Governo dos EUA avalia comprar participação na Intel para socorrer fabricante de chips
O governo dos Estados Unidos analisa a possibilidade de adquirir uma participação acionária na Intel, segundo informações da agência Bloomberg. A medida seria uma forma de aliviar a situação financeira da companhia, que nos últimos meses enfrentou cortes de pessoal, adiamento de projetos e redução de investimentos.
Negociações ainda sem definição
De acordo com fontes ouvidas pela Bloomberg, as conversas entre representantes da administração norte-americana e executivos da Intel estão em estágio preliminar. Ainda não existe definição sobre:
- se o aporte será efetivamente concretizado;
- qual porcentagem de ações ficaria sob controle do governo;
- quais condições seriam exigidas em troca do capital.
Se confirmado, será a primeira vez que Washington assumirá uma fatia direta na gigante de Santa Clara, fundada em 1968.
Precedentes e contexto
O movimento não seria inédito na economia norte-americana. Em 2020, o Departamento de Defesa aportou US$ 400 milhões na MP Materials, produtora de terras-raras, tornando-se o maior acionista da empresa. O caso serviu de precedente para possíveis intervenções em companhias consideradas estratégicas.
No exterior, fundos soberanos têm participado do setor de semicondutores com frequência. Em maio, a estatal saudita de IA Humain formou uma joint venture com a AMD. Já o fundo Mubadala, de Abu Dhabi, investiu US$ 622 milhões na própria AMD em 2007, mas vendeu a posição nos anos seguintes.
Reunião com Trump acendeu discussões
As tratativas ganharam força após encontro entre o CEO da Intel, Lip-Bu Tan, e o ex-presidente Donald Trump na Casa Branca. Inicialmente, Trump pediu a saída de Tan, citando seus laços com empresas chinesas. Um dia depois, porém, elogiou o executivo em rede social, chamando sua trajetória de “história incrível”.
Desafios recentes da Intel
Nos últimos nove meses, a Intel demitiu milhares de funcionários, cancelou projetos internacionais e atrasou a construção de uma nova fábrica em Ohio, prevista para receber recursos da Lei Chips e Ciência. Para o ex-CEO Craig Barrett, o socorro deveria vir dos próprios clientes, não do governo, mas a situação financeira pressiona por alternativas.
Embora não exista um fundo soberano federal semelhante ao Public Investment Fund da Arábia Saudita, analistas acreditam que a administração norte-americana pode usar mecanismos já disponíveis para viabilizar o investimento, caso julgue a Intel essencial para a segurança e a competitividade tecnológica do país.
Por enquanto, não há prazo para a conclusão das conversas, nem indicação de valores envolvidos. Novos desdobramentos dependerão do avanço das negociações e da avaliação de autoridades sobre o impacto econômico e estratégico do possível resgate.
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Com informações de PCWorld

Imagem: pcworld.com