EUA cancelam visto de Gustavo Petro após discurso na ONU

EUA cancelam visto de Gustavo Petro depois que o presidente colombiano pediu, em Nova York, que militares norte-americanos desobedecessem ordens do então mandatário Donald Trump. O Departamento de Estado classificou a fala como “imprudente e incendiária”.
Petro participava da Assembleia Geral da ONU quando, na sexta-feira (20), discursou num protesto pró-Palestina. Já a caminho de Bogotá, soube pela imprensa local que seu visto diplomático fora revogado.
EUA cancelam visto de Gustavo Petro após discurso na ONU
Em vídeo publicado nas redes sociais, o líder colombiano empunhou um megafone e conclamou a criação de um “exército de salvação mundial” cuja primeira missão seria “libertar a Palestina”. Ele exortou os soldados dos Estados Unidos a “não apontarem seus rifles para a humanidade” e a “desobedecerem a ordem de Trump”.
Na mesma intervenção, comparou a postura de Washington à de potências na Primeira Guerra Mundial e incentivou jovens de origem operária nos EUA e em Israel a voltarem suas armas “contra tiranos e fascistas”. A reação do governo norte-americano foi imediata: em nota oficial, o Departamento de Estado afirmou que Petro “incitou violência e estimulou membros das Forças Armadas dos EUA a descumprirem ordens superiores”.
As tensões vinham crescendo desde que, dois dias antes, Petro pedira investigação criminal sobre bombardeios norte-americanos a embarcações suspeitas de tráfico de drogas no Caribe. Durante seu discurso na ONU, ele declarou que os ataques não combatem o narcotráfico, mas servem ao propósito de “dominar a Colômbia e a América Latina” por meio da força.
Em manifestação na rede X, o ministro do Interior colombiano, Armando Benedetti, criticou a decisão americana e sugeriu que o visto do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, é que deveria ter sido anulado. Já Washington insiste que as operações aéreas integram esforço antidrogas próximo à costa da Venezuela, apontada pela Casa Branca como sede de um cartel.
O episódio ocorre na mesma semana em que os EUA também negaram vistos ao presidente palestino Mahmoud Abbas e a 80 autoridades palestinas, impedindo-os de participar da Assembleia da ONU – medida inédita que especialistas, como os citados pela BBC (confira a análise), veem como sinal do endurecimento diplomático.
Com o visto revogado, Gustavo Petro poderá voltar aos Estados Unidos apenas mediante nova autorização consular, processo que tende a aprofundar o atrito entre a primeira gestão de esquerda na história colombiana e o governo Trump.
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Crédito da imagem: Stuart Lau/Ian Aikman
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