Funko enfrenta déficit de US$ 241 milhões e admite risco de falência em 2026

Lead — A fabricante dos populares bonecos colecionáveis Funko Pop! divulgou documentos financeiros que apontam para um cenário crítico: dívida de US$ 241 milhões, queda contínua de receita e a possibilidade concreta de interromper as operações dentro de um ano. A companhia reconhece, em relatório oficial, que falência ou pedido de recuperação judicial estão entre as alternativas se não houver equilíbrio de caixa a curto prazo.
- Quem é a empresa em dificuldade
- O que está acontecendo com as finanças
- Quando o risco se torna crítico
- Onde os impactos se manifestam
- Como a crise se aprofundou
- Por que as medidas anteriores não bastaram
- Governança em transformação
- Fatores culturais e de mercado
- Consequências possíveis
- Estratégias em curso
- Impacto nos licenciadores e no ecossistema
- Custos e estoques acumulados
- Perspectivas para os próximos 12 meses
- Quadro de dívidas
- Visão da atual diretoria
- Conclusão factual
Quem é a empresa em dificuldade
A Funko Inc. tornou-se globalmente reconhecida pelo design estilizado de seus bonecos de vinil, produzidos em séries temáticas que abrangem filmes, séries, quadrinhos, música e esportes. A popularidade dos Funko Pop! transformou a marca em sinônimo de cultura pop colecionável; no entanto, essa mesma notoriedade não impediu que o negócio mergulhasse numa crise financeira severa, conforme demonstram os resultados do terceiro trimestre de 2025.
O que está acontecendo com as finanças
De acordo com o relatório fiscal mais recente, a empresa encerrou o período com prejuízo de US$ 1 milhão. Embora o número represente leve melhora em relação ao início de 2025, a receita obtida com vendas foi 14 % menor se comparada ao terceiro trimestre do ano anterior, indicando tendência de retração. Ao lado da queda nas vendas, a dívida total de US$ 241 milhões pressiona o fluxo de caixa e exige renegociação de empréstimos emergenciais já contratados para manter a operação diária.
Quando o risco se torna crítico
O documento submetido a órgãos reguladores dos Estados Unidos alerta que os próximos 12 meses serão determinantes. Em linguagem direta, a Funko reconhece “dúvidas substanciais” sobre sua capacidade de continuar funcionando até o final de 2026. Esse horizonte curto coloca o corpo executivo sob urgência para construir soluções que evitem as vias judiciais típicas de empresas insolventes.
Onde os impactos se manifestam
A sede administrativa da Funko está localizada nos Estados Unidos, mas os desafios ultrapassam fronteiras. Parte relevante dos colecionáveis é fabricada no Vietnã, e novas tarifas impostas pelo governo norte-americano às importações oriundas desse país elevaram o custo operacional. Assim, a pressão financeira se distribui entre a matriz norte-americana, responsável por licenciamento e distribuição, e as instalações asiáticas, que concentram a produção.
Como a crise se aprofundou
A deterioração das contas resulta de um conjunto de fatores interligados:
1. Queda na demanda: O interesse do consumidor pelos bonecos Funko Pop! recuou, levando a estoques elevados e capital imobilizado em produtos não vendidos.
2. Concorrência intensificada: Outras marcas de action figures e colecionáveis ganharam espaço, competindo por licenças e pela atenção de um público que, agora, distribui seu orçamento entre várias opções.
3. Aquisição problemática: A divisão Mondo, comprada em 2022 para ampliar o portfólio premium, apresentou desempenho insatisfatório e foi reduzida já em 2023, sem oferecer retorno financeiro significativo.
4. Tarifas de importação: As novas taxas sobre produtos vindos do Vietnã aumentaram o custo unitário dos bonecos, comprimindo margens de lucro.
5. Outras condições adversas: O relatório menciona “fatos e condições” adicionais que, embora não detalhados, compõem a lista de pressões sobre o caixa.
Por que as medidas anteriores não bastaram
Para enfrentar o déficit de caixa, a Funko recorreu a financiamento de curto prazo. Contudo, os empréstimos emergenciais dependem de renegociação constante porque a empresa não apresenta, até o momento, geração de receita suficiente para quitá-los. Sem aumento de vendas ou redução significativa de custos, cada rodada de crédito incrementa o endividamento global, tornando a equação ainda mais complexa.
