Dia Nacional da Astronomia ressalta legado de Dom Pedro II e antecipa celebração de seu bicentenário

Dia Nacional da Astronomia ressalta legado de Dom Pedro II e antecipa celebração de seu bicentenário

No próximo dia 2 de dezembro, o Brasil volta a celebrar o Dia Nacional da Astronomia, data oficializada em 2017 pela Lei Federal nº 13.556, mas já tradicional para comunidades de observadores do céu muito antes de sua inclusão no calendário oficial. O momento coincide, todos os anos, com o aniversário de Dom Pedro II, reconhecido como patrono da Astronomia no país. Em 2025, esse aniversário alcançará a marca de duzentos anos, acrescentando um componente histórico de grande relevo às comemorações previstas. Para discutir a trajetória do último imperador e sua relação direta com a ciência, a edição desta sexta-feira do programa Olhar Espacial recebe a analista de sistemas e astrônoma amadora Alexia Lage, que atua, há uma década, na divulgação de conteúdos sobre o Universo.

Índice

Uma data instituída por lei, mas vivida nas praças e observatórios

A promulgação da lei que garante caráter oficial ao Dia Nacional da Astronomia completou oito anos em 2023. O texto legal consolidou aquilo que já se praticava informalmente entre clubes de astronomia e grupos de observadores, que escolheram 2 de dezembro em referência direta ao nascimento de Dom Pedro II. Mesmo antes da legislação, telescópios se reuniam em praças públicas, escolas programavam sessões de observação e associações científicas dedicavam palestras para marcar o calendário não oficial. A oficialização, portanto, serviu mais como reconhecimento estatal do que como criação de um evento novo.

Dom Pedro II: o governante que transformou o terraço do Palácio em laboratório

Dom Pedro II, último imperador do Brasil, nutria interesse pessoal pela observação dos astros. Esse envolvimento extrapolou a curiosidade e se materializou na instalação de um observatório no terraço do Paço de São Cristóvão, residência oficial onde ele vivia. O espaço, equipado com instrumentos de época, servia de ponto de encontro para estudantes, convidados com frequência para sessões noturnas em que o monarca compartilhava noções básicas de Astronomia e demonstrava o funcionamento dos equipamentos. Dessa forma, a residência imperial tornou-se também sala de aula e ponto de divulgação científica.

Além da estrutura no Rio de Janeiro, o imperador promoveu expedições e investiu em estudos astronômicos. Um exemplo marcante foi o Observatório Pedro II, montado na Ilha de São Thomas, no Caribe, com a finalidade de registrar o trânsito de Vênus em 1882. O evento, relevante para cálculos de distância entre a Terra e o Sol, contou com participação brasileira sob a inspiração direta do imperador, que acompanhava avanços científicos da época por meio de correspondência com instituições e pesquisadores estrangeiros.

Relações internacionais e presença em eventos científicos

O interesse de Dom Pedro II ia além das fronteiras nacionais. Ele mantinha contato epistolar com nomes de destaque na Astronomia do século XIX. Entre eles estavam o francês Urbain Le Verrier, responsável pelo cálculo que levou à descoberta de Netuno, e Nicolas Camille Flammarion, popularizador da Astronomia mundialmente. O diálogo constante com esses pesquisadores reflete o engajamento direto do monarca em debates científicos. Quando viajantes estrangeiros apresentavam novidades instrumentais ou teóricas, o imperador fazia questão de comparecer a demonstrações públicas e congressos, reforçando sua posição como incentivador da ciência.

Bicentenário previsto para 2025 amplia a relevância das celebrações

A aproximação dos 200 anos do nascimento de Dom Pedro II, a serem comemorados em 2025, projeta um incremento de atividades voltadas ao resgate histórico de sua contribuição para a Astronomia. Escolas, planetários e associações já iniciam planejamento de exposições, cursos e mostras fotográficas que pretendem conectar as novas gerações a episódios como a montagem de campanas para registrar o trânsito de Vênus e as sessões públicas no Paço de São Cristóvão. O bicentenário deverá reforçar, ainda, a importância de se compreender a ciência como ferramenta de construção nacional, ideia defendida pelo imperador em diferentes momentos de sua vida pública.

Alexia Lage: dez anos de divulgação e pesquisa amadora

Convidada do Olhar Espacial, Alexia Lage dedica-se à astronomia desde 2013. Nesse período, passou a produzir conteúdos na coluna intitulada “Largue o cel e olhe para o céu”, hospedada no blog Sky and Observers. Sua atuação se expandiu para outras iniciativas, entre elas a cofundação do canal AstroNEOS, no YouTube, onde aborda temas ligados a asteroides e objetos próximos à Terra.

A convidada também integra o Grupo de Reconhecimento e Estudos do Céu (GREC), ligado ao Centro de Estudos Astronômicos de Minas Gerais (CEAMIG). Na função de coordenadora, participa da organização de campanhas observacionais, oficinas sobre construção de mapas celestes e eventos de treinamento para manuseio de telescópios, práticas que dialogam com a herança de Dom Pedro II na promoção da observação direta como ferramenta de aprendizagem.

Formato do programa e mediação de Marcelo Zurita

A conversa com a astrônoma amadora será conduzida por Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia, membro da Sociedade Astronômica Brasileira, diretor técnico da Bramon e coordenador nacional do Asteroid Day Brasil. O programa vai ao ar todas as sextas-feiras às 21 h (horário de Brasília) e é distribuído simultaneamente pelos canais oficiais da produção no YouTube, Facebook, Instagram, X, LinkedIn e TikTok. Esse modelo multiplataforma busca ampliar o alcance do conteúdo, facilitando o acesso de públicos diversos às discussões sobre ciência.

Participação brasileira na medição da distância Terra-Sol

Entre as iniciativas científicas apoiadas por Dom Pedro II, destaca-se o empenho nacional para a determinação da distância entre a Terra e o Sol, tarefa que mobilizou observatórios de vários países no final do século XIX. A instalação temporária do Observatório Pedro II na Ilha de São Thomas foi parte desse esforço, dedicado a registrar com precisão o trânsito de Vênus em 1882. As observações coletadas compuseram banco de dados internacional utilizado para refinar os cálculos da unidade astronômica, parâmetro fundamental para a Astronomia.

Memória científica preservada e divulgada

O acervo relacionado às atividades astronômicas de Dom Pedro II reúne instrumentos, registros de observação e correspondências mantidos em instituições como o Museu Histórico Nacional. Esses materiais compõem referências para estudos sobre o desenvolvimento da Astronomia no Brasil, demonstrando como decisões políticas e interesse pessoal do imperador influenciaram a construção de infraestrutura científica no período.

Importância contemporânea do Dia Nacional da Astronomia

A data de 2 de dezembro funciona, hoje, como catalisador para iniciativas de inclusão científica. Observatórios escolares, clubes de ciência e planetários utilizam o Dia Nacional da Astronomia para oferecer oficinas, palestras e sessões públicas de observação, repetindo, em parte, a prática inaugurada por Dom Pedro II no Paço de São Cristóvão. Ao mobilizar esses atores, a comemoração reforça a formação de novos divulgadores e incentiva a atualização de equipamentos em instituições de ensino.

Com a proximidade do bicentenário do patrono, a programação preparada por entidades de pesquisa e canais de divulgação tende a ganhar densidade. O convite a Alexia Lage, feito pelo Olhar Espacial, reflete esse movimento de conjugar memória histórica e prática contemporânea, proporcionando ao público panorama que conecta passado, presente e projeções futuras para a Astronomia brasileira.

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