Periwinkle em IT: Bem-Vindos a Derry: a trajetória da filha do Pennywise humano e seu papel nos crimes da série

IT: Bem-Vindos a Derry chega aos episódios finais de sua temporada inaugural expandindo o universo concebido por Stephen King e introduzindo novos desdobramentos para personagens clássicos. No sexto capítulo, a produção revela que Ingrid Kersh, interpretada por Madeleine Stowe, utiliza o alter ego da palhaça Periwinkle e se autoproclama filha do primeiro homem a incorporar o nome Pennywise no início do século XX. A informação reposiciona a personagem, delineia sua ligação com a entidade alienígena que assola Derry e explica como ela passa a colaborar diretamente com a sequência de crimes que alimenta “A Coisa”.
Quem é Periwinkle na adaptação televisiva
Dentro da série, Ingrid Kersh exerce a profissão de enfermeira no hospital psiquiátrico Juniper Hill, estabelecimento que aparece diversas vezes ao longo da mitologia de IT. A mesma personagem adota a persona de Periwinkle, uma palhaça de aparência marcante, identidade que lhe permite circular em Derry e aproximar-se de crianças sem levantar suspeitas imediatas. Diferentemente da obra literária e das adaptações cinematográficas recentes, onde a “Sra. Kersh” não passa de um disfarce temporário da própria entidade, IT: Bem-Vindos a Derry estabelece Ingrid como figura humana efetiva, com passado, relações e motivações próprias.
Embora mantenha o semblante cordial de uma idosa, Ingrid emerge como peça fundamental na engrenagem do terror que domina a cidade. No episódio 6, ela declara de forma explícita: considera-se parte dos planos de Pennywise porque o reconhece como pai. Essa convicção sustenta sua disposição para auxiliar a criatura em seus ciclos de violência, função que se torna possível graças às facilidades que o cargo no Juniper Hill lhe concede.
Origem familiar: o primeiro Pennywise humano
A revelação sobre a linhagem de Periwinkle conduz o espectador ao passado de Derry. Segundo o relato da própria Ingrid, seu pai integrava uma trupe circense itinerante no início do século XX e se apresentava sob o nome de Pennywise, o Palhaço Dançarino. A família, nela incluída enquanto criança, percorria diversas localidades até estacionar em Derry. Durante essa passagem, o artista desapareceu sem deixar vestígios, evento que marcou a vida da filha.
Ainda que não existissem razões concretas para permanecer na cidade, Ingrid declara sentir-se estranhamente atraída por Derry após o sumiço do pai. Os ensinamentos adquiridos durante a infância – truques de palco, maquiagem exagerada, figurinos vibrantes – permitiram que assumisse o papel de Periwinkle, perpetuando a tradição circense familiar. Assim, a personagem transforma a memória paterna em identidade própria ao mesmo tempo em que reforça a aura de mistério que envolve o local.
Transição do livro e dos filmes para a série
No romance IT: A Coisa, Stephen King insere brevemente a figura da senhora Kersh em uma passagem envolvendo Beverly Marsh. A jovem visita a suposta hospitaleira, mas descobre que se trata de uma ilusão criada pela entidade com o intuito de assassiná-la. A mesma lógica foi reproduzida nos dois longas-metragens lançados recentemente, conectados cronologicamente à nova série da plataforma HBO Max.
IT: Bem-Vindos a Derry, entretanto, altera significativamente esse elemento. Ao posicionar Ingrid Kersh como indivíduo autêntico, a obra televisiva distingue entre o homem que um dia vestiu a fantasia de Pennywise e a criatura alienígena que, mais tarde, usurparia tanto o nome quanto a aparência. Essa separação cria camadas adicionais de motivação para Periwinkle e oferece um novo ponto de vista sobre como a entidade manipula figuras humanas para executar seus atos.
