Missão Soyuz MS-28 leva astronauta dos EUA e dois cosmonautas russos à ISS em pleno Dia de Ação de Graças

Missão Soyuz MS-28 leva astronauta dos EUA e dois cosmonautas russos à ISS em pleno Dia de Ação de Graças

Uma viagem espacial iniciada exatamente no Dia de Ação de Graças acrescentou um componente simbólico a um cronograma já carregado de ciência. Às 6h27, pelo horário de Brasília, o foguete Soyuz 2.1a partiu do Cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão, levando o astronauta norte-americano Chris Williams e os cosmonautas russos Sergey Kud-Sverchkov e Sergei Mikaev. Três horas depois, a cápsula Soyuz MS-28 acoplou ao módulo Rassvet da Estação Espacial Internacional (ISS), concluindo o deslocamento orbital em menos tempo do que costumam durar muitos deslocamentos rodoviários nos Estados Unidos durante o feriado.

Índice

Sequência de decolagem e acoplagem

O lançamento empregou um veículo Soyuz 2.1a customizado. A contagem regressiva transcorreu sem incidentes, e a nave entrou em órbita poucos minutos após a ignição. Ao atingir o espaço, dois pequenos bonecos de crochê — um gato ruivo batizado de Gizmo e um cosmonauta confeccionado por estudantes da cidade de Gagarin — flutuaram pela cabine, sinalizando o início da condição de microgravidade. A trajetória de aproximação foi conduzida em regime rápido, permitindo acoplagem em torno das 9h30, ainda na manhã brasileira.

Simbologia em cada detalhe

Além da coincidência com uma data marcante para a cultura norte-americana, o voo carrega múltiplas referências. O foguete recebeu pinturas produzidas por crianças em tratamento contra o câncer em mais de 50 cidades russas e em 14 outros países. Também exibiu retratos dos primeiros viajantes que chegaram à ISS há 25 anos, lembrando o aniversário de um quarto de século do laboratório orbital.

O aspecto pessoal também se destaca. Um artigo escrito por um parente do astronauta ressaltou a trajetória familiar de Williams, neto de imigrantes panamenhos que deixaram a América Central em 1958. O paralelo entre a antiga travessia marítima e a viagem espacial reforça o simbolismo de mobilidade e conquista ocorrido agora no feriado.

Recepção em órbita e clima de feriado

Assim que as escotilhas se abrirem, Williams, Kud-Sverchkov e Mikaev serão recebidos pelos sete integrantes da Expedição 73. Estão a bordo o comandante russo Sergey Ryzhikov, os engenheiros de voo Alexey Zubritsky e Oleg Platonov, os astronautas da NASA Jonny Kim, Zena Cardman e Mike Fincke e o representante da agência japonesa JAXA, Kimiya Yui. Para marcar o Dia de Ação de Graças, esse grupo preparou um almoço especial, adaptando a culinária típica às limitações de armazenamento, aquecimento e textura impostas pelo ambiente de microgravidade.

Os ingredientes foram enviados previamente em setembro, dentro de um pacote identificado pela NASA como BOB (Bulk Overwrap Bag). O kit inclui peru com molho de cranberry, opções de frutos do mar como salmão, carne de caranguejo e lagosta, além de acompanhamentos previamente desidratados ou termoestruturados. O objetivo é preservar um ritual cultural que reforça a sensação de comunidade, algo considerado importante em missões longas.

Transição da Expedição 73 para a 74

No início de dezembro, três membros da atual expedição retornarão à Terra. A partir desse momento, Williams, Kud-Sverchkov e Mikaev passam a compor a Expedição 74 de maneira plena. O período total de permanência é estimado em 242 dias, durante os quais o trio participará de experimentos científicos, testes tecnológicos, manutenção diária da estação e possíveis caminhadas espaciais.

