Leitura regular reduz stress e fortalece memória, revela ciência

A prática da leitura prolongada continua a merecer atenção da comunidade científica pelos efeitos positivos que exerce no funcionamento do cérebro e no bem-estar geral. Diversos estudos compilados recentemente descrevem cinco benefícios centrais associados a este hábito, desde o reforço das sinapses até à prevenção de doenças neurodegenerativas.

Estimulação cerebral e melhoria da memória

A leitura atua como um exercício cognitivo intenso. Pesquisadores observaram um aumento significativo das sinapses — ligações que permitem a comunicação entre neurónios — durante a atividade. Quanto mais frequente o contacto com textos extensos, maior a capacidade do cérebro para reconhecer, armazenar e recuperar informação, o que se traduz num fortalecimento da memória a curto e a longo prazo.

Foco sustentado e treino da concentração

O consumo massivo de conteúdos breves em plataformas digitais tem sido apontado como fator de redução da capacidade de atenção. Em contraste, a leitura de livros exige permanência num mesmo fluxo narrativo ou argumentativo, forçando o leitor a manter o foco por períodos prolongados. Este exercício regular contribui para treinar a concentração e pode mitigar a tendência para alternar constantemente entre estímulos, fenómeno frequentemente associado ao uso intensivo de redes sociais.

Redução do stress comprovada

Um estudo conduzido pela Universidade de Sussex, no Reino Unido, concluiu que seis minutos de leitura podem diminuir os níveis de stress em até 68 %. Os participantes registaram descidas da frequência cardíaca e relaxamento muscular, indicadores físicos de que a atividade ajuda a travar respostas fisiológicas ao stress. Os investigadores sublinham que a imersão num conteúdo escrito leva a mente a ocupar-se do presente, reduzindo ruminâncias sobre cenários futuros, uma das causas identificadas da ansiedade.

Enriquecimento cultural e expansão do vocabulário

Ao expor o leitor a novas realidades, ideias e estilos de escrita, a leitura amplia o repertório cultural. O contacto recorrente com palavras desconhecidas e estruturas complexas favorece a aquisição de vocabulário mais rico e de referências variadas, competências valorizadas em contextos académicos e profissionais. Professores de diferentes níveis de ensino destacam o papel da leitura na melhoria da escrita, argumentando que quem lê regularmente alcança maior precisão linguística e visão de mundo mais abrangente.

Prevenção de doenças neurodegenerativas

Evidências compiladas pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais sugerem que a leitura pode atrasar o aparecimento de sintomas de demência, incluindo Alzheimer. Os dados mostram maior incidência da doença em pessoas com baixa escolaridade ou que não desenvolveram o hábito de ler. A estimulação contínua das funções cognitivas — memória, raciocínio, imaginação — está associada a uma maior reserva cognitiva, mecanismo que ajuda o cérebro a compensar perdas neuronais relacionadas com a idade.

Os cinco benefícios destacados reforçam a leitura como instrumento acessível para manter o cérebro ativo, controlar o stress e apoiar a saúde mental ao longo da vida. Ao dedicar alguns minutos diários a livros, jornais ou revistas, o leitor investe em bem-estar imediato e em proteção cognitiva futura.

Imagem: Bits And Splits via olhardigital.com.br