Exowatt propõe eletricidade de baixo custo para data centers de IA usando rochas aquecidas

Exowatt propõe eletricidade de baixo custo para data centers de IA usando rochas aquecidas

Uma solução energética que emprega rochas aquecidas como fonte de calor desponta como aposta para suprir a escalada de consumo dos data centers dedicados à inteligência artificial. A responsável pela iniciativa é a Exowatt, startup que reúne investidores de peso, entre eles Sam Altman, e que promete eletricidade contínua a custo estimado de um centavo de dólar por quilowatt-hora. O plano envolve ampliar a oferta de energia renovável por meio de módulos térmicos modulares capazes de operar sem interrupção por até cinco dias, característica considerada vital para o funcionamento ininterrupto de servidores de IA.

Índice

Origem da iniciativa e perfil da empresa

A Exowatt surgiu com a proposta de enfrentar a “crise energética” associada ao rápido avanço da utilização de redes neurais, aprendizado profundo e outros modelos de IA. A companhia é liderada por Hannan Happi, que ocupa o posto de diretor-executivo e cofundador. O interesse de nomes conhecidos do mercado tecnológico, como o empresário Sam Altman, contribuiu para atrair capital expressivo. Segundo informações divulgadas pela empresa, uma rodada de financiamento Série A concluída em abril recebeu reforço adicional de 50 milhões de dólares, elevando o total captado para 120 milhões de dólares (aproximadamente 635,8 milhões de reais).

Estrutura de financiamento e ambição de preço

O volume arrecadado reflete uma dupla expectativa: por parte dos investidores, a busca por tecnologias escaláveis que respondam ao aumento de demanda das infraestruturas digitais, e, por parte da Exowatt, a meta pública de entregar eletricidade a apenas 0,01 dólar por kWh. Para atingir esse patamar, a companhia considera crucial a produção em larga escala de seus módulos térmicos, processo que, segundo a própria empresa, poderá alcançar milhões ou até bilhões de unidades no futuro.

Fundamentos técnicos: o conceito “rocks in a box”

A tecnologia adotada pela Exowatt baseia-se em energia solar concentrada. Diferentemente de painéis fotovoltaicos, que transformam luz diretamente em eletricidade, o sistema da startup utiliza lentes para concentrar raios solares sobre um bloco sólido com alta capacidade de retenção térmica, similar a um conjunto de rochas. Esse arranjo recebeu internamente o apelido de “rocks in a box”. O bloco aquecido armazena calor de modo a permitir geração de eletricidade mesmo em períodos nublados ou durante a noite.

O módulo P3 e o ciclo de conversão de calor

No centro do projeto encontra-se o P3, um módulo metálico com dimensões próximas às de um contêiner de transporte. O funcionamento segue uma sequência descrita pela Exowatt:

· Concentração solar: lentes instaladas na face superior concentram a luz sobre o bloco térmico.
· Transferência de calor: o calor acumulado é transferido por fluxo de ar quente para uma segunda unidade acoplada.
· Geração elétrica: um motor Stirling recebe o ar aquecido, converte energia térmica em energia mecânica e, por fim, em eletricidade por meio de um gerador.

A companhia declara que a eficiência global se aproxima do desempenho obtido por painéis fotovoltaicos. Quando combinada a baterias de íons de lítio, a tecnologia teria rendimento ainda maior, pois a energia armazenada termicamente pode complementar o armazenamento eletroquímico.

Armazenamento térmico de longa duração

Um dos diferenciais destacados pela Exowatt é a autonomia térmica de até cinco dias. O dado indica que o bloco de rochas mantém temperatura suficiente para sustentar a conversão de energia por período prolongado sem aporte solar direto. Para centros de processamento que executam tarefas de IA — muitas vezes em regime 24 horas por dia — essa característica reduz riscos de interrupção e pode diminuir a dependência de geradores a diesel ou de redes elétricas sujeitas a instabilidade.

