Julgamento de Jimmy Lai é adiado novamente em Hong Kong após juiz determinar monitoramento cardíaco
Hong Kong – O empresário e ativista pró-democracia Jimmy Lai, de 77 anos, viu o encerramento de seu julgamento por crimes contra a segurança nacional ser adiado pela segunda vez em três dias. A audiência, que deveria receber as alegações finais nesta quinta-feira (04), foi inicialmente suspensa devido à passagem de um tufão e, nesta sexta-feira (05), postergada para segunda-feira (08) após o juiz ordenar a instalação de um dispositivo médico para monitorar o coração do réu.
Acusações e potenciais penas
Lai responde pelo crime de “conluio com forças estrangeiras” previsto na Lei de Segurança Nacional imposta por Pequim em 2020. Se condenado, pode receber pena máxima de prisão perpétua. Preso desde dezembro de 2020, o magnata possui cidadania britânica além da chinesa, mas o governo da China não reconhece dupla nacionalidade.
Preocupação com a saúde
Advogados e familiares relatam deterioração física do empresário ao longo do último ano. Na sessão desta sexta-feira ele apareceu visivelmente mais magro. O filho, Sebastien Lai, vem alertando que, dada a idade do pai, qualquer pena longa equivaleria a “sentença de morte”.
Repercussão internacional
O caso atrai atenção mundial. O primeiro-ministro britânico, Sir Keir Starmer, pediu publicamente a libertação de Lai. Antes, o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump declarou que faria “tudo o que pudesse” para ajudar o empresário.
Trajetória de “rebelde”
Nascido em Guangzhou em 1947, Jimmy Lai chegou clandestinamente a Hong Kong aos 12 anos. Após trabalhar em pequenas confecções, fundou a rede de roupas Giordano, transformada em império multimilionário. O massacre da Praça da Paz Celestial, em 1989, marcou o início de sua militância democrática; ele vendeu a companhia e criou veículos como a revista Next e o jornal Apple Daily, ambos críticos a Pequim.
Nos últimos anos, recebeu ameaças, teve casa e redações incendiadas, e foi alvo de um plano de assassinato. Mesmo assim, permaneceu ativo em protestos de rua, o que resultou em prisões por “assembleia não autorizada” em 2021.
Lei de Segurança Nacional
Instituída após as manifestações de 2019, a legislação amplia o rol de atos enquadrados como subversão, secessão ou conluio com potências estrangeiras. O governo central alega necessidade de “estabilidade”, enquanto críticos sustentam que o dispositivo elimina a dissidência em Hong Kong.
Com o julgamento retomado, a defesa de Jimmy Lai espera apresentar alegações finais na segunda-feira. Caso não haja novos adiamentos, o veredicto poderá ser anunciado ainda neste mês.
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Com informações de BBC News
Imagem: bbc.com
