Foguete New Glenn leva missão ESCAPADE rumo a Marte após adiamento provocado por explosão solar

Foguete New Glenn leva missão ESCAPADE rumo a Marte após adiamento provocado por explosão solar

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O foguete New Glenn, da Blue Origin, tem nova tentativa de lançamento nesta quinta-feira, 13 de junho, a partir das 16h57 (horário de Brasília), para colocar em rota marciana a missão ESCAPADE da NASA. A decolagem ocorre depois de dois adiamentos consecutivos, sendo o último motivado por uma explosão solar de intensidade inédita. Dois satélites idênticos, batizados de Blue e Gold, compõem a carga principal. Construídos pela Rocket Lab e coordenados pela Universidade da Califórnia em Berkeley, eles investigarão como o vento solar afeta o campo magnético e a atmosfera superior de Marte. O voo NG-2 será apenas o segundo da história do New Glenn e o primeiro de caráter operacional.

Índice

Sequência de adiamentos e nova janela de lançamento

O cronograma original previa a decolagem no domingo, 9 de junho. Condições consideradas desfavoráveis motivaram a primeira postergação. Na sequência, uma explosão solar classificada como recorde impôs um segundo atraso, adiando a operação para a presente data. Com os contratempos superados, a Blue Origin reservou uma janela de 90 minutos que se abre às 16h57 e se encerra às 18h27, também no horário de Brasília. Durante esse intervalo, a equipe de controle avaliará continuamente meteorologia, nível de radiação e parâmetros do veículo a fim de autorizar a contagem regressiva final.

New Glenn: segundo voo e meta de reutilização

O lançamento da missão ESCAPADE marca o voo NG-2, segundo teste em grande escala do New Glenn. Após liberar a carga útil em trajetória de escape da Terra, o primeiro estágio deverá retornar de forma controlada, realizando pouso vertical em uma balsa estacionada no oceano Atlântico. Esse procedimento, semelhante ao praticado pela SpaceX, integra a estratégia da Blue Origin para reduzir custos a longo prazo e aumentar a cadência de lançamentos. A companhia pretende validar, nessa oportunidade, a recuperação do estágio e a integridade dos sistemas de propulsão e navegação para futuras missões de grande porte.

Composição e metas da missão ESCAPADE

ESCAPADE é a sigla em inglês para Explorers of the Escape and Plasma Dynamics of the Martian Atmosphere. O projeto compreende dois satélites gêmeos — Blue e Gold — que atuarão em órbitas complementares ao redor de Marte. Cada plataforma carrega instrumentos destinados a medir partículas de plasma, campos magnéticos e densidade atmosférica. Ao comparar dados simultâneos de pontos distintos, os cientistas pretendem caracterizar a influência do vento solar na perda gradativa da atmosfera marciana.

Essa perda é apontada como fator decisivo para a transformação de Marte em um ambiente mais frio e seco no decorrer de sua história. Segundo o pesquisador Rob Lillis, responsável científico pelo projeto, as medições também irão subsidiar modelos capazes de prever tempestades solares potencialmente perigosas para futuras tripulações, tanto em trânsito como na superfície do planeta vermelho.

Primeira missão da NASA para Marte em mais de cinco anos

Desde o lançamento do rover Perseverance e do helicóptero Ingenuity, em 30 de julho de 2020, a agência norte-americana não enviava novas sondas a Marte. A partida dos satélites Blue e Gold, portanto, encerra um intervalo superior a cinco anos sem missões marcianas inéditas. Esse hiato torna a ESCAPADE peça central nos esforços de retomar a coleta de dados sobre clima espacial, evolução atmosférica e condições de habitabilidade e segurança para astronautas.

Trajetória incomum: permanência prolongada no ponto de Lagrange L2

Ao contrário de expedições que aproveitam a chamada janela de transferência ideal — período que ocorre aproximadamente a cada dois anos, quando Marte e Terra se alinham de maneira favorável —, a ESCAPADE seguirá uma rota alternativa. Após a queima inicial, os satélites ficarão cerca de um ano nas proximidades do ponto de Lagrange L2, região de equilíbrio gravitacional situada entre o Sol e a Terra. Essa permanência prolongada permitirá ajustes finos de velocidade e direção antes do sobrevoo de retorno ao entorno terrestre previsto para 2026.

