NASA exibirá ao vivo primeiras imagens detalhadas do cometa interestelar 3I/ATLAS, reunindo dados de várias missões

Lead – o que vai acontecer
A NASA programou para as 16h (horário de Brasília) desta quarta-feira, 19, uma transmissão ao vivo a partir do Centro de Voos Espaciais Goddard, em Maryland, com o objetivo de revelar imagens nunca antes divulgadas do cometa interestelar 3I/ATLAS. Durante o evento, cientistas da agência apresentarão registros produzidos por diversas missões e explicarão o comportamento do objeto, que se destaca por ser apenas o terceiro corpo já identificado vindo de fora do Sistema Solar.
- Descoberta e natureza interestelar
- Campanha multinstrumental de observação
- Passagem próxima a Marte e imagens em alta resolução
- Impacto do shutdown nas análises
- Conteúdo da apresentação ao vivo
- Onde assistir
- Ferramentas de rastreamento em tempo real
- Relevância científica de um visitante raro
- Projeções de segurança e repercussão pública
- Próximos passos após a divulgação
Descoberta e natureza interestelar
O 3I/ATLAS foi localizado em julho por astrônomos ligados ao Sistema de Último Alerta para Impacto de Asteroides com a Terra (ATLAS, na sigla em inglês). Financiada pela própria NASA, essa rede de telescópios monitora o céu em busca de objetos que possam representar risco de colisão com o nosso planeta. A detecção de um cometa com origem exterior ao Sistema Solar é considerada rara: somente dois outros visitantes desse tipo haviam sido catalogados até então, o que torna cada dado obtido uma peça valiosa para a comunidade científica.
Campanha multinstrumental de observação
Desde a identificação inicial, o 3I/ATLAS foi alvo de uma campanha coordenada que envolveu equipamentos em solo e no espaço. No mesmo mês da descoberta, o telescópio Gemini Norte, instalado no Havaí, registrou o cometa em longas exposições filtradas nas bandas vermelha, verde e azul. As composições resultantes evidenciaram o objeto cruzando um céu densamente povoado de estrelas, oferecendo um primeiro panorama da cauda e da luminosidade emitida pelo visitante interestelar.
Passagem próxima a Marte e imagens em alta resolução
Entre 2 e 3 de outubro, o 3I/ATLAS passou relativamente perto de Marte. Aproveitando a oportunidade, a câmera HiRISE — a bordo da sonda Mars Reconnaissance Orbiter (MRO) — produziu fotografias com resolução da ordem de 30 quilômetros por pixel, segundo o astrofísico Avi Loeb, da Universidade de Harvard. As imagens capturaram uma vista lateral da chamada anticauda, além de jatos de gás e poeira expelidos à medida que o cometa se aquecia em sua aproximação gradual ao Sol.
No mesmo período, o satélite ExoMars Trace Gas Orbiter (TGO), parceria da Agência Espacial Europeia com a Roscosmos, também apontou seus instrumentos para o objeto. A sequência obtida mostra o deslocamento do cometa em relação ao planeta vermelho e complementa o material proveniente da MRO. Esses registros serão incluídos no conjunto a ser exibido ao público durante a transmissão.
Impacto do shutdown nas análises
Apesar da relevância científica, as imagens coletadas em outubro permaneceram sem análise ou divulgação por várias semanas. A razão foi a paralisação parcial das atividades do governo dos Estados Unidos, que durou 43 dias e afetou diretamente a NASA. Durante o chamado shutdown, parte das operações da agência foi suspensa, equipes foram reduzidas a serviços essenciais e processos de avaliação de dados tiveram de aguardar a retomada normal das atividades.
Conteúdo da apresentação ao vivo
Com o restabelecimento das rotinas, a NASA organizou a sessão desta quarta-feira para compartilhar o material de maneira contextualizada. A equipe responsável explicará detalhes da morfologia do 3I/ATLAS, dos fenômenos observados na anticauda e dos jatos de sublimação, além de ressaltar por que cada informação sobre um corpo interestelar pode ajudar a compreender regiões distantes da galáxia.
Estão confirmadas as participações de Amit Kshatriya, administrador associado da agência, Nicky Fox, líder da Diretoria de Missões Científicas, Shawn Domagal-Goldman, diretor interino da Divisão de Astrofísica, e Tom Statler, cientista-chefe para corpos pequenos do Sistema Solar. A presença desse grupo indica a amplitude interdisciplinar dos dados, que envolvem desde dinâmica orbital até processos físico-químicos observados nos jatos de poeira.
Onde assistir
A transmissão será veiculada nas seguintes plataformas oficiais:
• NASA+ — serviço de streaming da agência, acessível por navegadores ou aplicativos móveis;
• Aplicativo NASA — disponível para diferentes sistemas operacionais;
• Site da NASA — página principal contará com player dedicado;
• YouTube — canal oficial abrirá espaço para perguntas do público por meio da hashtag indicada pela agência;
• Amazon Prime — para usuários que optarem pelo ecossistema da plataforma.
Ferramentas de rastreamento em tempo real
Além das imagens profissionais que serão divulgadas, o cometa 3I/ATLAS pode ser acompanhado por qualquer interessado graças a recursos online que consolidam dados de posição e movimento. Entre os destaques estão:
The Sky Live — o site exibe a localização atual do cometa, a distância em relação à Terra, a constelação em que se encontra e previsões de coordenadas para os dias seguintes, facilitando o planejamento de observações amadoras.
3Iatlaslive — plataforma que coleta informações oficiais da NASA e gera mapas bidimensionais capazes de simular o deslocamento do visitante pelo Sistema Solar.
YouTube com Eyes on the Solar System — transmissões utilizam o simulador interativo desenvolvido pela NASA, permitindo navegar pela órbita do 3I/ATLAS e de outros corpos em tempo real, recurso gratuito e acessível de qualquer dispositivo.
Relevância científica de um visitante raro
Por representar apenas o terceiro objeto conhecido com origem fora do nosso Sistema Solar, o 3I/ATLAS oferece oportunidades únicas de estudo. Cada variação em sua cauda, cada mudança na taxa de emissão de poeira e cada medição de trajetória contribuem para avaliar como corpos de outras regiões da galáxia se diferenciam daqueles formados localmente. Segundo a NASA, esse tipo de conhecimento auxilia a calibrar modelos de formação planetária, a estimar abundância de materiais voláteis em ambientes distantes e a refinar parâmetros que orientam missões de defesa planetária.
Projeções de segurança e repercussão pública
Desde a descoberta, a trajetória do cometa tem sido monitorada com dez vezes mais precisão do que em estimativas iniciais, de acordo com estudos citados pela agência. Esse nível de detalhamento permitiu afastar cenários de colisão com a Terra, embora o tema chame atenção de especialistas e figuras públicas. Declarações como a de Elon Musk, que chegou a afirmar que o 3I/ATLAS poderia destruir grande parte da humanidade, alimentaram discussões nas redes sociais, mas a avaliação técnica da NASA permanece focada em monitoramento e aprendizado científico.
Próximos passos após a divulgação
Com a apresentação dos registros de outubro e o retorno das equipes depois do shutdown, os pesquisadores pretendem dar sequência à análise pormenorizada dos dados obtidos no entorno de Marte. Espera-se que novos estudos sejam submetidos a periódicos especializados após a consolidação de resultados sobre composição de poeira, dinâmica dos jatos e evolução da cauda conforme o cometa se afasta gradualmente do Sol.

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