Filme Together censurado na China altera casal gay

Filme Together censurado na China altera casal gay e provoca protestos de espectadores após sessões prévias em 12 de setembro. O longa de terror australiano, estrelado por Dave Franco e Alison Brie, teve cenas modificadas digitalmente para substituir um casal homoafetivo por um heterossexual, além de outros cortes de nudez.
O público notou as mudanças quando capturas de tela comparando a versão original circularam nas redes sociais chinesas. A obra, dirigida por Michael Shanks, deveria estrear oficialmente em 19 de setembro, mas até esta quinta-feira (14) não foi exibida nos cinemas do país.
Filme Together censurado na China altera casal gay
Produzido na Austrália e lançado nos Estados Unidos e na Austrália em julho, Together acumula 90% de aprovação no Rotten Tomatoes desde sua première no Festival de Sundance, em janeiro. Na trama, um casal se muda para o interior e se vê atacado por uma força sobrenatural que ameaça seu corpo e sua relação.
Na versão chinesa, além da troca do parceiro masculino por uma atriz em uma fotografia-chave, referências ao relacionamento entre pessoas do mesmo sexo foram removidas. Em outra sequência, vapor artificial foi aplicado para cobrir o corpo nu do protagonista no chuveiro. Usuários da plataforma Douban classificaram a prática como “distorção e desrespeito”, concedendo nota 6,9 ao filme.
A distribuidora global Neon repudiou a intervenção e, em comunicado enviado à BBC, afirmou não “aprovar a edição não autorizada” feita pela parceira local Hishow, exigindo a suspensão imediata da cópia alterada. Até o momento, a empresa chinesa não se pronunciou.
Cortes desse tipo não são novidade no país, onde o casamento entre pessoas do mesmo sexo não é reconhecido e conteúdos LGBT ainda enfrentam forte censura. Em agosto, por exemplo, a cena de nudez de Florence Pugh em “Oppenheimer” foi coberta digitalmente com um vestido preto, conforme lembrou reportagem da BBC.
Para críticos, o uso de ferramentas semelhantes à inteligência artificial para modificar rostos e alterar a narrativa marca um novo estágio de controle cultural. “Não se trata apenas de cortes, mas de reescrever a história”, comentou um usuário na rede social Weibo.
Apesar da controvérsia, ainda não há confirmação de que uma versão sem cortes chegará ao mercado chinês nem previsão de novas exibições internacionais que esclareçam a questão.
Quer acompanhar outras discussões sobre liberdade criativa e tecnologia? Leia também nossas análises em Ciência e tecnologia e continue informado.
Crédito da imagem: Via Chinese social media

Conteúdo Relacionado