Netanyahu admite possíveis novos ataques ao Hamas foi a mensagem central do primeiro-ministro israelense nesta segunda-feira (2), durante coletiva em Jerusalém ao lado do secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio. O líder disse que integrantes do grupo palestino “não possuem imunidade, onde quer que estejam”, sinalizando que novas ações podem ocorrer mesmo fora das fronteiras de Israel.
No encontro, Benjamin Netanyahu defendeu o direito “de qualquer país se proteger além de suas fronteiras”, justificando a ofensiva da semana passada em Doha, no Catar, que matou seis pessoas, segundo o Hamas. A operação, realizada sem apoio dos Estados Unidos, provocou condenação internacional e irritação da Casa Branca, que garantiu ao emirado que o episódio não se repetiria em seu território.
Netanyahu admite possíveis novos ataques ao Hamas
Questionado sobre eventual participação americana no ataque, Netanyahu respondeu a jornalistas: “Fizemos por conta própria. Ponto final”. Mesmo sob tensão, Rubio afirmou que Washington mantém “relações sólidas com nossos aliados do Golfo” e elogiou laços tecnológicos e culturais com Israel, chamando o país de “melhor aliado” dos EUA na região.
A visita ocorre enquanto líderes árabes realizam cúpula em solidariedade ao Catar. O primeiro-ministro catariano pediu à comunidade internacional que puna Israel e abandone “padrões duplos”. O Catar abriga importante base aérea americana e atua como mediador indireto entre Israel e Hamas desde 2012, abrigando o escritório político da facção.
Além da polêmica operação em Doha, Netanyahu e Rubio discutiram os planos militares israelenses para ocupar bairros ocidentais da Cidade de Gaza e a expansão de assentamentos na Cisjordânia. No fim de semana, o Exército israelense intensificou a demolição de edifícios residenciais em Gaza City, forçando o deslocamento estimado de 250 mil palestinos. A ONU alertou que um avanço terrestre agravaria a já crítica situação humanitária.
Paralelamente, cresce a expectativa para a Assembleia-Geral da ONU, na próxima semana, quando países como Reino Unido, França e Canadá podem reconhecer oficialmente o Estado da Palestina. A possível mudança pressiona o governo israelense, cujo bloco mais conservador defende a anexação de grande parte da Cisjordânia, onde vivem cerca de 700 mil colonos judeus em 160 assentamentos considerados ilegais pelo direito internacional.
Para especialistas citados pela BBC, novas ações contra líderes do Hamas em territórios de aliados dos EUA poderiam ampliar o isolamento diplomático de Israel, sobretudo se Washington não conseguir conter o avanço das operações.
Netanyahu e Rubio finalizaram a agenda com visita ao Muro das Lamentações, acompanhados do embaixador norte-americano Mike Huckabee. Nenhum dos três respondeu a perguntas sobre a operação no Catar. À noite, Rubio participará da inauguração da “Pilgrimage Road”, túnel arqueológico polêmico escavado sob casas palestinas no bairro de Silwan, Jerusalém Oriental.
Em resumo, o chefe de governo israelense reafirma que continuará perseguindo líderes do Hamas “onde quer que estejam”, mesmo sob críticas de aliados e riscos de escalada regional. Para acompanhar os desdobramentos deste e de outros temas de geopolítica, visite nossa seção Notíciase Tendências e mantenha-se informado.
Crédito: AFP via Getty Images