Jornalistas em Gaza relatam exaustão, fome e medo

Jornalistas em Gaza relatam exaustão, fome e medo

Jornalistas em Gaza relatam exaustão, fome e medo enquanto tentam manter o fluxo de informações sobre a guerra, mesmo vivendo e trabalhando em tendas montadas nos pátios de hospitais para ter acesso a eletricidade e internet.

Jornalistas em Gaza relatam exaustão, fome e medo

Após 22 meses de conflito, a falta de energia em toda a Faixa obriga a maioria dos repórteres a atuar próximo de geradores hospitalares. O cenário, no entanto, não oferece segurança: bombardeios israelenses já atingiram diversos complexos de saúde, matando profissionais da imprensa que buscavam abrigo.

Na segunda-feira (26), cinco jornalistas morreram em um duplo ataque ao hospital Nasser, em Khan Younis, que deixou ao menos 20 vítimas. O episódio elevou para 197 o número de jornalistas e trabalhadores da mídia mortos desde 7 de outubro de 2023, segundo o Committee to Protect Journalists (CPJ); 189 eram palestinos.

Repórteres ouvidos pela BBC relatam sensação constante de serem alvos militares. “Nunca imaginei viver e trabalhar em uma estufa no verão e em uma geladeira no inverno”, disse Abdullah Miqdad, da Al-Araby TV. Ele descreve a dificuldade de manter concentração diante da possibilidade de a própria tenda ser bombardeada a qualquer momento.

A carga de trabalho é intensa e a remuneração, incerta. Muitos jovens sem experiência anterior passaram a colaborar como fotógrafos e cinegrafistas, muitas vezes em contratos temporários que não garantem seguro ou equipamentos de proteção.

A fome agrava o quadro. O sistema IPC, ligado à ONU, confirmou na sexta-feira (23) estado de fome em Gaza City; mais de 500 mil pessoas enfrentam “starvation, destitution and death”. Repórteres dividem o mesmo desabastecimento que cobrem. “Um café misturado com grão-de-bico pode ser tudo que ingerimos no dia”, contou o freelancer Ahmed Jalal, que sofre com dores de cabeça e fadiga, mas continua no front para informar o mundo.

Ghada Al-Kurd, correspondente da revista alemã Der Spiegel, afirma que o luto se acumula: perdeu o irmão e mantém as filhas sob risco constante. “Perdemos a capacidade de expressar emoções; talvez consigamos recuperá-la quando a guerra acabar”, disse.

Israel alega não mirar jornalistas, embora tenha admitido ter atacado o correspondente da Al Jazeera Anas al-Sharif em 10 de agosto, acusando-o de liderar uma célula do Hamas. Para o CPJ, falta evidência que sustente a versão israelense, e os ataques representam tentativa deliberada de silenciar a cobertura.

Mesmo sem descanso, os profissionais insistem em registrar cada bombardeio e cada história de sobrevivência. “Sinto-me sufocado, exausto e faminto, mas não posso parar”, resume Ahmed Jalal.

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Crédito da imagem: BBC News Arabic

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Imagem: Internet

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