Efeito Rumpelstiltskin: diagnóstico que favorece a cura. Dar nome a uma condição de saúde, física ou mental, pode reduzir a ansiedade do paciente e acelerar o início do tratamento, aponta artigo recém-publicado no BJPsych Bulletin.
O estudo detalha como o simples ato de identificar e rotular um problema — prática batizada de Efeito Rumpelstiltskin — cria sensação imediata de controle. A estratégia já é aplicada em psicoterapia, mas os autores defendem que ela deve ser reconhecida como intervenção terapêutica também na medicina geral.
Efeito Rumpelstiltskin: diagnóstico que favorece a cura
Inspirado no conto dos Irmãos Grimm, em que conhecer o nome do duende quebra um pacto maléfico, o princípio mostra que saber “o que se tem” reorganiza sintomas soltos em uma narrativa coerente. Entre os principais benefícios listados estão:
• Fornecer uma lente clínica para reinterpretar experiências confusas ou estigmatizadas;
• Diminuir a ambiguidade ao agrupar sinais dispersos em um quadro definido;
• Fortalecer a conexão entre pessoas que compartilham o mesmo diagnóstico;
• Desencadear efeitos semelhantes ao placebo, como alívio, esperança e expectativa positiva de recuperação.
Segundo o psiquiatra Awais Aftab, da Case Western Reserve University, parte da melhora já começa antes de qualquer medicação, pois o diagnóstico oferece explicação objetiva para o sofrimento. Em entrevista à PsyPost, ele ressaltou que “o simbólico, o cultural e a narrativa estão entrelaçados na estrutura da medicina”.
Os autores alertam, contudo, que nomear nem sempre é vantajoso. Rótulos podem carregar estigma ou criar expectativas negativas. Por isso, a decisão deve considerar metas individuais: o que o paciente espera ganhar com o diagnóstico e se suas necessidades seriam atendidas sem ele.
Para profissionais de saúde, o Efeito Rumpelstiltskin destaca a importância de discutir abertamente o impacto emocional do diagnóstico, alinhando expectativas e evitando que o nome da doença se torne um fardo adicional.
No Brasil, práticas que unem ciência e empatia ao cuidar da saúde mental ganham espaço. Se você se interessa por avanços semelhantes, confira mais conteúdos na editoria de Ciência e tecnologia e acompanhe nossas atualizações.
Crédito da imagem: Nicoleta Ionescu / Shutterstock