até o início da noite, o clima permanecia tenso em Katmandu, e não havia confirmação se o número de vítimas poderia aumentar. Líderes comunitários exigem investigação independente e a revogação imediata das restrições online.
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Crédito: Globalnews.ca