Mau tempo força adiamento do voo ESCAPADE e adia estreia operacional do foguete New Glenn

Mau tempo força adiamento do voo ESCAPADE e adia estreia operacional do foguete New Glenn

Índice

Adiamento decolagem: o que aconteceu e quando

O lançamento da missão ESCAPADE, planejado para ocorrer a partir da Estação da Força Espacial de Cabo Canaveral, na Flórida, foi suspenso após sucessivas tentativas frustradas no domingo, 9 de novembro. A bordo estaria o foguete New Glenn, desenvolvido pela Blue Origin, que se prepara para seu primeiro voo operacional. A decolagem original estava marcada para 16h45 no horário de Brasília, mas a combinação de céu nublado e a chamada “regra de nuvens cumulonimbus” impediu a liberação do veículo.

Após o cancelamento inicial, a Blue Origin reprogramou o cronômetro para 17h18 e, mais tarde, para 18h12. A poucos minutos desse novo horário, o relógio foi novamente pausado por um potencial contratempo na plataforma de lançamento. Às 18h16, com as condições meteorológicas ainda desfavoráveis, a companhia suspendeu a tentativa do dia e informou que revisaria oportunidades futuras, sem fixar outra data.

Contexto do veículo: por que o New Glenn é estratégico

O New Glenn representa a aposta da Blue Origin em um lançador de grande porte capaz de transportar cargas ao espaço profundo e, ao mesmo tempo, recuperar o primeiro estágio. O voo cancelado — designado NG-2 — seria a segunda missão do foguete e a primeira com satélites de verdade, depois de um teste inicial em janeiro que levou apenas uma carga de demonstração tecnológica. A reutilização do estágio, planejada com pouso em uma balsa no Atlântico, é parte central da estratégia de redução de custos da empresa fundada por Jeff Bezos.

No NG-2, além da carga científica principal, o foguete avaliaria sistemas de comunicação da Viasat. O experimento, conhecido como InRange, aplica a rede global de satélites em banda L da companhia para manter contato contínuo entre o veículo e o controle em solo, até mesmo fora do alcance das antenas terrestres.

ESCAPADE: primeira missão marciana da NASA após cinco anos

A carga de maior relevância científica é a missão Explorers of the Escape and Plasma Dynamics of Mars, cujo acrônimo em inglês originou “ESCAPADE”. A iniciativa retoma os voos da NASA ao Planeta Vermelho depois de um intervalo que começou em julho de 2020, data em que o rover Perseverance e o helicóptero Ingenuity foram lançados. Desde então, nenhum outro equipamento norte-americano partiu rumo a Marte.

Quem construiu as sondas gêmeas

O projeto reúne três atores principais. Duas pequenas espaçonaves idênticas, denominadas Blue e Gold, foram fabricadas pela Rocket Lab. A supervisão científica cabe à Universidade da Califórnia em Berkeley, responsável pelo desenvolvimento dos instrumentos. Já o Centro de Voos Espaciais Goddard da NASA coordena o programa dentro da agência, garantindo integração, testes e certificação dos satélites para voo.

Objetivos científicos detalhados

A missão busca compreender a interação entre o vento solar, a magnetosfera residual de Marte e a parte superior da atmosfera. Ao medir o comportamento do plasma em duas posições diferentes ao mesmo tempo, os satélites podem identificar como partículas carregadas removem gases do planeta. Essa erosão atmosférica explica, em parte, a perda de grande parte do ar marciano ao longo de bilhões de anos, processo que impactou diretamente a habitabilidade.

Os dados coletados servirão ainda para estimar riscos de eventos de radiação. O conhecimento permitirá prever tempestades solares capazes de prejudicar astronautas em futuras estadias na superfície ou em órbita de Marte. Dessa forma, a ESCAPADE contribui para o planejamento de missões tripuladas, previstas para a próxima década.

Trajetória inovadora: voar fora da janela tradicional

A maioria das sondas a Marte decola numa janela de lançamento que se repete aproximadamente a cada 26 meses, quando Terra e Marte alinham-se de modo a minimizar a energia necessária. No entanto, a ESCAPADE seguirá um caminho alternativo. O perfil de voo projetado pela empresa Advanced Space estabelece que, depois de abandonar a órbita terrestre, os satélites permanecerão por volta de um ano nas proximidades do ponto de Lagrange L2, localizado na linha entre o Sol e o nosso planeta.

