Oito doenças que permanecem sob controle graças às vacinas

A imunização em massa transformou o panorama global da saúde pública. Ao estimular o sistema imunológico a reconhecer agentes infecciosos específicos, as vacinas impedem que vírus e bactérias se espalhem e gerem surtos de grandes proporções. Mesmo quando determinadas enfermidades ainda surgem de forma localizada, a alta cobertura vacinal mantém a circulação dos patógenos em níveis baixos e evita que o cenário se converta em epidemia. Entre as inúmeras conquistas proporcionadas por essa estratégia preventiva, destacam-se oito doenças atualmente controladas pela vacinação.
Poliomielite
A poliomielite é uma infecção viral contagiosa transmitida, sobretudo, pelo contato com fezes ou secreções de indivíduos contaminados. Crianças e adultos podem contrair o poliovírus; nos casos mais severos, o agente prejudica o sistema nervoso e provoca paralisia súbita, com maior frequência nos membros inferiores. A implementação de campanhas de imunização em larga escala foi decisiva para a quase erradicação do vírus em todo o planeta. O Brasil, por exemplo, deixou de registrar circulação do poliovírus selvagem em 1990. Atualmente, apenas Afeganistão e Paquistão permanecem como países endêmicos, embora algumas nações relatem casos de poliovírus derivado da própria vacina. A continuidade dos programas de vacinação regular é indispensável para impedir a reintrodução da doença em áreas onde ela já não circula.
Coqueluche
Conhecida popularmente como “tosse comprida”, a coqueluche é provocada pela bactéria Bordetella pertussis. O microrganismo instala-se no aparelho respiratório e causa acessos de tosse seca que podem persistir por semanas. A transmissão ocorre por meio de gotículas expelidas quando a pessoa infectada tosse, fala ou espirra. Bebês abaixo dos seis meses representam o grupo de maior risco; nesses pacientes, a doença pode progredir para quadros graves e até resultar em óbito. A vacina indicada para gestantes, cuidadores e para toda a população reduz a circulação bacteriana e protege especialmente os mais vulneráveis. Sem a cobertura adequada, a doença encontra brechas para ressurgir.
Tétano
O tétano decorre da ação da toxina produzida pela bactéria Clostridium tetani. O microrganismo penetra no organismo por ferimentos ou, em recém-nascidos, pelo coto umbilical. Após atingir o sistema nervoso central, a toxina gera rigidez muscular, espasmos intensos e dificuldade para engolir. Como não existe transmissão direta de pessoa para pessoa, a vacinação representa a única forma de prevenção. Na infância, o esquema inclui a vacina tríplice (difteria, tétano e coqueluche); na vida adulta, recomendam-se reforços periódicos a cada dez anos. Muitos adultos, no entanto, deixam de completar ou de lembrar dessas doses, fato que mantém o risco individual e coletivo.
Sarampo
Entre as doenças virais mais contagiosas, o sarampo propaga-se pelo ar por meio de tosse, fala ou espirros. O quadro clínico reúne febre alta, coriza, tosse e manchas vermelhas na pele. Crianças pequenas enfrentam maior risco de complicações, como pneumonia e diarreia. A imunização oferecida pela vacina tríplice viral — e, em determinadas situações, pela tetraviral — constitui a principal barreira contra o avanço do vírus. Pessoas de 12 meses a 59 anos devem manter o esquema em dia; calendários incompletos precisam ser atualizados. Em cenários de surto, bebês a partir de seis meses podem receber dose adicional conforme orientação dos serviços de saúde.
Rubéola
A rubéola é uma infecção viral que costuma afetar crianças, provocando febre baixa e o aparecimento de manchas vermelhas que começam no rosto e se espalham pelo corpo. A transmissão ocorre pelo contato direto com secreções de indivíduos contaminados. Embora geralmente leve, a doença adquire extrema gravidade quando acomete gestantes, pois pode causar a Síndrome da Rubéola Congênita, responsável por malformações no feto. A vacina tríplice viral mantém o vírus sob controle e protege tanto mulheres em idade fértil quanto o restante da população, interrompendo a cadeia de transmissão.
Caxumba
A caxumba, também chamada de parotidite, é provocada por vírus que se disseminam em gotículas liberadas durante tosse, espirro ou fala. Entre os sinais mais frequentes estão febre e inchaço das glândulas salivares, principalmente as parótidas. Se não houver prevenção, a infecção pode evoluir para complicações. Nos homens adultos, por exemplo, o vírus pode inflamar os testículos, condição potencialmente associada à infertilidade; nas mulheres, pode inflamar os ovários. Outras possíveis consequências incluem meningite viral. A vacinação é a estratégia capaz de evitar tanto a manifestação da doença quanto suas repercussões.
Febre amarela
A febre amarela é uma enfermidade viral transmitida por mosquitos. No Brasil, circula a forma silvestre, na qual os vetores Haemagogus e Sabethes atuam em áreas de mata ou em regiões rurais. A infecção provoca febre repentina, calafrios, dores de cabeça e náuseas; em casos graves, podem ocorrer sangramentos e falência hepática, renal ou cerebral. Sem tratamento específico, a prevenção depende integralmente da vacinação, recomendada a quem vive ou viaja para locais considerados de risco. A imunização coletiva reduz a probabilidade de surtos e salva vidas em cenários nos quais o contato com o vetor é frequente.
Hepatite B
A hepatite B atinge o fígado e manifesta-se por mal-estar, febre baixa, fadiga, dor abdominal, náuseas e vômitos. Em alguns pacientes, a pele e os olhos podem apresentar tonalidade amarelada. Quando a infecção se torna crônica, o processo inflamatório prolongado pode evoluir para cirrose ou câncer hepático. A vacina está disponível já na maternidade e permanece acessível para todas as faixas etárias, reduzindo substancialmente o risco de contágio e de complicações posteriores. O esquema de doses completo representa uma barreira eficaz tanto para a transmissão vertical, de mãe para filho, quanto para o contágio em outras circunstâncias.
Os oito exemplos apresentados demonstram o papel estratégico da vacinação na contenção de patógenos capazes de causar graves impactos à população. A manutenção de altas coberturas vacinais assegura que esses microrganismos permaneçam controlados, evitando retrocessos em conquistas de décadas.

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