Escalabilidade e backlog de produção

O desenho modular permite somar capacidade de forma incremental: basta instalar novos P3 lado a lado para ampliar a potência total. De acordo com Hannan Happi, a estratégia industrial prevê linhas de montagem replicáveis, destinadas a atender um backlog de dez milhões de módulos, volume que corresponde a cerca de 90 GWh de capacidade anunciada. A empresa associa a curva de redução de custos à experiência observada na indústria fotovoltaica, que conseguiu baratear painéis à medida que aumentava a produção.

Cenário global de data centers e pressão por energia

A expansão dos data centers dedicados à inteligência artificial cria gargalos energéticos que vêm chamando atenção de organismos internacionais. Um relatório da Agência Internacional de Energia (IEA) citado pela Exowatt indica que investimentos em data centers ultrapassaram os destinados ao setor de petróleo em âmbito mundial. Grandes empresas de tecnologia, como o Google, anunciaram aportes bilionários — o grupo confirmou a intenção de aplicar 5 bilhões de euros na ampliação de infraestrutura na Alemanha. Paralelamente, na América Latina, empreendimentos semelhantes enfrentam resistência por causa de preocupações ambientais, principalmente quanto ao uso intensivo de recursos hídricos e à ocupação de grandes áreas.

Desafios logísticos e comparativos com soluções convencionais

Especialistas consultados pelo mercado apontam obstáculos relevantes para a adoção massiva do modelo da Exowatt. O primeiro envolve a necessidade de grandes extensões de terreno para acomodar múltiplos módulos P3, sobretudo em locais onde o preço do solo é elevado. O segundo diz respeito à competição com tecnologias já consolidadas: sistemas fotovoltaicos convencionais apresentam custos em queda contínua, enquanto baterias de lítio ganham escala e eficiência.

Mesmo diante dessas questões, a startup sustenta que sua abordagem pode se destacar em regiões de alta incidência solar, precisamente onde muitos data centers vêm sendo erguidos. O armazenamento térmico de vários dias, aliado à produção descentralizada, é apresentado como argumento para diminuir dependência de linhas de transmissão extensas e reduzir picos de demanda na rede.

Processo de fabricação e potencial de replicação

A Exowatt divulga que cada P3 foi projetado com foco na simplicidade mecânica. Componentes como lentes, canais de ar e blocos térmicos utilizam materiais disponíveis em escala industrial, o que facilitaria a replicação em diferentes países. A empresa acredita que, com cadência de produção elevada, o preço final possa convergir para a meta de 0,01 dólar por kWh. Caso o cenário se concretize, a solução poderia se tornar complementar ou alternativa a fontes fósseis tradicionalmente usadas como backup em instalações críticas.

Impacto potencial para operações de inteligência artificial

Modelos de IA requerem poder de processamento intenso para treinamento e inferência. Essa demanda resulta em consumo elétrico significativo, custeando tanto servidores quanto sistemas de resfriamento. A proposta de gerar energia localmente e em regime contínuo interessa a operadoras que procuram reduzir despesas operacionais. Além disso, a origem renovável do calor armazenado em rochas pode contribuir para metas corporativas de neutralidade de carbono, quesito cada vez mais monitorado por investidores e órgãos reguladores.

Próximos passos declarados pela companhia

No curto prazo, a Exowatt concentra esforços na expansão de sua linha de produção para honrar os dez milhões de unidades encomendadas. A empresa reforça a intenção de escalar a manufatura do P3 a “milhões e, posteriormente, bilhões” de exemplares, embora não divulgue cronograma público detalhado. Segundo o CEO, a combinação de capital recém-captado e procura crescente por novas fontes energéticas cria ambiente propício para que o projeto avance rapidamente.

À medida que data centers se multiplicam e a inteligência artificial se consolida como motor da economia digital, propostas como o aquecimento de rochas ganham espaço no debate sobre sustentabilidade e custos. O interesse do mercado sugere que a busca por eletricidade renovável e de baixo custo permanecerá no centro das discussões do setor tecnológico nos próximos anos.

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