Reunião de 30 anos de Everybody Loves Raymond revive memórias, mergulha nos bastidores e presta homenagens emocionantes

O elenco original e o criador da comédia Everybody Loves Raymond voltaram a se reunir em um especial televisivo de 90 minutos exibido em horário nobre na CBS. A iniciativa, realizada para marcar a proximidade do 30.º aniversário da estreia, colocou os atores Ray Romano, Patricia Heaton, Brad Garrett, Monica Horan, Madylin Sweeten e Sullivan Sweeten novamente dentro da icônica casa dos Barone, duas décadas depois da gravação do episódio final. O roteirista e produtor Phil Rosenthal conduziu o reencontro, que teve plateia ao vivo, participações em vídeo de convidados ilustres e uma série de recordações que passeiam pela origem, pelo impacto cultural e pelos bastidores de um dos sitcoms mais premiados da televisão americana.
- Um regresso à sala dos Barone
- O alcance global da série
- Como tudo começou
- Episódios que nasceram da vida real
- Capítulos inesquecíveis para elenco e equipe
- Homenagens a Doris Roberts e Peter Boyle
- Um tributo a Sawyer Sweeten e a prevenção do suicídio
- Participações especiais e lembranças de bastidores
- Disponibilidade e planos futuros
Um regresso à sala dos Barone
A abertura do especial reconstituiu dois cenários centrais da série: primeiro, o sofá de Ray e Debra; em seguida, a cozinha onde tantas discussões familiares foram encenadas. Nas palavras de Rosenthal, o foco era reforçar a filosofia do episódio final exibido em 2005: “precisamos de uma mesa maior”. Para o criador, a mesa simboliza a família estendida — real ou fictícia — que se formou ao redor da produção. Esse conceito guiou todo o reencontro, traduzido em detalhes minuciosos que atiçaram a memória dos fãs, como a lata sobre a mesa de centro, a mala esquecida no degrau da escada e o amassado na porta do freezer, lembrança do episódio em que Ray tenta erguer Debra sobre o refrigerador na nona temporada.
O alcance global da série
Entre as primeiras interações da noite, Romano quis saber até onde a atração ainda alcança. Uma espectadora revelou ter viajado das Filipinas exclusivamente para o evento e contou que aprendeu inglês assistindo à produção. A breve troca ilustrou como, desde a estreia em 1996, Everybody Loves Raymond transcendeu fronteiras e idiomas ao retratar conflitos domésticos universais. Para Rosenthal, o fato de alguém assimilar um novo idioma ouvindo a voz de Romano demonstra a capacidade da sitcom de espelhar famílias de qualquer parte do mundo.
Como tudo começou
A gênese da série ocupou o primeiro bloco de retrospectiva. Em 1995, Romano participou pela primeira vez do Late Show, apresentado por David Letterman. O humorista chamou a atenção do apresentador, que, à frente de uma produtora, buscava novos projetos cômicos. Letterman gravou um depoimento para o especial relatando que, logo depois da entrevista, sua equipe se apressou para garantir os direitos sobre qualquer futuro programa estrelado por Romano.
O passo seguinte foi um encontro às cegas entre o comediante e Rosenthal, ainda um potencial showrunner. Durante o jantar, Romano descreveu elementos de sua vida que se tornariam o esqueleto do enredo: gêmeos meninos, uma filha mais velha, pais que moravam a poucos metros e um irmão ressentido. O momento decisivo ocorreu quando o ator lembrou que seu próprio irmão costumava resmungar: “Nunca acaba para o Raymond… Todo mundo ama o Raymond”. A frase deu título à série e convenceu Rosenthal de que havia material de sobra para nove temporadas.
Episódios que nasceram da vida real
A redação do roteiro-piloto combinou relatos de Romano com experiências de Rosenthal. Segundo o criador, 90 % das histórias exibidas foram vivências dele, de Romano ou de outros roteiristas. Três capítulos exemplificam essa simbiose:
“Pilot” (1x01) — Para evidenciar o temperamento dos pais de Ray, Rosenthal recorreu a uma lembrança pessoal: um clube de frutas do mês que ele próprio enviara aos seus pais, provocando indignação semelhante à de Frank e Marie no episódio inaugural.
“The Tenth Anniversary” (4x16) — O roteirista Aaron Shure admitiu que gravou por cima da fita de vídeo de seu próprio casamento. Na versão televisiva, Ray substitui a gravação da cerimônia por um Super Bowl, gerando caos conjugal durante as bodas de dez anos.