Agenda científica e tecnológica

A rotina programada incluirá projetos de diferentes áreas. Entre as prioridades descritas para Chris Williams está a instalação e a validação do E4D, novo equipamento europeu de exercícios concebido para missões de longa duração. O sistema combina ciclismo, remo, exercícios de resistência e simulações de escalada, buscando mitigar perdas de massa óssea e muscular provocadas pela ausência de peso.

Além da preparação física, o astronauta norte-americano contribuirá com estudos voltados à melhoria da eficiência de combustíveis criogênicos, à produção de cristais semicondutores em microgravidade e à otimização de protocolos de segurança para reentrada atmosférica. Esses trabalhos visam gerar dados aplicáveis tanto a futuras operações orbitais quanto a missões mais distantes.

Novo suporte de inteligência artificial no segmento russo

Os dois cosmonautas terão acesso ao GigaChat, ferramenta de inteligência artificial implantada recentemente no módulo russo. O sistema atende a comandos de voz e pode ser operado por meio de tablets, oferecendo assistência em decisões operacionais, verificações de procedimento e rotina de manutenção. Trata-se da primeira vez que essa interface é utilizada em tarefas regulares a bordo da ISS.

Perfis da tripulação

Sergey Kud-Sverchkov, com formação inicial em engenharia de foguetes, já acumulou 185 dias em órbita durante uma estadia em 2021. Sergei Mikaev ingressou na Roscosmos após servir como piloto da Força Aérea russa. Para ambos, a colaboração internacional dentro da estação inclui responsabilidades técnicas variadas, desde inspeções de sistemas de suporte de vida até o acompanhamento de experimentos automatizados.

Chris Williams, estreante no espaço, possui doutorado em física com pesquisas sobre supernovas e experiência no desenvolvimento de técnicas avançadas de imagem médica. A diversidade de formações complementa o repertório científico do laboratório orbital, que opera em regime ininterrupto desde 2000.

Particularidades do lançamento em dia festivo

Lançamentos durante feriados não são inéditos, mas o cronograma da Soyuz MS-28 registra a primeira ocasião em que uma tripulação parte exatamente no Dia de Ação de Graças. A coincidência exigiu coordenação logística especial para órgãos de controle de tráfego aéreo e estações de rastreamento, além de ajustes na programação de famílias dos envolvidos, que acompanharam a decolagem presencialmente ou por transmissão ao vivo.

Outra singularidade foi a curta janela entre decolagem e acoplagem. O perfil de voo denominado “duas órbitas” exige maior precisão na sequência de manobras, porém libera mais rapidamente a tripulação para a aclimatação interna, reduzindo o tempo em espaço confinado dentro da cápsula Soyuz.

Manutenção e caminhadas espaciais possíveis

Com 25 anos de operação, a ISS demanda inspeções contínuas em conexões externas, radiadores, painéis solares e sistemas de refrigeração. Durante os 242 dias de missão, estão previstos trabalhos extraveiculares para substituição de componentes e recolhimento de amostras de materiais expostos. Caso confirmadas, essas saídas envolverão treinamentos específicos de mobilidade em microgravidade e uso do traje Orlan no segmento russo ou do traje EMU no segmento norte-americano, dependendo do local de atuação.

Relevância para a cooperação internacional

A permanência de tripulações mistas de diferentes agências espaciais tem se mostrado crucial para a continuidade dos experimentos a bordo da ISS. A composição atual une NASA, Roscosmos e JAXA, e a presença simultânea de representantes de diversas nacionalidades assegura a manutenção de equipamentos distribuídos em vários módulos. O lançamento em data representativa para os Estados Unidos, aliado à participação russa na operação do foguete e da cápsula, reforça a interdependência operacional que caracteriza o programa.

Enquanto milhões de pessoas se reuniam em torno de mesas na Terra, três viajantes inauguravam um feriado acima de 400 quilômetros de altitude. O breve trajeto entre Baikonur e a estação espacial abre um período de mais de oito meses dedicado a pesquisa, evolução de tecnologia e manutenção de um posto avançado que, há um quarto de século, simboliza a presença humana em órbita contínua.

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