Kryptos: solução de enigma da CIA põe leilão em risco

Kryptos, a célebre escultura criptográfica instalada no pátio da sede da CIA, teve sua última mensagem decifrada após 34 anos, colocando em xeque um leilão que poderia render mais de R$ 2,5 milhões ao artista Jim Sanborn.
A solução da quarta passagem, chamada K4, não veio de supercomputadores, mas de uma pesquisa minuciosa em arquivos públicos do Smithsonian, realizada pelos jornalistas Jarett Kobek e Richard Byrne. O texto integral decifrado foi enviado a Sanborn em 3 de setembro, dias antes da abertura dos lances.
Kryptos: solução de enigma da CIA põe leilão em risco
O escultor de 79 anos planejava leiloar a resposta definitiva de K4 e outros itens relacionados à Kryptos para custear despesas médicas e projetos sociais. Com a revelação prematura, especialistas temem que o valor estimado em US$ 500 mil (cerca de R$ 2,5 milhões) seja revisto.
A chave do mistério estava em recortes de papel guardados nos documentos pessoais de Sanborn, doados há uma década ao Arquivo de Arte Americana do Smithsonian. Ao fotografar esses papéis, Byrne encontrou referências como “BERLIN CLOCK” e “EAST NORTHEAST”, pistas públicas que guiaram a montagem dos 97 caracteres originais não criptografados de K4.
Surpreso, Sanborn confirmou a autenticidade da solução, mas pediu aos descobridores que assinassem acordos de confidencialidade em troca de parte dos lucros do leilão — proposta recusada pelos jornalistas, que temiam conivência com possível fraude.
Em resposta, o artista solicitou que o Smithsonian restringisse o acesso aos seus arquivos até 2075. Paralelamente, advogados da casa de leilões RR Auction enviaram carta a Kobek e Byrne, ameaçando medidas legais caso o texto fosse divulgado. Segundo o The New York Times, a empresa acabou reconhecendo publicamente que a solução foi encontrada, numa tentativa de preservar transparência junto aos licitantes.
Para entusiastas do desafio, como a criptógrafa Elonka Dunin, o verdadeiro valor de Kryptos reside tanto no método quanto na resposta. “Se não conhecem o processo, o enigma não está totalmente resolvido”, afirmou.
Enquanto os lances seguem programados, a polêmica sobre a posse do segredo redefine o legado da obra: de enigma puramente criptográfico a debate sobre ética, direito autoral e a fragilidade de documentos mal arquivados.
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Crédito da imagem: Jim Sanborn/CC BY-SA 3.0
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