“The Angry Family” (6x01) — A inspiração veio de uma tarefa escolar real. O filho de Rosenthal, Ben, escreveu e ilustrou um livreto intitulado The Angry Family. Quando o trabalho foi lido em sala de aula, todos os olhares recaíram sobre os pais, espelhando a trama que abriria a sexta temporada.
Capítulos inesquecíveis para elenco e equipe
Cada participante teve a chance de citar os episódios favoritos que ainda ecoam anos após o fim da série. Rosenthal mencionou sua predileção pelos capítulos em flashback, com destaque para “How They Met” (3x26), que narra o primeiro encontro de Ray e Debra. Romano escolheu “Talk to Your Daughter” (6x19), no qual o protagonista tenta conversar sobre sexualidade com Ally e acaba debatendo o sentido da vida. Heaton lembrou “Baggage” (7x22), episódio em que um jogo de resistência decide quem guardará uma mala. Garrett citou dois momentos centrados em Robert: “She’s the One” (7x09), famoso pela cena em que sua acompanhante engole uma mosca, e “Lucky Suit” (6x16), quando Marie sabota uma entrevista do filho no FBI. Horan e os irmãos Sweeten completaram a lista com, respectivamente, “Pat’s Secret” (9x15), “Marie’s Sculpture” (6x05) e “The Finale” (9x16).
Homenagens a Doris Roberts e Peter Boyle
Logo no início do reencontro, Romano e Rosenthal esclareceram que não existe plano de reboot. O motivo, segundo eles, é a ausência de três integrantes fundamentais: Doris Roberts (Marie), Peter Boyle (Frank) e Sawyer Sweeten (Geoffrey). Durante o tributo, fotografias dos atores falecidos foram projetadas, e Rosenthal revelou que mais de 100 atrizes fizeram teste para o papel de Marie, todas lendo a cena da assinatura do clube de frutas. “Nenhuma se aproximou de Doris”, ressaltou o produtor, lembrando que a atriz encarnava com perfeição a personalidade inspirada em sua própria mãe.
Romano contou um episódio ocorrido nos bastidores do piloto. Nervoso, ele cruzou com Boyle nos corredores do set. Sem trocar uma palavra prévia, o colega de elenco o parou perto do sofá da sala cenográfica e aconselhou: “É como água. Deixe fluir”. O conselho, relatou Romano com lágrimas nos olhos, tornou-se um mantra para sua atuação. Ele também mencionou a faceta erudita de Boyle, classificando-o como um homem renascentista e recordando o fato curioso de que John Lennon foi padrinho de seu casamento.
Um tributo a Sawyer Sweeten e a prevenção do suicídio
Na sequência dedicada aos irmãos Sweeten, Madylin e Sullivan comentaram sobre a morte de Sawyer em 2015, aos 19 anos. Sullivan afirmou que procura reter as lembranças felizes vividas no set, enquanto Madylin aproveitou a visibilidade do programa para divulgar dados de saúde pública: o suicídio é a segunda causa de morte entre 18 e 25 anos, mas 90 % das pessoas que buscam tratamento conseguem se recuperar. A família atua em parceria com a National Suicide Prevention Hotline e incentiva quem precise de ajuda a procurar o serviço.
Participações especiais e lembranças de bastidores
Além do elenco principal, o especial contou com intervenções gravadas de personalidades ligadas à trajetória do programa. David Letterman relembrou o impulso inicial ao contratar Romano, enquanto Chris Elliott (Peter, irmão de Amy) e Sherri Shepherd (a parceira policial de Robert) enviaram mensagens aos fãs. No palco, um espectador arrancou de Brad Garrett a repetição da famosa dança de “Robert’s Date”, arrancando aplausos da plateia.
Ao final, Rosenthal convidou dezenas de ex-membros da produção e atores convidados a subir ao palco. Entre os reconhecidos estavam Fred Stoller (primo Gerard), Alex Meneses (Stefania, namorada italiana de Robert), Amy Aquino (a adversária Peggy) e Andy Kindler (amigo Andy). O produtor agradeceu a todos repetindo a frase que dizia a Romano nos bastidores das nove temporadas: “Obrigado pela boa vida”.
Disponibilidade e planos futuros
Após a exibição na CBS, o especial Everybody Loves Raymond: 30th Anniversary Reunion passou a estar disponível para streaming na plataforma Paramount+ a partir da manhã seguinte. Os organizadores reforçaram que a reunião foi planejada como celebração pontual, sem intenção de originar novos episódios. Para Rosenthal, manter a obra intacta é uma forma de respeitar não apenas a memória dos atores falecidos, mas também o público que acompanha a família Barone há três décadas.

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