No reencontro com a Terra, a gravidade do planeta será empregada para alterar o plano orbital e reduzir a energia necessária ao trajeto final. Depois dessa manobra, os satélites deverão iniciar travessia de aproximadamente dez meses até Marte, com chegada estimada para 2027. A fase científica propriamente dita terá duração de cerca de 11 meses em órbita marciana. Durante esse intervalo, Blue e Gold executarão sequências coordenadas de coleta de dados, transmitindo as informações ao centro de controle na Califórnia.

Medições focadas em vento solar e clima espacial

O objetivo central da missão é quantificar a interação entre o vento solar — fluxo de partículas emitidas continuamente pelo Sol — e as camadas superiores da atmosfera de Marte. Os satélites analisarão o chamado “escape” atmosférico, processo no qual partículas são arrancadas do planeta conforme a energia das partículas solares incide sobre o campo magnético residual marciano. Ao determinar taxas de escape e variações em função da atividade solar, os cientistas buscam estabelecer a relação entre tempestades solares, erosão atmosférica e mudanças climáticas a longo prazo.

Além disso, os instrumentos deverão registrar variações rápidas associadas a erupções solares repentinas, semelhantes à que provocou o adiamento da própria decolagem. Esses dados serão essenciais para modelos de previsão de radiação, oferecendo subsídios técnicos a missões humanas planejadas para a década de 2030 ou além.

Operação de lançamento em detalhe

Para garantir o sucesso da missão, a sequência de eventos durante o lançamento foi definida com precisão. Após a ignição, o New Glenn deverá acelerar até velocidade orbital e, em seguida, liberar o estágio superior. Esse estágio transportará a carenagem com Blue e Gold e efetuará a queima de injeção necessária para alcançar a trajetória de fuga da influência gravitacional terrestre. Concluída essa etapa, o estágio superior descartará os satélites em órbita heliocêntrica pré-determinada.

Enquanto isso, o primeiro estágio executará uma série de retropropulsões controladas, alinhará sua orientação e descerá em direção à balsa oceanográfica. O pouso bem-sucedido certificará a capacidade de reutilização do veículo, componente estratégico no portfólio de lançamentos da Blue Origin.

Relevância para a indústria espacial e para a comunidade científica

O lançamento de hoje combina interesses complementares. Para a NASA, representa a oportunidade de reacender a presença científica em Marte com uma missão relativamente econômica e focada em fenômenos de importância direta para voos tripulados. Para a Blue Origin, o NG-2 é passo determinante para validar o New Glenn como alternativa comercial de grande porte. Já a Rocket Lab e a Universidade da Califórnia em Berkeley ganham a chance de avaliar, em ambiente real, o desempenho de satélites de médio porte em trajetórias interplanetárias complexas.

Ao alcançar a órbita do planeta vermelho em 2027, Blue e Gold deverão fornecer um volume de dados sem precedentes sobre a dinâmica do plasma marciano. A expectativa é que essas informações complementem observações anteriores de sondas como MAVEN, estabelecendo comparação temporal e enriquecendo modelos atmosféricos.

Próximos marcos no cronograma

Após a decolagem, a primeira verificação crítica ocorrerá na separação dos satélites, fase em que sensores confirmam posicionamento e rotação corretos. Nas semanas subsequentes, equipes de controle ajustarão as antenas para comunicações de banda larga, calibrarão instrumentação científica e iniciarão testes de navegação. O ponto de Lagrange L2 funcionará como estação preparatória, onde os satélites executarão pequenas correções de órbita e validarão o funcionamento redundante dos sistemas antes do sobrevoo da Terra.

Em 2026, a passagem próxima ao nosso planeta exigirá sincronização precisa entre propulsores de correção e janelas de comunicação. A manobra definirá o ângulo final de interceptação de Marte. Já em 2027, na fase de inserção orbital, cada satélite reduzirá sua velocidade por meio de propulsão própria, estabelecendo órbitas elípticas que gradualmente serão circularizadas para maximizar cobertura geográfica.

Com todas essas etapas delineadas, a missão ESCAPADE inicia hoje uma jornada que se estenderá por quase oito anos, da plataforma na Flórida até o término das operações em Marte. O sucesso do lançamento representará avanço significativo tanto para a compreensão da evolução atmosférica marciana quanto para o aperfeiçoamento de sistemas de lançamento reutilizáveis.

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