Índia é acusada de ameaçar Sikhs no Canadá, diz RCMP. A Polícia Montada do Canadá (RCMP) alertou o ativista sikh Inderjeet Singh Gosal, de 36 anos, que ele pode ser assassinado “dentro de semanas”. O aviso formal, entregue em setembro e reforçado nesta segunda-feira, alimenta a preocupação de que Nova Délhi continue a perseguir opositores em solo canadense, mesmo enquanto Ottawa busca reaproximar-se economicamente do país sul-asiático.
Gosal lidera, no Canadá, a campanha por um referendo sobre a criação de Khalistão, Estado independente na região indiana de Punjab. Ele assumiu o posto após o ex-coordenador, Hardeep Singh Nijjar, ser morto a tiros em Surrey, Colúmbia Britânica, em 2023 — crime que o governo canadense atribui à Índia.
Índia é acusada de ameaçar Sikhs no Canadá, diz RCMP
Segundo o ativista, agentes da RCMP informaram que “matadores de aluguel já estão no país e prontos para agir”. A polícia ofereceu proteção equivalente ao programa de testemunhas, mas Gosal recusou por considerar que ficaria impossibilitado de continuar suas ações políticas. Ele afirma que a ordem para o suposto atentado “parte diretamente do governo indiano”.
Não é a primeira vez que autoridades alertam líderes sikhs no Canadá. Desde 2022, dezenas de “duty-to-warn” foram emitidos. Balpreet Singh, da World Sikh Organization, afirma que o número de notificações cresceu nos últimos meses, indicando que as operações clandestinas indianas persistem. A RCMP e o Serviço Canadense de Inteligência de Segurança (CSIS) se recusaram a confirmar se a Índia intensificou suas atividades, citando sigilo investigativo.
Em documento público anterior, o CSIS já havia apontado que diplomatas e agentes indianos coletam dados sobre alvos e contratam criminosos locais para ataques. Reportagem da BBC relembra que o governo de Narendra Modi nega envolvimento e cobra a prisão de militantes que considera terroristas.
Mesmo com as acusações, o primeiro-ministro Mark Carney convidou Modi para a cúpula do G7 em junho e nomeou novo alto-comissário em Nova Délhi. Organizações sikhs veem na estratégia comercial de Ottawa um risco de “normalizar” a repressão. Moninder Singh, da Sikh Federation Canada, recebeu novo aviso de ameaça há seis meses e questiona “quais medidas concretas” foram adotadas para proteger a comunidade.
Balpreet Singh cobra que o governo inclua a gangue Lawrence Bishnoi — supostamente contratada pela Índia — na lista de entidades terroristas e reavalie o sistema de alertas, garantindo proteção imediata aos ameaçados. Enquanto isso, Gosal segue divulgando o referendo marcado para 23 de novembro em Ottawa, apesar dos pedidos policiais para diminuir a exposição pública.
O episódio ressalta a tensão entre segurança nacional e interesses econômicos na relação bilateral. Para acompanhar outras análises sobre política internacional, visite nossa editoria Notícias e Tendências e continue informado.
Crédito da imagem: Global News