Moto voadora Solo: pré-venda do eVTOL compacto da LEO Flight atrai entusiastas do voo pessoal

Uma moto voadora com 48 microventiladores elétricos, autonomia de até quinze minutos e dispensando licença para pilotagem acaba de entrar em pré-venda. Trata-se do Solo, projeto da norte-americana LEO Flight que pretende iniciar a produção no fim de 2025 e, até lá, reafirmar a ideia de que o voo pessoal pode caber na garagem de um consumidor comum.
- Concepção da moto voadora Solo e a dupla responsável pelo projeto
- Arquitetura técnica: microventiladores, bateria de estado sólido e limitações de voo
- Operação sem licença: regras Part 103 e experiência de pilotagem
- Cronograma de produção da moto voadora Solo e dependência da cadeia de baterias
- Legado de experimentação e a transição do conceito ao produto final
Concepção da moto voadora Solo e a dupla responsável pelo projeto
O desenvolvimento do Solo reúne dois perfis distintos. De um lado está Pete Bitar, inventor com histórico extenso em experimentos envolvendo jatos elétricos; do outro, Carlos Salaff, designer que assinou conceitos automotivos na Mazda. A união começou em 2021, quando Salaff se juntou à ElectricJet, empresa fundada por Bitar, e passou a direcionar a criatividade do engenheiro para produtos de perfil mais comercial. O Solo é fruto direto dessa parceria, surgindo após a dupla apresentar apenas em renderizações um cupê voador projetado para 402 km/h.
Bitar chega ao novo modelo depois de iniciativas como o VertiCycle, uma estrutura parecida a uma cadeira ligada a latas metálicas, o EJ-1S, um jetpack completo com botas propulsoras, e o CanopE-Jet, tentativa de redesenhar o parapente motorizado. Salaff, por seu turno, agrega o tratamento estético adquirido em veículos conceituais como os Mazda Nagare e Furai. A soma de experiências produziu um monoposto que mistura linhas futuristas, carenagem fechada e dezenas de ventiladores em miniatura, na busca por uma solução de voo individual mais segura do que as hélices nuas vistas em protótipos tradicionais.
Arquitetura técnica: microventiladores, bateria de estado sólido e limitações de voo
A moto voadora baseia-se em 48 ventiladores elétricos de pequeno diâmetro, distribuídos em conjuntos de doze em cada canto da plataforma. A carenagem cobrindo as hélices reduz o risco de contato com o rotor e diminui a exposição a detritos externos. Contudo, a configuração impõe a chamada “carga de disco” elevada: ventiladores menores precisam girar mais rápido para gerar a sustentação exigida, consumindo maior quantidade de energia em período curto.
Para mitigar esse consumo, a LEO Flight planeja instalar uma bateria de estado sólido, tecnologia que ainda não está disponível em escala comercial, mas que promete densidade energética superior às células de íons de lítio. Mesmo assim, a empresa estipula autonomia restrita de 10 a 15 minutos por recarga, com velocidade máxima projetada em 97 km/h e altitude limitada a 4,57 m. O ruído previsto é de 80 dB, valor comparável ao de um aspirador de pó potente, enquanto o espaço físico do veículo equivale a uma área de 2 m x 2 m, próxima às dimensões de uma cama king-size.
Um ponto favorável para o usuário é a recarga doméstica. Por ser relativamente leve e utilizar bateria removível, o Solo pode ficar conectado a uma tomada residencial, prática incomum na maioria dos eVTOLs voltados ao transporte urbano.
Operação sem licença: regras Part 103 e experiência de pilotagem
O Solo foi desenhado para enquadrar-se nas exigências da Part 103 da Administração Federal de Aviação norte-americana (FAA). Nessa categoria, veículos ultraleves monopostos, que atendem a limites de peso e velocidade específicos, podem ser operados sem licença de piloto, sem registro formal da aeronave e sem certificação médica. A adequação do projeto a esse regulamento amplia o apelo comercial, pois elimina barreiras burocráticas e custos adicionais para quem deseja experimentar a sensação de voo pessoal.
Os primeiros vídeos de teste divulgados pela LEO Flight mostram pilotos subindo cuidadosamente em um protótipo em forma de caixa, realizando saltos controlados e pairando a baixa altura. No segundo ensaio registrado, a estabilidade observada é maior, especialmente relevante porque voar perto do solo gera efeitos de almofada de ar e turbulências que desafiam veículos leves. Ainda assim, a diferença entre as imagens do protótipo atual e as renderizações futuristas indica que muito trabalho de engenharia e de design permanece pela frente.
Cronograma de produção da moto voadora Solo e dependência da cadeia de baterias
A LEO Flight abriu reservas com depósito reembolsável de 999 dólares, valor aproximado de 5,3 mil reais, para formar a fila de interessados. A companhia espera começar a fabricar a moto voadora Solo no final de 2025, porém já admite a possibilidade de adiamento. O principal fator de risco está na disponibilidade comercial da bateria de estado sólido, componente chave para atingir a relação peso-energia exigida pelo projeto.
Além da bateria, outros marcos técnicos dependem de validações em testes mais extensos: resistência de materiais, redundância dos microventiladores, sistemas de comando eletrônico e procedimentos de emergência. Cada ponto terá de satisfazer as diretrizes de segurança, mesmo que o veículo se beneficie dos requisitos menos rígidos da Part 103. Até que essas etapas sejam concluídas, o cronograma permanece condicionado ao avanço tecnológico fora do controle direto da empresa.
Legado de experimentação e a transição do conceito ao produto final
O caminho até o Solo reflete uma escalada progressiva de Bitar no universo do voo pessoal. Desde as primeiras tentativas com jetpacks, passando por cadeiras voadoras e parapentes motorizados, o engenheiro buscou compactar a propulsão elétrica em formatos cada vez mais práticos. A entrada de Salaff redirecionou esse ímpeto, convertendo soluções improvisadas em projetos de aparência mais refinada.
Apesar da evolução, o histórico revela o desafio de transformar protótipos independentes em um produto replicável em série. Questões de custo, certificação de componentes, treinamento de usuários e suporte pós-venda fazem parte de um ecossistema novo para a LEO Flight. A empresa tenta antecipar essas demandas ao manter a pré-venda restrita a um sinal simbólico, permitindo que os interessados acompanhem a maturação do veículo enquanto preservam a opção de reembolso.
Para quem acompanha o setor de eVTOLs, o Solo representa uma abordagem distinta: aposta na pilotagem individual, em voos curtos e a baixa altitude, em vez de integrar o futuro sistema de táxis aéreos. Esse posicionamento permite a operação em áreas abertas menores e aproxima a proposta do lazer tecnológico, semelhante ao uso de drones recreativos, porém em escala humana.
Com testes preliminares em curso e o prazo de fabricação marcado para o fim de 2025, o avanço da moto voadora Solo dependerá diretamente da chegada das baterias de estado sólido ao mercado e da validação de cada subsistema de voo durante os próximos ciclos de prototipagem.

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