Política externa da Índia sob teste com EUA, China e Rússia

Política externa da Índia sob teste com EUA, China e Rússia

Política externa da Índia sob teste com EUA, China e Rússia enfrenta pressão simultânea das tarifas impostas por Donald Trump, da dependência de petróleo barato russo e de um diálogo reaberto com Pequim, obrigando Nova Délhi a recalibrar seu tradicional jogo de equilíbrio.

Equilíbrio entre potências rivais

Desde que o ministro das Relações Exteriores, S. Jaishankar, defendeu “engajar os Estados Unidos, gerir a China e tranquilizar a Rússia”, a Índia procura atuar em múltiplos tabuleiros. O país é pilar do Quad com EUA, Japão e Austrália, mas também integra a Organização para Cooperação de Xangai (SCO), liderada por China e Rússia.

Pressão de Washington

A relação com Washington azedou depois que Trump acusou Nova Délhi de “financiar a máquina de guerra russa” ao comprar petróleo com desconto. Além do discurso duro, a Casa Branca elevou tarifas sobre produtos indianos, afetando exportadores que já lidavam com um déficit comercial de quase US$ 100 bilhões em relação à China.

Reaproximação cautelosa com Pequim

Mesmo após os choques mortais na fronteira de Galwan, em 2020, o primeiro-ministro Narendra Modi deve encontrar Xi Jinping em Pequim no domingo. Nos últimos dias, o chanceler chinês Wang Yi pediu que os vizinhos se vejam como “parceiros, não adversários”. Para analistas, a conversa é pragmática: a Índia precisa “administrar” a China enquanto sua capacidade militar e econômica, muito inferior à de Pequim, amadurece.

Dependência de Moscou

Ao mesmo tempo, o petróleo russo segue crucial para a segurança energética indiana. A recente visita de Jaishankar a Moscou reforçou a importância desse elo, mesmo sob sanções ocidentais. Especialistas apontam que Nova Délhi teme um alinhamento ainda maior entre Moscou e Pequim caso esfrie a parceria com o Kremlin.

Estratégia de “hedge” continua

Ex-embaixadores como Jitendra Nath Misra defendem que “o pior cenário é alinhar-se totalmente a uma potência”. A aposta indiana, dizem, é ganhar tempo até que tempestades geopolíticas passem. Para Ashley Tellis, da Carnegie, porém, tal ambiguidade fragiliza a segurança do país diante de uma China hostil, argumento questionado por diplomatas que veem na flexibilidade a própria essência da autonomia estratégica indiana.

Segundo a BBC, a rivalidade estrutural entre China e EUA limita qualquer reconciliação duradoura, fato que amplia o valor de uma Índia capaz de dialogar com todos, ainda que sob críticas.

Quer entender como outras tecnologias impactam a geopolítica? Visite nossa editoria em Notícias e Tendência e continue acompanhando nossas análises.

Crédito da imagem: Getty Images

Posts Similares

Deixe uma resposta

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.