Diferença entre lhamas e alpacas: guia completo para reconhecer cada espécie

Diferença entre lhamas e alpacas: guia completo para reconhecer cada espécie
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Introdução: dois camelídeos que parecem iguais, mas não são

À primeira vista, lhamas e alpacas costumam ser confundidas. Ambas apresentam pescoço longo, pelagem abundante e vivem em rebanhos, compondo a paisagem dos altiplanos andinos e, mais recentemente, de fazendas em várias partes do mundo. No entanto, cada uma pertence a uma espécie distinta da família Camelidae e carrega história evolutiva, funções econômicas e características físicas próprias. Conhecer essas diferenças é essencial para o manejo adequado dos animais e para a correta identificação por turistas, criadores e pesquisadores.

Quem são: classificação científica e parentesco

Lhama (Lama glama) e alpaca (Lama pacos ou Vicugna pacos) descendem de ancestrais comuns que surgiram no oeste da América do Norte. Esse grupo primitivo migrou em duas direções durante a última Era do Gelo: alcançou a Ásia pelo corredor terrestre de Bering, originando os camelos de uma e duas corcovas, e avançou para a América Central e do Sul, onde deu origem às formas atuais, incluindo os parentes selvagens guanaco e vicunha. Assim, lhamas e alpacas compartilham raízes, mas trilharam caminhos de domesticação distintos ao longo de milênios.

Onde tudo começou: rota evolutiva e retorno simbólico

Os registros fósseis indicam que os primeiros camelídeos existiram em território que hoje corresponde aos Estados Unidos. Daí, expandiram-se antes que os continentes se separassem completamente. Atualmente, encontrar lhamas e alpacas em fazendas norte-americanas representa, de certa forma, um retorno ao ponto de origem evolutivo do grupo, ainda que sua domesticação posterior tenha ocorrido na Cordilheira dos Andes, a milhares de quilômetros ao sul.

Quando: cronologia da domesticação

Pesquisas arqueozoológicas situam o início da criação controlada desses animais entre 6 000 e 7 000 anos atrás, nas terras altas andinas. Evidências genéticas sugerem que lhamas foram domesticadas a partir do guanaco, enquanto alpacas derivam da vicunha. Apesar de ainda ocorrer debate sobre detalhes dessa linhagem, a distinção geral é aceita. A separação funcional estabelecida pelos povos pré-colombianos moldou o porte, o comportamento e a qualidade da fibra de cada espécie.

O que as diferencia: comparação de tamanho e anatomia externa

A primeira pista de identificação é o porte corporal. Dados consolidados em instituições de pesquisa zootécnica apontam que:

Lhama – peso de 130 a 200 kg e cerca de 1,15 m de altura na cernelha (ponto mais alto do dorso).

Alpaca – peso de 45 a 80 kg e aproximadamente 0,90 m na cernelha.

Mesmo a maior alpaca não se aproxima da menor lhama no quesito massa. Além do tamanho, a cabeça oferece sinais claros. A lhama exibe orelhas longas e curvadas, lembrando bananas, e um rosto alongado. Já a alpaca apresenta orelhas curtas, em forma de gota ou pera, e focinho mais compacto. Esses traços faciais permitem identificação rápida, mesmo à distância.

Textura que veste: diferenças na pelagem

A fibra produzida por cada espécie varia em espessura, maciez e aplicação industrial. A alpaca fornece uma lã fina, sedosa e homogênea, altamente valorizada na confecção de roupas que ficam em contato direto com a pele, como malhas térmicas, mantas e ponchos. A lhama, por sua vez, gera um pelo mais grosso e áspero, adequado a têxteis de menor exigência ao toque, embora existam variações individuais. A superior qualidade da fibra de alpaca explica sua posição de destaque na economia têxtil andina.

Como foram utilizadas: funções históricas distintas

A robustez da lhama determinou seu emprego secular como animal de carga. Povos como os incas dependiam dela para transportar mercadorias – do milho às pedras usadas em construções – por trilhas íngremes e altitudes que inviabilizavam o uso de carros. Além disso, o esterco de lhama, rico em nutrientes, passou a servir de fertilizante para a agricultura em solos de grande altitude.

A alpaca, em contrapartida, foi aperfeiçoada para produção de fibra de alto valor. Sua lã extremamente quente e leve mantém populações andinas protegidas do frio e se tornou recurso econômico estratégico, apreciado tanto em mercados locais quanto em exportações.

Comportamento: vigilância versus timidez

O temperamento reforça a segmentação funcional. Observadores de campo relatam que lhamas tendem a ser vigilantes e protetoras. Quando percebem risco ao rebanho, frequentemente se posicionam entre a ameaça e os demais animais. Essa postura favorece seu uso como guardiãs de outros herbívoros domésticos em fazendas.

Alpacas, em comparação, costumam ser tímidas e evitam confronto. Diante de distúrbios, preferem manter distância. Mesmo assim, ambas as espécies revelam inteligência e capacidade de aprendizado, aceitando comandos de manejo e interagindo de forma dócil com tratadores e visitantes.

Por que o ser humano selecionou essas características

A escolha entre força física e qualidade de fibra decorreu das necessidades concretas dos povos andinos. Em territórios montanhosos, rotas comerciais exigiam animais que carregassem peso sem depender de rodas. A lhama, maior e mais musculosa, respondeu a essa demanda. Em paralelo, a escassez de madeira para vestimentas pesadas e as baixas temperaturas das altitudes estimularam o desenvolvimento de tecidos finos, leves e isolantes; a alpaca atendeu a essa exigência com sua lã superior.

Informações secundárias que reforçam a identificação

Alguns indícios complementares ajudam a diferenciar rapidamente os dois camelídeos:

Formato do corpo – lhamas apresentam dorso mais alongado e pernas proporcionalmente maiores que as da alpaca, adequadas a caminhadas extensas.

Expressão facial – a cabeça da alpaca costuma parecer mais arredondada e “fofa”, enquanto a da lhama é alongada e angular.

Uso do esterco – agricultores tradicionais valorizam o esterco de lhama como insumo agrícola; o de alpaca é menos citado para essa finalidade nos registros históricos.

Presença global contemporânea

Com o interesse crescente por turismo rural e fibras de luxo, rebanhos de lhamas e alpacas passaram a ser criados fora da América do Sul, especialmente na América do Norte e na Europa. Em muitos casos, as fazendas utilizam lhamas como animais de guarda de ovinos ou caprinos enquanto mantêm alpacas para tosquia anual.

Resumo das principais diferenças funcionais

Quem busca um animal de carga, robusto e disposto a proteger o rebanho tende a escolher uma lhama.

Quem precisa de fibra têxtil fina, macia e termicamente eficiente prefere criar alpacas.

Essas preferências refletem milênios de seleção, ajustando constituição física, temperamento e pelagem às demandas humanas.

Considerações finais de observação prática

Para identificar rapidamente cada espécie, observe em primeiro lugar o tamanho e o formato das orelhas. Se ainda restar dúvida, avalie a textura da pelagem e o comportamento diante de estímulos externos. Esses parâmetros, derivados de diferenças genéticas e de manejo histórico, continuam evidentes mesmo nos rebanhos modernos espalhados pelo mundo.

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