Nubank solicitará licença bancária em 2026 para manter marca diante de nova regra do Banco Central

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O Nubank revelou que pretende formalizar, em 2026, o pedido de licença bancária ao Banco Central do Brasil. A decisão, anunciada em 3 de dezembro de 2025, tem como foco preservar a marca já consolidada da fintech após a entrada em vigor de uma regra que restringe o uso do termo “banco” a instituições que possuam autorização para operar como banco tradicional.
- Por que o Nubank decidiu solicitar a licença bancária?
- O que muda para os mais de 110 milhões de clientes após a licença bancária?
- Resolução Conjunta nº 17: como a norma influencia a estratégia do Nubank
- Estrutura regulatória atual e o caminho até a licença bancária
- Impactos em capital, liquidez e governança segundo a fintech
- Histórico de crescimento e inclusão financeira
Por que o Nubank decidiu solicitar a licença bancária?
Diante da Resolução Conjunta nº 17, editada pelo Banco Central e pelo Conselho Monetário Nacional, a identidade visual de empresas do setor financeiro passou a depender do tipo de autorização que cada companhia possui. O regulamento determina que nomes, marcas e qualquer comunicação com o público utilizem adequadamente a palavra “banco” somente quando a instituição detém permissão plena para tal atividade. Sem a licença bancária, companhias classificadas apenas como instituições de pagamento, sociedades de crédito ou corretoras de valores estariam proibidas de empregar o termo “bank” em língua inglesa ou “banco” em português.
Atualmente, o Nubank figura justamente nessa condição: opera como instituição de pagamento, sociedade de crédito e corretora de valores, mas não possui a permissão bancária integral. Se não se adequasse, a empresa seria forçada a alterar o nome ou adotar uma marca distinta. Para evitar essa ruptura — potencialmente onerosa em marketing e reconhecimento público —, a fintech decidiu antecipar-se e buscar o enquadramento regulatório exigido.
O que muda para os mais de 110 milhões de clientes após a licença bancária?
A companhia informou que a transição não acarretará alterações práticas na relação com seus mais de 110 milhões de usuários. Segundo o comunicado, produtos já conhecidos, como contas de pagamento, cartões de crédito, investimentos e aplicações, continuarão disponíveis nas mesmas plataformas, com condições inalteradas. Além disso, a nova autorização não implicará acréscimo relevante nos requisitos de capital ou liquidez, pois o grupo declara atender, de antemão, às exigências de solidez definidas pelo regulador.
Para o consumidor final, portanto, a principal diferença será imperceptível: a manutenção do nome Nubank e de todo o visual já associado aos serviços digitais. Com a licença bancária, a empresa poderá estampar a denominação “banco” sem conflitos normativos, mantendo a experiência de usuário intacta.
Resolução Conjunta nº 17: como a norma influencia a estratégia do Nubank
Editada pelo Banco Central em parceria com o Conselho Monetário Nacional, a Resolução Conjunta nº 17 busca promover maior transparência no mercado financeiro. O texto impede que empresas sem autorização plena induzam o cliente a entender que oferecem serviços típicos de bancos, como captação de depósitos à vista ou concessão de crédito usando recursos próprios de forma ilimitada. A regra vale para razão social, nome fantasia, presença digital e qualquer peça de comunicação.
A norma contém, contudo, uma exceção: fintechs inseridas em conglomerados que possuam ao menos uma entidade com permissão bancária podem continuar usando o termo “banco”. O Nubank optou por atender a esse critério por meio da criação — ou da aquisição — de uma entidade bancária dentro do próprio conglomerado, movimento que elimina o risco de ter de renomear toda a operação.
Estrutura regulatória atual e o caminho até a licença bancária
Desde sua fundação, há 12 anos, o Nubank operou primordialmente sob o guarda-chuva de instituição de pagamento, categoria que autoriza a emissão de moeda eletrônica e a movimentação de contas de pagamento sem caracterizar depósitos bancários. Paralelamente, a fintech obteve registro como sociedade de crédito, podendo conceder empréstimos, e como corretora de valores, permitindo acesso de clientes a produtos de investimento.
A migração para o status bancário exige processos internos de adequação, apresentação de documentos ao Banco Central e análise detalhada de capital, governança, controles de risco e estrutura de tecnologia. A empresa afirma já cumprir integralmente os requisitos prudenciais, indicando que o impacto na alavancagem e na liquidez será mínimo. A expectativa divulgada é concluir todo o trâmite em 2026, ano em que a licença bancária deverá ser expedida, caso o regulador aprove o pedido.
Impactos em capital, liquidez e governança segundo a fintech
Embora quaisquer instituições que pleiteiem autorização plena de banco precisem se adequar a índices de Basileia, limites de exposição ao risco e regras de governança mais rigorosas, o Nubank declarou que sua estrutura já contempla tais exigências. Em nota, a companhia frisou que não antecipa “alterações materiais” nos requerimentos de capital ou liquidez, indicando que o nível de recursos próprios atualmente registrado supera os patamares mínimos.
Do ponto de vista de governança, a autorização bancária implicará reportes periódicos adicionais ao Banco Central, inclusive demonstrativos financeiros padronizados e políticas formais de prevenção à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo. A fintech destacou que esses processos já estão em funcionamento, pois fazem parte da rotina de instituições de pagamento e corretoras sujeitas às mesmas normas em diversos aspectos.
Histórico de crescimento e inclusão financeira
Fundada em 2013, a companhia contabiliza 12 anos de trajetória e se atribui o papel de inserir 28 milhões de pessoas no sistema financeiro. Esse contingente corresponde a indivíduos que, antes de abrir conta ou contratar serviços na plataforma digital, não possuíam relacionamento com bancos ou instituições tradicionais. A disseminação de contas sem tarifas, aliada a processos de cadastro integralmente digitais, contribuiu para o aumento expressivo da base de usuários.
Atualmente, com mais de 110 milhões de clientes, o Nubank opera não apenas no Brasil, mas também em outros mercados da América Latina. No entanto, o pedido de licença bancária refere-se especificamente ao mercado brasileiro, onde a Resolução Conjunta nº 17 vigora e onde a marca “Nubank” contém o sufixo sensível aos novos parâmetros regulatórios.
A CEO do Nubank no Brasil, Lívia Chanes, sinalizou que identidade, propósito de simplificar a vida financeira e a premissa de oferecer produtos com menos burocracia permanecem inalterados, mesmo após a transição regulatória. Segundo a executiva, a trajetória de expansão continuará baseada em serviços digitais e na ampliação do acesso a soluções financeiras para públicos historicamente subatendidos.
Com o cronograma oficial fixado para 2026, o mercado aguarda a submissão formal da documentação ao Banco Central e a subsequente análise do órgão supervisor, etapas necessárias para que a fintech possa, enfim, operar como banco pleno sem precisar revisar seu nome ou identidade visual.

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