Execuções no Irã superam 1.000 casos em 2025, diz ONU

Execuções no Irã voltaram a chamar a atenção mundial depois que especialistas da ONU informaram que mais de 1.000 pessoas foram executadas entre janeiro e setembro de 2025, número que já ultrapassa todo o total registrado no ano passado.
Em comunicado conjunto, cinco relatores especiais afirmaram que o “ritmo alarmante” – cerca de nove enforcamentos por dia nas últimas semanas – configura “grave violação ao direito à vida”. Segundo eles, metade das sentenças aplicadas no período foi relacionada a crimes de tráfico de drogas.
Execuções no Irã superam 1.000 casos em 2025, diz ONU
Os peritos destacaram que 499 condenados por delitos de drogas foram enforcados, volume considerado “particularmente preocupante”, pois o direito internacional limita a pena de morte aos “crimes mais graves”, categoria que não inclui narcotráfico. Entre os executados estão 28 mulheres, 58 cidadãos afegãos e um número “desproporcional” de integrantes de minorias étnicas, apontaram os grupos Nações Unidas.
No mesmo dia da divulgação do relatório, o Judiciário iraniano confirmou a execução de Bahman Choubi Asl, acusado de espionar para o serviço de inteligência israelense Mossad. De acordo com a agência estatal Mizan, ele atuava como especialista em banco de dados em projetos de telecomunicações sensíveis e foi condenado por “corrupção na Terra”. Foi o 11º caso de suposto espião executado em 2025, sendo 10 depois do conflito de 12 dias entre Irã e Israel em junho.
Organizações como a Anistia Internacional e a Iran Human Rights já haviam contabilizado 1.000 execuções até agosto, ante 975 em todo o ano de 2024. O levantamento da Iran Human Rights indica ainda que 43% dos condenados responderam por homicídio, 3% por crimes contra a segurança do Estado, e 1% por espionagem.
Os relatores advertiram que o número de sentenciados à morte pode crescer. Mais de 500 pessoas condenadas por tráfico estariam no corredor da morte na prisão de Ghezel Hesar, em Karaj, com execução “em fase de implementação”. Além disso, o Conselho Guardião analisa um projeto de lei que amplia a definição de colaboração com Estados hostis, incluindo comunicação on-line e alinhamento ideológico, o que também pode acarretar pena capital.
Diante do cenário, os especialistas exigem que a comunidade internacional adote “ações diplomáticas concretas” para pressionar Teerã a suspender as execuções em massa.
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Crédito da imagem: LightRocket via Getty Images
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