Pentágono restringe imprensa com novas regras que obrigam jornalistas a assinar um termo de confidencialidade para manter o acesso ao edifício sede do Departamento de Guerra (antigo Departamento de Defesa) em Washington.
O documento, enviado nesta semana às redações, determina que qualquer “divulgação não autorizada” ou tentativa de acesso a áreas sensíveis poderá resultar na cassação imediata das credenciais. A medida também limita a circulação dos profissionais pelos corredores da instalação militar.
Pentágono restringe imprensa e ameaça retirar credenciais
Em rede social, o recém-nomeado secretário de Guerra, Pete Hegseth, reforçou o recado: “A imprensa não comanda o Pentágono; o povo, sim. Usem crachá, sigam as regras ou voltem para casa”. Segundo o porta-voz-chefe Sean Parnell, as diretrizes apenas “alinhariam o prédio às normas já vigentes em outras bases”, protegendo informações sensíveis e a segurança nacional.
O memorando exige que os profissionais reconheçam por escrito que a concessão de credenciais poderá ser revista caso haja vazamento de dados classificados ou mesmo de informações públicas, mas ainda não autorizadas. A determinação surge após sucessivas fugas de informação que constrangeram a administração, como o relatório de inteligência sobre ataques ao programa nuclear iraniano.
Entidades de imprensa reagiram com veemência. O Clube Nacional de Imprensa classificou a medida como “um ataque direto ao jornalismo independente justamente onde o escrutínio é mais necessário: nas Forças Armadas dos EUA”. Já o senador democrata Jack Reed, membro do Comitê de Serviços Armados, chamou a decisão de “afronta mal concebida à liberdade de expressão”.
Apesar das críticas, o ex-presidente Donald Trump minimizou o impacto das restrições: “Nada impede repórteres”, disse no sábado. O clima de tensão aumentou depois de vir a público que Hegseth compartilhara detalhes sobre bombardeios no Iêmen em um grupo de mensagens que incluía um jornalista, fato ainda sob investigação pelo órgão de controle do Pentágono, conforme noticiou a BBC.
Ainda que o Departamento de Guerra afirme manter o compromisso com a transparência, organizações jornalísticas temem que a exigência de silêncio prévio dificulte o acesso do público a informações cruciais sobre operações militares e gastos de defesa.
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Crédito da imagem: EPA