Uso de IA generativa impulsiona 20% dos lançamentos na Steam em 2025, aponta levantamento

Um levantamento do site Totally Human indica que o emprego de inteligência artificial generativa (GenAI) tornou-se uma prática recorrente entre os estúdios que publicam jogos na Steam.

De acordo com o estudo, aproximadamente 8 mil títulos lançados em 2025 já registraram o uso dessa tecnologia, volume que representa crescimento de 800% em relação ao mesmo período de 2024, quando cerca de mil jogos haviam feito a mesma autodeclaração.

A análise mostra que um em cada cinco lançamentos ocorridos neste ano na loja da Valve contou com algum tipo de recurso de GenAI.

Esses títulos correspondem a 20% dos novos jogos disponibilizados em 2025 e a 7% do catálogo total da plataforma. Como a comunicação é facultativa, o número real de projetos que recorrem a sistemas de inteligência artificial pode ser ainda maior.

Como a Steam trata a divulgação de IA

Desde 2023, as diretrizes da Valve determinam que desenvolvedores devem informar, de forma transparente, a utilização de algoritmos de geração de conteúdo.

Os dados ficam visíveis em uma área específica das páginas dos produtos, denominada “Divulgação de Conteúdo Gerado por IA”. Embora a Steam ainda não ofereça filtros para ocultar ou destacar obras que utilizam a tecnologia, o banco de dados independente SteamDB já disponibiliza essa funcionalidade para usuários interessados em segmentar buscas.

Principais aplicações da GenAI no desenvolvimento

O Totally Human também avaliou como os estúdios aplicam a inteligência artificial em seus fluxos de trabalho. A maior parte dos registros — cerca de 60% — envolve a geração de ativos visuais, como arte conceitual, cenários, modelos 2D e 3D ou texturas. Outras utilizações identificadas incluem:

  • Áudio: criação de música de fundo, narração completa e vozes de personagens por meio de ferramentas de conversão de texto em fala.
  • Texto e narrativa: produção de descrições de itens, diálogos, conhecimento de ambiente e apoio em brainstorm de enredos, utilizando grandes modelos de linguagem.
  • Materiais de marketing: elaboração de descrições curtas, textos de apresentação e banners promocionais.
  • Lógica de código e gameplay: geração assistida de trechos de programação e sistemas de jogo.

Há ainda casos em que algoritmos são empregados para identificar conteúdo ofensivo ou criar elementos sob demanda durante a própria experiência do jogador.

Crescimento de uso, mas queda no interesse declarado

Apesar da expansão do recurso na prática, pesquisas recentes indicam redução do interesse declarado por parte de equipes de desenvolvimento. Levantamento da Game Developers Conference (GDC) assinala que 52% dos profissionais atuam em empresas que já utilizam ferramentas de IA generativa.

No entanto, somente 9% relataram que seus estúdios pretendem investir ativamente em novas soluções do gênero, percentual inferior aos 15% verificados no ano anterior. Paralelamente, 27% afirmaram não ter qualquer intenção de adotar essas ferramentas, alta de nove pontos percentuais em comparação a 2024.

Especialistas atribuíram essa mudança de percepção a uma etapa de maturidade: depois da fase inicial de descoberta, em que a tecnologia era vista como fator de ruptura, as equipes agora ajustam expectativas e avaliam custos, benefícios e possíveis implicações legais ou éticas da adoção contínua de modelos de geração automática.

Debate sobre impacto profissional

A discussão sobre consequências para o mercado de trabalho permanece intensa. Durante a Gamescom Latam, realizada em maio, representantes da Nvidia afirmaram que a inteligência artificial não deve substituir os profissionais, mas destacaram que trabalhadores capazes de usar essas ferramentas tendem a ganhar vantagem competitiva.

A afirmação ecoa a visão de que a GenAI, embora amplie a produtividade, exige competências específicas para ser aplicada de forma eficiente e responsável.

Por enquanto, a Valve segue exigindo apenas a transparência na divulgação do uso de IA, sem impor restrições adicionais.

Diante do rápido crescimento de projetos que utilizam geração automática, a atenção se volta para a implementação de políticas capazes de equilibrar inovação técnica, direitos autorais e expectativas do público, enquanto o cenário de produção de jogos digitais continua a evoluir.

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