Datacenter do TikTok no Ceará enfrenta protesto indígena

Datacenter do TikTok no Ceará enfrenta protesto indígena logo após a comunidade Anacé formalizar, no fim de agosto, uma queixa às autoridades federais. No documento, os líderes exigem a suspensão imediata das obras em Caucaia, alegando que a instalação avança sobre território tradicional sem consulta prévia.

A estrutura, orçada em R$ 55 bilhões e viabilizada pela empresa de energia eólica Casa dos Ventos, deve iniciar operações em 2027. Entretanto, os indígenas afirmam que o licenciamento desrespeita a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho, que obriga a participação das populações afetadas.

Datacenter do TikTok no Ceará enfrenta protesto indígena

O cacique Roberto Ytaysaba Anacé disse ao portal Rest of World que a comunidade, presente na região desde 1600, nunca foi convidada a discutir o empreendimento. “Precisamos ser ouvidos antes que o solo seja perfurado”, declarou. Pelo menos sete lideranças já integram programas de proteção a defensores do meio ambiente após receberem ameaças.

Além da ausência de diálogo, os Anacé destacam possíveis danos hídricos em uma área historicamente sujeita à seca. Estimativas oficiais falam em 30 mil litros de água por dia para resfriar os servidores, mas o grupo contesta o número, citando estudos internacionais que apontam consumo entre 11 milhões e 19 milhões de litros diários em datacenters de porte semelhante.

Os protestos ganharam força no início de agosto, quando cerca de 150 manifestantes ocuparam a sede da Superintendência Estadual do Meio Ambiente. Caso a licença não seja revista, novas ações estão planejadas, incluindo bloqueios de rodovias e atos em repartições públicas.

Procurado, o TikTok não se manifestou sobre a falta de consulta. Já a Casa dos Ventos afirmou que o projeto segue “integralmente a legislação ambiental” e não invade “terras indígenas tituladas”. Movimentos semelhantes em outros países levaram empresas como Meta e Google a repensar datacenters diante de resistências locais.

Na visão dos Anacé, qualquer avanço sem diálogo representará “violação grave” de direitos. A comunidade diz continuar aberta a negociar, desde que as 1.500 famílias sejam incluídas no processo decisório e haja garantias de mitigação ambiental.

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Crédito da imagem: Getty Images

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