Oracle vê ações despencarem após ampliar gastos em data centers de IA e frustar expectativas de receita

Oracle vê ações despencarem após ampliar gastos em data centers de IA e frustar expectativas de receita

Oracle desencadeou uma onda de aversão ao risco no mercado nesta quinta-feira ao apresentar receita aquém das projeções e, simultaneamente, elevar de forma brusca o orçamento destinado à construção de data centers voltados à inteligência artificial (IA). O resultado foi uma queda superior a 10% em seus papéis logo na abertura do pregão, movimento que contagiu outras empresas expostas ao mesmo segmento.

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Queda das ações da Oracle e impacto imediato no mercado

O recuo acentuado do valor de mercado da companhia funcionou como um gatilho para vendas generalizadas em ativos ligados à IA. Logo nas primeiras horas do dia, nomes como Nvidia, CoreWeave, Micron, Microsoft e AMD também registravam desvalorizações. A reação reflete o temor de que o ciclo de investimentos agressivos em infraestrutura possa estar correndo na frente da consolidação da demanda efetiva, elevando o risco de formação de bolha.

Embora a companhia tenha atravessado meses de forte entusiasmo — impulsionada por contratos bilionários e valorização histórica de suas ações —, o episódio atual expôs o inverso dessa narrativa: gastos disparando, endividamento crescente e uma sensibilidade extrema a qualquer sinal de que a expansão de receita não acompanhará o tamanho da ambição.

Receita abaixo das previsões reforça cautela em torno da Oracle

No trimestre recém-divulgado, a empresa totalizou US$ 16,06 bilhões em receita. O montante, na casa dos R$ 88 bilhões, ficou ligeiramente abaixo das estimativas compiladas pelos analistas. Em condições normais, uma variação pequena poderia passar despercebida. Entretanto, quando combinada a um plano de investimento que se mostra cada vez mais robusto, a diferença ganha peso significativo na balança de risco.

O lucro líquido reportado foi de US$ 6,14 bilhões (aproximadamente R$ 34 bilhões). Esse valor, porém, veio turbinado por um ganho contábil: a venda de participação na Ampere trouxe um efeito positivo de US$ 2,7 bilhões antes dos impostos. Desconsiderada essa operação pontual, a capacidade de geração de resultado orgânico fica menos vistosa, justamente no momento em que o balanço precisará sustentar um ciclo de capex acelerado.

Divisão de nuvem da Oracle: avanço percentual expressivo, porém insuficiente

A área de computação em nuvem funciona como pilar para a estratégia de IA do grupo. Dentro desse escopo, o Oracle Cloud Infrastructure (OCI) apresentou salto de 68% na comparação anual. O faturamento agregado de nuvem, ao englobar também software como serviço, subiu 14%. Mesmo assim, as cifras ficaram aquém das expectativas do mercado, o que fortaleceu a leitura de que o ritmo de expansão não acompanha o patamar de investimentos planejados.

Analistas que adotam viés mais cético alegam que, para justificar desembolsos bilionários em data centers, seria necessário observar um crescimento ainda mais acentuado no volume de contratos fechados e na utilização efetiva das plataformas em produção. O temor é de que a procura, apesar de relevante, não seja suficiente para sustentar retornos proporcionais ao capital empregado.

Investimentos em data centers de IA saltam para US$ 50 bilhões até 2026

O centro da apreensão dos investidores é o novo guia de gasto de capital. Três meses atrás, a empresa estimava destinar cerca de US$ 35 bilhões à expansão de infraestrutura até 2026. Agora, fala em algo próximo a US$ 50 bilhões. A diferença de US$ 15 bilhões, anunciada em intervalo tão curto, sinaliza uma aceleração inesperada na construção de unidades voltadas ao processamento de IA em escala global.

Esse montante excede em muito o que parte do mercado considerava razoável para o estágio atual de monetização de aplicações de inteligência artificial. Em consequência, cresce a preocupação com o aumento do endividamento e com a necessidade de sustentação de fluxo de caixa futuro capaz de compensar o compromisso financeiro assumido.

Efeitos em cadeia: ações de outras gigantes de IA recuam

A resposta negativa não se restringiu à companhia que notificou os números. Uma vez evidenciado que mesmo um fornecedor com carteira de clientes robusta e receitas multibilionárias pode decepcionar, operadores estenderam o mesmo raciocínio a outras empresas do ecossistema. Isso explica a desvalorização simultânea de fabricantes de chips, provedores de nuvem e companhias de software voltadas à inteligência artificial.

O pano de fundo é a percepção de que o setor foi precificado para a perfeição; qualquer variação abaixo do ideal funciona como gatilho para ordens de venda. A leitura é reforçada pelo fato de que o ambiente de juros, embora em trajetória de queda, continua mais restritivo do que na fase de exuberância que antecedeu o ciclo inflacionário recente, reduzindo o apetite por risco.

Analistas divididos: bolha em formação ou reação exagerada?

Duas vertentes de interpretação ganharam corpo após a divulgação dos resultados. O grupo mais pessimista enxerga na combinação de desembolsos agressivos, endividamento crescente e produtividade incerta um modelo clássico de bolha: capital abundante flui para projetos ambiciosos antes que a viabilidade financeira de longo prazo esteja comprovada. Nesse cenário, a parceria avaliada em US$ 300 bilhões com a OpenAI surge como indicativo de exposição considerável a um único cliente, aumentando o grau de concentração de risco.

Do lado oposto, analistas mais otimistas lembram que, nos últimos seis meses, a empresa assinou aproximadamente US$ 385 bilhões em contratos, envolvendo nomes de peso como Meta e Nvidia. Para essa corrente, a queda dos papéis seria desproporcional, pois a carteira de pedidos reforça a tese de demanda consistente por capacidade de IA na nuvem. Segundo essa visão, a expansão de capital seria uma resposta antecipada a contratos já mapeados.

Perspectivas de receita e desafios até 2026

A companhia manteve a projeção de encerrar o ano fiscal com receita em torno de US$ 67 bilhões, equivalente a R$ 367 bilhões. O guidance inalterado demonstra confiança da diretoria em atingir as metas, apesar do revés percebido pelo mercado. Ainda assim, a concretização desse número será acompanhada de perto, pois servirá de referencial para avaliar se a empresa pode sustentar o plano de investimento anunciado sem comprometer margens.

Até 2026, o teste real virá da evolução do uso efetivo dos novos data centers. Se a ocupação e a utilização de serviços de IA crescerem no ritmo necessário, o capex ampliado poderá se traduzir em fontes adicionais de receita e em expansão de participação de mercado. Caso contrário, a pressão sobre o fluxo de caixa e sobre o endividamento pode se intensificar, alimentando novas ondas de volatilidade nos papéis.

Com o orçamento de US$ 50 bilhões para infraestrutura de inteligência artificial agora confirmado como meta para 2026, investidores permanecem atentos aos próximos balanços trimestrais, que mostrarão se o crescimento da receita acompanha o cronograma de desembolso anunciado.

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