Estação Espacial Internacional registra ocupação simultânea de todas as oito portas de acoplamento

A Estação Espacial Internacional alcançou um marco inédito ao ficar, pela primeira vez, com todas as suas oito portas de acoplamento ocupadas simultaneamente, evento que ocorre a cerca de cinco anos do encerramento definitivo das operações da plataforma orbital.
- Por que a Estação Espacial Internacional teve todas as portas ocupadas
- Quais naves estão agora ligadas à Estação Espacial Internacional
- Como a manobra com a Cygnus XL completou a configuração inédita
- Cronograma de missões da Estação Espacial Internacional até 2030
- O que acontecerá com a Estação Espacial Internacional após a aposentadoria
Por que a Estação Espacial Internacional teve todas as portas ocupadas
O feito reflete a rotina de chegada e partida de veículos que mantêm o laboratório em pleno funcionamento. Mesmo diante da contagem regressiva para a aposentadoria, programada para o fim de 2030, a estação continua recebendo missões de suprimentos, revezamentos de tripulação e experimentos científicos. A ocupação total das oito portas evidencia a cadência de logística necessária para sustentar pesquisas de biologia, física e outras áreas durante os 365 dias do ano.
Operando de forma ininterrupta desde 2000, a estação depende de um fluxo constante de naves tripuladas e de carga. Cada porta de acoplamento serve como ponto vital para transferir equipamentos, remover resíduos e garantir a presença contínua de astronautas e cosmonautas. O uso simultâneo de todos esses acessos demonstra a complexidade da coordenação entre diferentes agências espaciais, incluindo NASA, Roscosmos, JAXA e empresas privadas.
No momento do recorde, a configuração inclui oito veículos de parceiros variados:
Duas naves Dragon da SpaceX – uma versão de carga e outra projetada para transporte humano. Ambas desempenham papéis complementares, levando suprimentos essenciais e possibilitando o revezamento seguro de astronautas.
Uma cápsula Cygnus XL – dedicada a reabastecimento de longa permanência. Seu compartimento pressurizado carrega equipamentos científicos, alimentos e itens de manutenção, permanecendo acoplada por mais tempo que outras naves do mesmo tipo.
Uma HTV-X1 da JAXA – veículo de carga que assegura a participação japonesa na logística da estação. Além de insumos, pode levar experimentos desenvolvidos por pesquisadores do Japão.
Duas Soyuz da Roscosmos – responsáveis pelo transporte de tripulações. Após o fim das missões dos ônibus espaciais, a Soyuz se manteve como principal meio de ida e volta de humanos à órbita até a entrada das naves comerciais norte-americanas.
Duas Progress da Roscosmos – cargueiros automáticos empregados na entrega de provisões e, posteriormente, na remoção de lixo; elas queimam na atmosfera ao final da missão.
A diversidade de sistemas engajados ilustra o caráter internacional e cooperativo da plataforma, que, mesmo às vésperas da desativação, segue integrando esforços de múltiplos países.
Como a manobra com a Cygnus XL completou a configuração inédita
O preenchimento da última porta aconteceu após uma operação remota conduzida pelo controle de missão em Houston. A Cygnus XL foi desengatada, deslocada com o auxílio do braço robótico da própria estação e, em seguida, reacoplada a outra interface. A manobra, realizada sem presença direta de tripulantes na parte externa, distribuiu as naves de forma a otimizar espaço e garantir redundância na circulação interna.
A Cygnus deve permanecer conectada até, pelo menos, março de 2026. Quando for liberada, carregará aproximadamente 11 mil libras de resíduos e itens descartados, destruindo-os durante a reentrada. Essa estratégia reduz a quantidade de detritos em órbita e mantém o ambiente habitável para futuras missões até o encerramento das atividades em 2030.
Cronograma de missões da Estação Espacial Internacional até 2030
Enquanto o complexo orbital se aproxima do limite de sua vida útil, o planejamento de expedições permanece intenso. A Expedição 73, atualmente em andamento, conta com 10 tripulantes empenhados em estudos de biologia e física. Eles se concentram, entre outras tarefas, em experimentos relacionados ao comportamento de fluidos e tecidos humanos em microgravidade.
Na última semana, a Soyuz MS-28 acrescentou três integrantes ao contingente: o astronauta da NASA Chris Williams e os cosmonautas Sergey Kud-Sverchkov e Sergei Mikaev. A missão dessa nova equipe se estenderá até julho de 2026, período em que avaliarão os efeitos do espaço na microcirculação de mãos e pés, pesquisa relevante para medicina espacial e para futuras viagens de longa duração.
Dentro de alguns dias, espera-se a conclusão da Expedição 73. Três membros deixarão a estação em 8 de dezembro, reduzindo o grupo a sete pessoas e marcando o início da Expedição 74. Esse revezamento constante garante conhecimento acumulado e continuidade dos experimentos, mesmo quando parte da tripulação retorna à Terra.
Os compromissos futuros incluem a permanência do cargueiro Cygnus, a chegada de novas cápsulas Dragon e o prosseguimento das missões russas Progress e Soyuz, que manterão o abastecimento e o rodízio humano até a data de aposentadoria.
O que acontecerá com a Estação Espacial Internacional após a aposentadoria
Os primeiros módulos do laboratório orbital foram lançados em 1998. Ao concluir as operações em 2030, a estação terá ultrapassado em dois anos a vida útil originalmente prevista. Por razões de segurança estrutural, o consórcio de agências planeja realizar uma reentrada controlada no início de 2031, direcionando os destroços para uma área remota do Oceano Pacífico.
Não existe projeto de substituição direta pela esfera governamental. A NASA aposta em iniciativas comerciais para manter presença em órbita baixa. Entre elas, destaca-se a Haven-1, da empresa Vast, com lançamento pretendido para 2026. A estrutura comercial deverá oferecer cerca de 45 m³ de volume pressurizado, número muito inferior aos aproximadamente 900 m³ da ISS, mas suficiente para experimentos privados e validação de tecnologias.
Paralelamente, a agência norte-americana concentra recursos no programa Artemis, que busca levar humanos de volta à Lua, e na construção da Lunar Gateway, estação que servirá de apoio para missões lunares. Esse rearranjo de prioridades sinaliza um novo passo na exploração espacial, enquanto o legado científico acumulado pela ISS será transferido aos futuros complexos.
Antes da saída planejada de três tripulantes em 8 de dezembro e da consequente passagem para a Expedição 74, a Estação Espacial Internacional seguirá operando com suas oito naves acopladas, mantendo a agenda de experimentos e logística que sustenta a exploração humana contínua no espaço.

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