Governança em transformação
Outro sinal da turbulência é a rotatividade na liderança. Nos últimos 12 meses, três presidentes executivos ocuparam o cargo. O comando atual está nas mãos de Josh Simon, vindo da Netflix com experiência em internacionalização de marcas. Simon assumiu com a missão dupla de cortar despesas e encontrar novos mercados, estratégia vista como indispensável para reverter a curva descendente das finanças.
Fatores culturais e de mercado
A cultura pop sempre foi terreno fértil para o sucesso da Funko, mas a abundância de lançamentos pode ter contribuído para a saturação. Colecionadores relatam dificuldade em acompanhar a velocidade de novos modelos, e a sensação de exclusividade diminui quando as prateleiras exibem grande volume de peças similares. Esse cenário, citado indiretamente pela empresa, ajuda a explicar a estagnação do interesse do público.
Consequências possíveis
O próprio relatório admite que as alternativas mais prováveis, caso o equilíbrio fiscal não seja atingido, são:
• Pedido de falência: Encerramento ordenado das operações e liquidação de ativos para satisfação de credores.
• Recuperação judicial: Formulação de plano de pagamento e reestruturação, mantendo a companhia ativa sob supervisão legal.
Ambas só poderão ser evitadas se a Funko gerar caixa nos próximos trimestres, cenário descrito como “difícil” pelos responsáveis pelo documento.
Estratégias em curso
Apesar das adversidades, a administração aposta em duas frentes imediatas. A primeira envolve o período de vendas de fim de ano, tradicionalmente forte para o segmento de presentes e colecionáveis. A segunda consiste em novas parcerias de licenciamento, exemplificadas pelo lançamento relacionado às “Guerreiras do K-Pop”, cuja base de fãs é considerada um potencial motor de receita.
Impacto nos licenciadores e no ecossistema
Como parte de seu modelo de negócios, a Funko licencia propriedades intelectuais de estúdios, editoras e equipes esportivas. Uma eventual falência afetaria não apenas funcionários e acionistas, mas também esses parceiros, que dependem do pagamento de royalties. O relatório, entretanto, não detalha negociações em andamento ou eventuais revisões contratuais.
Custos e estoques acumulados
Os níveis de estoque, citados como elevados, representam bloqueio de capital que poderia ser destinado à amortização de dívidas. Sem giro rápido, o valor de mercado dos produtos em repositório tende a diminuir, aumentando a necessidade de liquidações que pressionam margens de lucro. Esse ponto figura entre as principais preocupações descritas nos documentos enviados aos reguladores.
Perspectivas para os próximos 12 meses
As projeções apresentadas pela própria Funko dependem de variáveis difíceis de controlar, como reação do consumidor no período natalino e efetividade dos novos acordos de licenciamento. O sucesso dessas iniciativas ditará se a empresa conseguirá estabilizar o caixa ou se terá de recorrer aos mecanismos legais de proteção contra credores.
Quadro de dívidas
O passivo de US$ 241 milhões não é segmentado publicamente no relatório trimestral, mas inclui empréstimos recentes tomados para financiar operações correntes. A renegociação desses compromissos, já em andamento, demonstra a busca por prazos de pagamento mais longos e taxas de juros que caibam em um orçamento cada vez mais restrito.
Visão da atual diretoria
Josh Simon, terceiro CEO em menos de um ano, enfatizou metas de internacionalização e racionalização de custos. Embora o documento não detalhe números previstos de economia, a estratégia pressupõe, entre outras medidas, revisão de linhas menos rentáveis e possível redirecionamento de parte da produção.
Conclusão factual
O relatório do terceiro trimestre de 2025 transforma o risco de falência da Funko de hipótese distante em preocupação imediata. Com dívida elevada, vendas em queda e prazos apertados para renegociar empréstimos, a empresa terá de converter rapidamente novas parcerias e o ciclo de festas em receita líquida suficiente para sustentar a operação. Caso contrário, falência ou recuperação judicial permanecem, nas próprias palavras da companhia, como cenários palpáveis para 2026.

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