ICE usa simuladores de torre celular em veículos espiões

ICE usa simuladores de torre celular para ampliar a capacidade de vigilância em solo norte-americano. A agência destinou US$ 825 mil à TechOps Specialty Vehicles (TOSV), fornecedora de automóveis equipados com a tecnologia capaz de rastrear e, em casos avançados, interceptar comunicações de smartphones próximos.
O contrato foi assinado em 8 de maio e atende ao programa Homeland Security Technical Operations. A nova encomenda reforça a relação entre ICE e TOSV: em setembro de 2024, a empresa já havia recebido US$ 818 mil por serviço semelhante.
ICE usa simuladores de torre celular em veículos espiões
Conhecidos como cell-site simulators, stingrays ou IMSI catchers, esses dispositivos imitam torres convencionais e fazem com que todos os aparelhos na área se conectem a eles. Com isso, agentes conseguem identificar localização do usuário com precisão superior à das antenas originais e, em certos modelos, capturar ligações, mensagens e dados de internet.
Documentos obtidos pela American Civil Liberties Union revelam uso intenso da ferramenta: entre 2013 e 2017, o ICE acionou os simuladores mais de 1.885 vezes; entre 2017 e 2019, ao menos 466 vezes. Especialistas criticam a prática porque, nem sempre, há mandado judicial, expondo cidadãos que não são alvo de investigação.
Ao TechCrunch, o presidente da TOSV, Jon Brianas, confirmou integrar os simuladores aos veículos, mas não divulgou a origem do hardware, alegando segredo comercial. O portfólio da empresa inclui vans para equipes SWAT, laboratórios forenses móveis e centros de comando, mas seu site não menciona explicitamente a oferta de cell-site simulators.
Até o momento, o ICE não respondeu às perguntas sobre onde os veículos estão em operação, quais casos justificam o uso da tecnologia e se a agência sempre obtém autorização judicial. Organizações de direitos civis alertam que a captura massiva de sinais pode atingir inocentes, reacendendo a discussão sobre privacidade e proporcionalidade no emprego de ferramentas de vigilância. Para a Electronic Frontier Foundation, referência em liberdade digital, os chamados IMSI catchers deveriam ser restritos a investigações específicas, mediante ordem judicial.
Em meio às críticas, o contrato sinaliza a continuidade da estratégia de monitoramento móvel do ICE, que investe em veículos multifuncionais para operações de campo. A falta de transparência sobre como e quando esses simuladores de torre celular são ativados mantém autoridades e sociedade em lados opostos de um debate que mescla segurança pública e direitos individuais.
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Crédito da imagem: Lawrey / iStock
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