O vínculo com a entidade alienígena
Mesmo após reconhecer que o pai humano foi morto – indiretamente ou não – pelo ser sobrenatural, Ingrid demonstra acreditar que fragmentos da personalidade dele residem dentro da criatura. Em diálogo no episódio 6, ela defende a ideia de que “uma filha sabe” quando encontra o próprio pai, ainda que apresentado sob forma diferente. Essa convicção, reforçada por múltiplos encontros ao longo dos anos, serve como mecanismo de controle emocional usado por Pennywise para garantir a lealdade da enfermeira.
A série evidencia que a criatura se aproveita da ausência de distinção, na mente de Ingrid, entre o homem que a criou e o monstro que passou a aterrorizá-la. Essa confusão afeta a capacidade de julgamento da personagem, que enxerga sua colaboração como continuação de um legado familiar. O resultado é uma relação utilitarista: a entidade mantém Periwinkle por perto enquanto ela se mostra eficaz em atrair vítimas; ao mesmo tempo, demonstra pouco afeto genuíno e insinua a possibilidade de descartá-la assim que deixe de ser útil.
Atuação em Juniper Hill e participação nas matanças
Com acesso irrestrito aos corredores de Juniper Hill, Ingrid dispõe de ambiente ideal para detectar pessoas emocionalmente vulneráveis, especialmente crianças e adolescentes. A narrativa indica que ela utiliza esse contato para intensificar o medo nas vítimas, emoção essencial para o alimento de Pennywise. Sob a máscara de Periwinkle, a enfermeira amplia o impacto psicológico dos encontros, transformando histórias hospitalares em palco para aparições de cunho circense aterrorizante.
A conexão profissional também permite que Ingrid domine registros médicos, horários de visita e rotinas de tratamento. Essas informações logísticas facilitam a escolha de alvos sem levantar suspeitas externas, explicando parte da eficiência dos ataques da entidade. Nos flashbacks apresentados, a série mostra que a personagem já colaborava com o pai nas antigas performances e, portanto, conhece as técnicas necessárias para hipnotizar plateias, capacidade que aplica agora em contexto sombrio.
Consequências desse elo para o futuro de Derry
Conforme os eventos avançam, IT: Bem-Vindos a Derry ressalta que a criatura não nutre compromisso permanente com seus associados humanos. Os diálogos indicam que Pennywise avalia cada aliado a partir do grau de utilidade imediata. Embora Ingrid permaneça fiel, a postura distante da entidade sugere que a colaboração será encerrada sem remorso caso deixe de contribuir para a coleta de medo e carne.
Ao mesmo tempo, a participação de Periwinkle reforça a ideia de que Derry atrai indivíduos marcados por perdas pessoais e por laços quebrados, moldando-os em extensões da própria maldade que habita a cidade. Ingrid Kersh ilustra esse fenômeno: órfã de pai, circense sem companhia e enfermeira em instituição psiquiátrica, ela encontra sentido na perpetuação de uma identidade que combina nostalgia, trauma e terror.
Panorama dos elementos centrais
A progressão dramática construída a partir da revelação da paternidade de Ingrid acrescenta novos eixos narrativos à franquia IT. Ao diferenciar o Pennywise humano – artista circense desaparecido – do ser alienígena que assume sua fachada, a série propõe linhas paralelas de horror: uma representada pela brutalidade extraconsciente da criatura; outra, pela fragilidade humana que, em busca de pertencimento, cede à cooptação.
No quadro geral, Periwinkle sintetiza essa fusão. Ela concentra passado circense, cargo hospitalar e fidelidade cega em uma figura que opera na fronteira entre o tangível e o sobrenatural. Seus gestos aparentemente benevolentes como enfermeira contrastam com a presença ameaçadora nas arenas improvisadas onde diverte e intimida crianças. Dessa forma, sua importância ultrapassa o papel de coadjuvante, pois ela materializa o elo entre Derry comum e Derry maldita.
Com a temporada se aproximando do desfecho, resta acompanhar até que ponto a devoção de Ingrid será recompensada ou punida pelo ser que ela insiste em chamar de pai, e como essa dinâmica influenciará a perpetuação do ciclo de horror que define a história da cidade.

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