Operação Rastreio: mais de 30 presos por cursos online de desbloqueio de celulares roubados

Operação Rastreio: mais de 30 presos por cursos online de desbloqueio de celulares roubados

Mais de 30 pessoas foram presas em flagrante, em diversos estados brasileiros, durante a nova fase da Operação Rastreio, coordenada pela Polícia Civil do Rio de Janeiro. Os detidos são suspeitos de integrar uma rede especializada em desbloquear smartphones obtidos em furtos e roubos, comercializando cursos virtuais que ensinavam o procedimento e facilitavam a reintrodução de aparelhos no mercado informal.

Índice

O que motivou a ação policial

A ofensiva deflagrada na segunda-feira (17) nasceu de uma investigação iniciada em maio, quando agentes prenderam Alan Gonçalves, apontado como o principal instrutor dos cursos clandestinos. Ao longo dos meses, a equipe de investigadores mapeou transações financeiras, conversas em aplicativos de mensagens e registros de remessas de aparelhos, identificando uma cadeia de colaboradores que atuava muito além das fronteiras do Rio de Janeiro. A evidência de que o esquema movimentava celulares em larga escala acelerou o planejamento de buscas simultâneas para evitar a dispersão de provas.

Quem são os investigados

Entre os mais de 30 autuados encontram-se técnicos em manutenção de eletrônicos, pequenos comerciantes e intermediários virtuais. Segundo os relatórios apresentados, todos eram clientes diretos ou indiretos do especialista preso no primeiro semestre. Eles entregavam dispositivos bloqueados para o desbloqueio ou adquiriam as videoaulas a fim de replicar o método em seus próprios pontos de venda. A cooperação entre participantes garantia um fluxo constante de aparelhos, integrando diferentes etapas do processo: coleta, modificação de software e revenda.

Onde ocorreram as buscas e apreensões

A operação contou com diligências em 11 unidades da federação, entre elas São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Alagoas e Rondônia. No total, 132 mandados de busca e apreensão foram executados. Vários alvos mantinham quiosques, boxes ou lojas especializadas em eletrônicos, locais escolhidos estrategicamente para facilitar a oferta de aparelhos supostamente “seminovos” a consumidores que desconheciam a origem ilícita. Em cada endereço, peritos recolheram celulares ainda embalados, computadores usados para reconfiguração de firmware e anotações que indicam a frequência de negociações.

Como funcionava o desbloqueio dos aparelhos

A prática mais recorrente envolvia a remoção de contas vinculadas aos dispositivos e, em alguns casos, a alteração de números de IMEI, sigla que designa o identificador exclusivo de cada telefone. A investigação aponta que Alan Gonçalves prometia tirar os IMEIs do Cadastro Nacional de Celulares com Restrição (CNCR), sistema que bloqueia equipamentos declarados como furtados ou roubados. Ao driblar essa barreira, os envolvidos conseguiam reativar o aparelho junto às operadoras, mascarando o histórico criminal e oferecendo o produto como se estivesse “legalizado”.

Por que o desbloqueio alimenta outros crimes

A retirada de travas de segurança não se limitava à revenda. Parte dos investigados solicitava o serviço para acessar dados pessoais armazenados nos smartphones. Entre os alvos prioritários estavam aplicativos bancários: com o dispositivo em mãos e sem a proteção de senhas, os criminosos realizavam transferências, contratavam empréstimos e praticavam fraudes em nome das vítimas. A investigação também apurou a utilização de informações sensíveis para a abertura de contas em nome de terceiros, ampliando o impacto financeiro do delito.

Impacto financeiro e social

A revenda de celulares desbloqueados movimenta valores expressivos e dificulta o rastreamento dos equipamentos originais. Consumidores atraídos por preços abaixo da média fomentam involuntariamente o ciclo de furtos e roubos, gerando novas vítimas e sobrecarregando a infraestrutura de segurança pública. Ao mesmo tempo, o acesso indevido a dados bancários potencializa perdas econômicas, afetando usuários que muitas vezes desconhecem que seus dispositivos foram reativados em outra localidade.

Números alcançados pela Operação Rastreio

De acordo com a Polícia Civil do Rio, a Operação Rastreio já se consolidou como a maior ofensiva estadual contra o roubo, furto e receptação de celulares. Desde seu início, mais de 10 mil smartphones foram recuperados, sendo 2,8 mil devolvidos aos legítimos proprietários após conferência de nota fiscal e registro de ocorrência. Além das prisões desta semana, o total de suspeitos detidos pela iniciativa supera 700, englobando desde ladrões que atuam nas ruas até responsáveis pela revenda de aparelhos adulterados.

Detalhes dos mandados cumpridos

Os 132 mandados de busca e apreensão abrangeram a coleta de equipamentos em diferentes estágios de manipulação. Em alguns endereços, policiais encontraram estoques inteiros de aparelhos prontos para serem anunciados em sites de comércio eletrônico, já acompanhados de notas fiscais falsificadas. Em outros locais, técnicos foram flagrados executando procedimentos de substituição de placas internas, etapa crucial para modificar o número de IMEI. Todo o material recolhido segue para perícia, com foco em identificar a cadeia de serial numbers e rastrear eventuais conexões internacionais.

Estrutura da rede criminosa

Os depoimentos colhidos até o momento indicam um modelo de negócio fragmentado, mas interdependente. Há quem atue apenas na aquisição de lotes de celulares furtados, muitas vezes comprados por valores irrisórios em mercados paralelos. Outros integrantes concentram-se na etapa de desbloqueio, cobrando taxa unitária para cada procedimento. Finalmente, revendedores circulam entre feiras populares e plataformas online para atingir consumidores finais. A descentralização dificulta a identificação de um comando único, motivo pelo qual a polícia investe na análise de dados apreendidos para mapear vínculos financeiros.

Reação das autoridades

Responsáveis pela investigação destacam que o êxito da operação dependia da colaboração entre as Polícias Civis de todos os estados envolvidos. A troca de informações permitiu cruzar boletins de ocorrência, registros de IMEI e suspeitos já monitorados por receptação. As equipes afirmam que novas fases não estão descartadas, pois a análise de documentos digitais pode revelar mais envolvidos. Até o momento, os presos permanecem à disposição da Justiça e podem responder por receptação, furto qualificado, associação criminosa e violação de dispositivo informático.

Consequências para o mercado ilegal de smartphones

Ainda que a operação não encerre completamente o comércio de celulares ilícitos, a apreensão de grandes lotes e a neutralização de um dos principais facilitadores digitais gera impacto imediato na oferta desses aparelhos. Isso tende a inibir transações de alto volume e aumentar o risco percebido por receptadores, pelo menos até que novos métodos sejam criados. A Polícia Civil reforça que ações contínuas de fiscalização, aliadas ao bloqueio eficiente de IMEIs, são essenciais para reduzir a atratividade financeira do crime.

A Operação Rastreio segue em andamento, com perícia nos equipamentos recolhidos e análise de depósitos bancários relacionados às aulas de desbloqueio. As investigações mantêm o foco na interrupção de toda a cadeia de circulação de celulares, desde o furto inicial até a venda ao consumidor final, a fim de limitar o lucro obtido pelo crime e aumentar a restituição de aparelhos às vítimas originais.

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