Peter Mutharika vence eleição no Malawi com 57% dos votos

Peter Mutharika vence eleição no Malawi e retorna à presidência aos 85 anos, após obter 57% dos votos contra 33% do atual mandatário, Lazarus Chakwera, 70. O anúncio oficial foi feito oito dias após a votação, prazo máximo permitido, para que a Comissão Eleitoral analisasse todas as reclamações registradas.

Chakwera, pastor antes de entrar na política, reconheceu a derrota por telefone, classificando a vitória do rival como “histórica”. Em Lilongwe, a notícia desencadeou celebrações com buzinaços e cânticos de “adadi” (“pai”, em chichewa), consolidando o retorno do ex-professor de Direito ao poder.

Peter Mutharika vence eleição no Malawi com 57% dos votos

Mutharika governou entre 2014 e 2020, quando perdeu para Chakwera em um pleito de repetição, após a anulação da eleição de 2019 por irregularidades. Agora, ele herda um país em crise: inflação próxima de 30%, falta de combustíveis e escassez de divisas, cenário que ele promete reverter com a mesma estratégia que reduziu os preços em seu primeiro mandato.

Apesar de ter aparecido pouco em público durante a campanha — alimentando dúvidas sobre sua saúde —, o slogan “retorno a uma liderança comprovada” ecoou entre eleitores descontentes com o alto custo de vida, corrupção e apagões recorrentes sob Chakwera. Esses fatores, somados às consequências da pandemia, da seca e da guerra na Ucrânia, intensificaram o desejo de mudança.

A posse deverá ocorrer entre sete e 30 dias após a divulgação oficial dos resultados. Caberá ao novo governo demonstrar capacidade para estabilizar a economia e garantir abastecimento básico em um país onde a maioria da população vive com menos de US$ 2 por dia.

De acordo com a Comissão Eleitoral, citada pela BBC News, todos os relatórios de votação foram verificados para evitar a repetição dos erros que levaram à anulação de 2019. Esta foi a quarta disputa direta entre Mutharika e Chakwera e marca mais um capítulo da influente família Mutharika, cujo irmão mais velho, Bingu, governou até 2012.

Mutharika terá, mais uma vez, de domar a inflação, reavivar o acesso a moeda estrangeira e restaurar a confiança da comunidade internacional — desafios que definirão o sucesso do seu segundo retorno ao Palácio de Kamuzu.

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Crédito da imagem: AFP via Getty Images