Em seguida, a dupla realizará um sobrevoo de retorno à Terra em 2026, aproveitando o impulso gravitacional para redirecionar-se a Marte. A chegada está estimada para 2027, cerca de dez meses após o ajuste de rota. Uma vez inseridas em órbita, as sondas devem operar durante 11 meses, tempo suficiente para conduzir uma campanha de medições abrangente em altitudes variadas.

Impacto regulatório: FAA limita janelas diurnas

O planejamento da Blue Origin previa três oportunidades consecutivas de lançamento, compreendendo os dias 9, 10 e 11 de novembro. No entanto, um fator administrativo complicou o cronograma: a Administração Federal de Aviação (FAA) suspendeu autorizações de decolagens diurnas devido à paralisação parcial do governo dos Estados Unidos. Com grande parte do quadro estatutário afastado, inclusive 95% dos funcionários da NASA, a agência reguladora restringiu atividades a intervalos noturnos, entre 22h e 6h.

Com o insucesso da tentativa vespertina do dia 9, a Blue Origin passa a depender de novas análises meteorológicas e de coordenação com a FAA para reprogramar o voo em horário noturno. O curto prazo original de três dias deixou de valer, exigindo a emissão de nova licença operacional.

Interferência do clima: regra das nuvens cumulonimbus

A justificativa técnica para o adiamento se baseia na “cumulus cloud rule”. A norma proíbe o lançamento quando nuvens densas e carregadas estão presentes sobre ou perto da trajetória, pois esses sistemas podem conduzir descargas elétricas perigosas ao foguete durante a subida. Além disso, interferem em sistemas de navegação óptica e podem dificultar a avaliação de anomalias em voo.

Mesmo que a contagem tenha sido pausada momentaneamente por um possível contratempo na plataforma, foi o cenário meteorológico que, de fato, inviabilizou a operação, de acordo com os comunicados emitidos pela empresa.

Relevância para a Blue Origin e próximos passos

A conclusão bem-sucedida do NG-2 é crucial para a credibilidade do New Glenn. O foguete sofreu adiamentos de desenvolvimento que chegaram a transferir a ESCAPADE para outro lançador em 2024, mas, com a retomada do cronograma em 2025, a NASA voltou a designar a carga ao veículo da Blue Origin. Demonstrar capacidade de colocar uma missão interplanetária em rota correta, recuperar o estágio e manter comunicações ininterruptas fortaleceria a posição da companhia em futuros contratos governamentais e comerciais.

Com a suspensão da tentativa de 9 de novembro, equipes de engenharia, meteorologia e planejamento de lançamentos examinam projeções de tempo e disponibilidade de infraestrutura para definir a nova janela. Somente após a emissão de autorização revisada pela FAA e confirmação de condições atmosféricas adequadas será possível retomar a contagem regressiva.

Carga secundária e integração com a NASA

Além da missão marciana, o voo transportará sistemas que visam integrar redes comerciais de comunicação diretamente ao serviço da agência espacial norte-americana. A validação do InRange pode inaugurar um modelo em que provedores privados complementem as antenas da NASA, ampliando cobertura e reduzindo custos de telemetria em lançadores de todo o mercado.

Perspectiva para o calendário de Marte

Se a trajetória alternativa idealizada pela Advanced Space for comprovada, abre-se a possibilidade de lançamentos a Marte em praticamente qualquer época, não apenas na janela bienal tradicional. Isso pode aumentar a cadência de missões científicas e de tecnologia, distribuindo risco e otimizando planejamento orçamentário.

A ESCAPADE, portanto, não apenas pretende esclarecer a dinâmica do plasma marciano como também servir de teste de rota para futuras viagens tripuladas ou de carga. A combinação de novo perfil orbital, foguete reutilizável e participação de múltiplos parceiros privados descreve uma visão em que a exploração interplanetária se apoia em veículos mais versáteis e ciclos de lançamento mais flexíveis.

Status atual

No momento, a Blue Origin monitora os boletins climáticos de Cabo Canaveral e revisa a condição dos sistemas de solo e do próprio New Glenn. A empresa divulgará uma data revisada assim que previsão, logística e licenças convergirem para um cenário seguro. Até lá, a ESCAPADE permanece integrada ao veículo, aguardando a oportunidade de iniciar a jornada que, caso concretizada, levará a NASA de volta a Marte após um intervalo de cinco anos.

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