OnlyFans anuncia verificação de antecedentes criminais de criadores para reforçar segurança da plataforma

Lead
A plataforma OnlyFans passará a exigir a checagem de antecedentes criminais de usuários que se cadastrarem como criadores de conteúdo, iniciativa revelada pela diretora-executiva Keily Blair e que será executada pela empresa de tecnologia Checkr Trust, começando pelos Estados Unidos. O objetivo declarado é ampliar a segurança da comunidade ao impedir que pessoas com condenações penais se tornem influenciadoras no serviço dedicado majoritariamente à divulgação de material adulto.
- Responsáveis pela mudança
- Como a verificação será conduzida
- Objetivos e justificativas apontados pela direção
- Pontos ainda indefinidos
- Reação da comunidade de criadores
- Comparação com iniciativas semelhantes
- Quem é a Checkr e quais são as críticas ao seu histórico
- Impactos potenciais para o ecossistema OnlyFans
- Próximos passos aguardados pelo mercado
Responsáveis pela mudança
O anúncio partiu da própria Keily Blair, que lidera a companhia desde 2023. Segundo a executiva, a adoção do novo procedimento foi negociada com a Checkr Trust, braço da Checkr focado em análises de risco. A terceirizada já presta serviço semelhante a empresas como Uber, Lyft e Postmates, nas quais automatiza a triagem de dados judiciais, civis e administrativos de potenciais colaboradores. No caso do OnlyFans, a verificação será implantada inicialmente no mercado norte-americano e deverá, em um segundo momento, alcançar outras regiões ainda não especificadas.
Como a verificação será conduzida
A Checkr Trust utilizará sistemas informatizados para vasculhar bancos de dados públicos em busca de referências criminais vinculadas aos candidatos a criador. O processo inclui a coleta automática de registros estaduais e federais, seguida de uma etapa de controle de qualidade conduzida por analistas humanos. Depois de concluída a varredura, a empresa enviará o resultado ao OnlyFans, que tomará a decisão final sobre a aprovação ou recusa do cadastro.
Objetivos e justificativas apontados pela direção
Conforme detalhado por Blair, o procedimento visa criar um ambiente de maior proteção para usuários que publicam ou consomem conteúdo adulto. A executiva argumenta que a triagem criminal é capaz de bloquear previamente indivíduos já condenados, reduzindo potenciais riscos à comunidade digital. Ao defender a parceria, ela afirmou que iniciativas desse tipo “fazem a diferença nos bastidores” e mantêm o espaço “seguro e empoderado” para ambas as pontas — criadores e assinantes.
Pontos ainda indefinidos
Algumas perguntas permanecem sem resposta oficial. A empresa não esclareceu se a exigência valerá apenas para novos registros ou se será retroativa, obrigando contas ativas a realizar a triagem. Também não houve detalhamento sobre quais tipos de crimes resultarão em bloqueio imediato. Sem essa lista de impedimentos, criadores e observadores do setor ainda não sabem se condenações menores, infrações de trânsito ou acusações ligadas ao trabalho sexual presencial serão levadas em conta na avaliação.
Reação da comunidade de criadores
O anúncio encontrou resistência significativa entre produtores de conteúdo adult oriented, principalmente aqueles que dependem da plataforma como fonte primordial de renda. Reportagem do site 404 Media reuniu depoimentos que expressam receio de que a novidade imponha barreiras adicionais ao trabalho sexual online, considerado por parte dos profissionais como a modalidade mais segura da atividade.
Uma criadora, que publica em múltiplos serviços, afirmou que a verificação não coíbe necessariamente predadores, pois pessoas com histórico incerto podem nunca ter sido condenadas. Ela teme que o filtro apenas penalize trabalhadores que já enfrentam estigma social, forçando a migração para alternativas menos protegidas. A mesma profissional criticou a falta de transparência quanto às categorias criminais analisadas, alegando que a triagem só beneficaria a indústria pornográfica em cenários muito específicos.
Outra produtora argumentou que o exame de antecedentes é invasivo e desproporcional, sobretudo em nações onde a prostituição presencial é criminalizada. Nesses locais, pessoas processadas por exercerem a atividade poderiam ser impedidas de migrar para o ambiente digital, que oferece maior autonomia e segurança física.
Comparação com iniciativas semelhantes
Embora o OnlyFans seja uma das primeiras redes de conteúdo adulto a pôr em prática a verificação em larga escala, não está sozinho nesse movimento. Em outubro, a plataforma de vídeos Pornhub divulgou que submeterá novos criadores a processo idêntico a partir de 2026. Assim como o anúncio recente, a justificativa da empresa foi reforçar a salvaguarda de todos os envolvidos — produtores, atores e audiência.
Quem é a Checkr e quais são as críticas ao seu histórico
Fundada no estado da Califórnia, a Checkr é considerada uma das maiores companhias de background screening nos Estados Unidos. Seu modelo combina algoritmos de buscas e aprendizado de máquina para acelerar consultas em tribunais, departamentos de trânsito e listas governamentais. Apesar do portfólio com grandes clientes, a organização acumula centenas de processos judiciais por fornecimento de informações incorretas. Entre as alegações apresentadas em tribunais constam erros de identificação — como confundir pessoas com nomes semelhantes — e a citação de multas de trânsito antigas que já deveriam ter sido desconsideradas.
A confiabilidade dos relatórios também preocupa entidades de privacidade, especialmente diante do crescimento da quantidade de dados coletados. Um episódio citado no noticiário envolveu a National Public Data, que não é vinculada à Checkr, mas atua no mesmo setor. Em 2024, a empresa teve bilhões de registros vazados, material que acabou comercializado em fóruns de cibercrime. O caso alimentou o debate sobre o volume de informações sensíveis mantidas por prestadores desse tipo de serviço e os riscos associados a eventuais exposições.
Impactos potenciais para o ecossistema OnlyFans
Ao recusar candidaturas de pessoas com condenação, a plataforma espera reduzir incidentes de assédio, exploração ou comportamento abusivo. Contudo, para parte dos produtores, o efeito inverso é possível: a criação de obstáculos burocráticos que limitam a capacidade de gerar renda num ambiente controlado. Diante de margens financeiras apertadas, alguns temem que colegas busquem opções presenciais ou redes menos reguladas, onde não há garantias equivalentes de pagamento e privacidade.
Próximos passos aguardados pelo mercado
A empresa não divulgou cronograma detalhado nem prazo para eventual expansão da verificação a outros países. Nos Estados Unidos, a implantação dependerá da integração dos sistemas da Checkr aos mecanismos de onboarding do OnlyFans. Enquanto isso, criadores, especialistas jurídicos e defensores de direitos digitais acompanham os desdobramentos para compreender exatamente quais perfis podem ser excluídos e quais recursos de contestação estarão disponíveis.

Conteúdo Relacionado